Existe um interesse crescente no estudo da variação entre países das valorações dos estados de saúde e alguma evidência recente sugere que os resultados de um país não têm necessariamente que ser transferidos para outros países. Nos últimos tempos tem-se assistido ao desenvolvimento de sistemas de valores dos instrumentos de medição de preferências mais utilizados, como o EQ-5D, o HUI e o SF-6D. Recentemente foi publicado um artigo com o sistema português de valores do SF-6D. No entanto, esse sistema de valores apresentava incoerências ao nível dos pesos de alguns níveis das seis dimensões do SF-6D. A correcção das incoerências permitiria melhorá-lo. O objectivo deste artigo é apresentar o sistema português de valores do SF-6D agora livre de incoerências e determinar as respectivas normas da população portuguesa dos 18 aos 64 anos.
MetodologiaForam identificados os níveis das dimensões que tinham incoerências. Esses níveis foram agregados e estimaram-se modelos parcimoniosos pelas equações de estimação generalizadas. As normas portuguesas para os indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos para o SF-6D foram obtidas a partir da aplicação dos resultados do melhor modelo parcimonioso aos dados de uma amostra aleatória da população portuguesa dos 18 aos 64 anos (n = 2.459) a quem tinha sido aplicado o SF-36v2.
ResultadosA agregação de alguns níveis do SF-6D onde se verificavam incoerências permitiu obter um sistema português de valores para o SF-6D. No entanto, ainda se verificam problemas ao nível da subestimação nalguns estados de saúde graves.
A utilidade média dos estados de saúde da população activa portuguesa situou-se em 0,81 (associada a um desvio padrão de 0,12). Calcularam-se as normas portuguesas do SF-6D relativas à população dos 18 aos 64 anos por género, grupo etário, estado civil e nível habilitacional, tendo-se observado valores mais baixos de utilidade nas mulheres, nos indivíduos mais velhos, nos indivíduos com um nível mais baixo de instrução, nos viúvos e nos indivíduos residentes em zonas rurais.
ConclusãoEsta investigação demonstra que é possível obter sistemas de pesos para a medição da qualidade de vida relacionada com a saúde. Este modelo melhora significativamente os resultados apresentados anteriormente, embora ainda subsistam limitações ao nível da subestimação nalguns estados de saúde graves. As normas portuguesas são úteis para contextualizar os valores obtidos pelo SF-6D e permitir uma interpretação dos resultados de investigação obtidos.
There has been an increasing interest in the study of the health state valuations across countries. Evidence suggests that health state valuations may differ from country to country. In recent years there has been increasing interest in surveys conducted to obtain value sets for the most used preference-based instruments, such as the EQ-5D, the HUI and the SF-6D. A Portuguese value set for the SF-6D was recently published. However this system weight had some inconsistencies in what concerned the weights of the six dimensions of the SF-6D. The correction of these inconsistencies would improve the value set. This study seeks to present the Portuguese system weight for the SF-6D without inconsistencies. It also aims at providing Portuguese norms for individuals aged 18–64 for the SF-6D.
MethodsInconsistencies were found in some levels of the dimensions of the SF-6D. These levels were aggregated and parsimonious models were estimated through generalized estimating equations. The data used to obtain the Portuguese norms for individuals aged 18–64 came from a random sample of the Portuguese population aged 18–64 (n=2,459). The SF-36v2 was applied to this sample and results from the best parsimonious model were used to obtain the Portuguese norms for individuals aged 18–64.
ResultsAggregating levels of each dimension whenever inconsistencies occurred enabled to obtain a Portuguese system weight for the SF-6D. However there are still some problems of under prediction in some states assigned to poor health.
The mean utility value obtained for the Portuguese working age population was 0.81 (associated with a standard deviation of 0.12). Portuguese norms for the SF-6D for individuals aged 18–64 were computed by gender, age, marital status and educational level. Lower levels of utilities were observed in women, the elderly, individuals with low educational level, widowed and individuals living in rural areas.
ConclusionThis research demonstrates that it is possible to estimate preference weights for measuring health related quality of life. This model improves significantly the results previously presented. There is still evidence of under prediction in some states. The Portuguese norms play an important role in the interpretation of research results.