A remissão parcial ou total da diabetes mellitus tipo 2 com a cirurgia bariátrica tem levado a uma prolífera investigação sobre o tema na tentativa de identificar os mecanismos subjacentes a este fenómeno. Nesta carta ao editor1 relata-se um caso de remissão da diabetes mellitus tipo 2 com suspensão da insulinoterapia após realização de uma gastrectomia vertical calibrada. Trabalhos recentes2,3 têm vindo a chamar a atenção para a importância da restrição calórica, facto até há pouco tempo pouco valorizado. Os trabalhos de Lingvay et al.4 mostraram resultados similares ou mesmo superiores aos do bypass gástrico com uma ingestão calórica equivalente à do pós-operatório dos doentes submetidos a este tipo de cirurgia. Falta, porém, à terapêutica médica a capacidade de manter a redução da ingestão calórica a longo prazo, no entanto estes trabalhos tiveram como objetivo uma prova de conceito. Para além disso, vários autores5–7 sugerem que a recessão do antro e a aceleração do esvaziamento gástrico tenham um papel importante nos resultados da gastroplastia vertical em manga, com alterações a nível dos peptídeos gastrointestinais que poderão contribuir para a resolução da diabetes, à semelhança do que se passa com o bypass gástrico. Este caso clínico vem chamar a atenção para os resultados conseguidos com este tipo de cirurgia na melhoria e mesmo remissão da diabetes. Mas a grande mensagem desta carta é alertar os médicos para a importância de considerarem a opção da cirurgia bariátrica em pessoas com diabetes mellitus tipo 2 com IMC superior a 35kg/m28, que não consigam a perda de peso e o bom controlo metabólico com a terapêutica médica, pois o benefício conseguido no controlo da diabetes é, na maior parte dos casos, muito grande.
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