Doente sexo masculino, 19 anos, enviado à consulta por dor e diminuição da força muscular do antebraço e mão direita durante o exercício, nomeadamente a tocar viola. Antecedentes pessoais de costela cervical bilateral, conhecida desde a infância. Sem outros antecedentes pessoais ou familiares relevantes. Ao exame físico apresentava costela cervical bilateral palpável e sopro supraclavicular à direita, exacerbado pela hiperabdução do membro ipsilateral. Os testes de Adson, Elvey e Elevated Arm Stress Test (EAST) eram positivos à direita. A electromiografia do Cutâneo medial do antebraço foi positiva. O ecodoppler revelava aceleração das velocidades de fluxo, aumentadas pela abdução do membro a 130°. A radiografia de tórax revelou costela cervical bilateral completa, com articulação com a 1ª costela (fig. 1). A angio-TC evidenciou compressão da artéria subclávia direita no desfiladeiro torácico, pela costela cervical, agravada pela abdução, com dilatação pós-estenótica minor, sem lesão da íntima e sem trombo mural – Estádio I da Classificação Scher (fig. 2). O doente foi submetido a tratamento cirúrgico, sob anestesia geral e por abordagem supra-clavicular direita. Foi realizada escalenectomia anterior e média, neurólise do plexo braquial e exérese de costela cervical. Foi evidente a dilatação pós-estenótica da artéria subclávia (fig. 3). O pós-operatório decorreu sem complicações, com alta ao 2° dia. Decorridos 6 meses após a cirurgia, o doente retomou actividade normal do membro superior, completamente assintomático.
A presença de costela cervical ocorre em 0,74% da população, com um ratio feminino: masculino de 7:3. São incompletas em 70% dos casos e completas em 30%. 50% dos indivíduos com costelas completas são sintomáticos.
Existem três tipos de síndrome do desfiladeiro torácico: neurológico, o mais comum, ocorrendo em mais de 95% dos casos, venoso, em 2–3% e arterial, o mais raro, que corresponde a menos de 1% das situações. O tipo arterial associa-se a costela cervical em 2/3 dos casos. O tratamento é cirúrgico e depende do grau de lesão arterial. Para doentes em estádio I de Scher, a descompressão é suficiente, com excelentes resultados, verificando-se regressão da dilatação pos-estenótica ao fim de um ano.