A RPEDM encontra‐se viva e de óptima saude. O número de trabalhos recebidos é cada vez maior e maior também o número de trabalhos originais e de casos clínicos. Também os autores representam uma população muito alargada. Neste número temos uma série de casos clínicos raros mas de grande interesse para toda a comunidade médica. É o caso da adulta jovem com doença de Cushing, causa da sua infertilidade, e que chama a atenção para a importância da suspeita clinica. Dificilmente um doente com síndrome de Cushing chegará precocemente a uma consulta de endocrinologia se o seu médico de MGF, o seu ginecologista, ortopedista, dermatologista ou outra especialidade que o observe não pensar nesse diagnóstico. Também a descrição de um caso de hipertiroidismo neo natal transitório descrito pelos colegas da Unidade de Endocrinologia do Hospital Pediátrico de Coimbra vem alertar para as situações de risco aumentado de hipertiroidismo neonatal, importante de diagnosticar atempadamente devido à sua elevada mortalidade, e fazem uma revisão extremamente útil terminando com um algoritmo de atuação. Trata‐se de uma ferramenta extremamente útil para médicos de MGF, obstetras, pediatras, neonatologistas e endocrinologistas. Todos os casos clínicos descritos são extremamente interessantes e úteis pelo que agradecemos o seu envio e convidamos os colegas a continuar a submeter para publicação os casos que por algum motivo considerem dever partilhar com os leitores da RPEDM.
Também os colegas da MGF participam neste número com um estudo observacional, transversal das pessoas com diabetes mellitus tipo 2 seguidos numa Unidade de Saúde Familiar. A associação positiva encontrada pelos autores entre os valores de HbAic, o IMC, o tempo de duração da diabetes e o número de fármacos antidiabéticos prescritos, vem alertar para dois importantes factores, o aumento da longevidade contra a qual não queremos lutar e o papel da obesidade na diabetes e na dificuldade de controlo da doença. Daí a importância de responsabilizar e envolver a pessoa com diabetes no seu tratamento e a importância de evitar fármacos que promovam o ganho de peso quer para o tratamento da diabetes quer para o tratamento das comorbilidades associadas.
A demonstrar a adesão dos pediatras aos temas ligados à Endocrinologia, Diabetes e Doenças do Metabolismo temos ainda dois trabalhos originais: um estudo transversal dos adolescentes que participaram num rastreio promovido pela secção de Pediatria Ambiental da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, na cidade de Leiria, em que os autores comparam a prevalência encontrada em termos de sobrepeso e obesidade de acordo com as referências usadas, chamando a atenção para a importância da escolha criteriosa das referências a usar quer para a apresentação de resultados quer para a comparação com os dados da literatura e um estudo de avaliação e comparação das atitudes e comportamentos alimentares em crianças e adolescentes obesos referenciados a uma consulta hospitalar vs uma comunidade escolar, resultante da colaboração da Unidade de Nutrição do Serviço de Pediatria Centro H São João com a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da UP. Estes trabalhos revelam bem a preocupação da comunidade científica com o excesso de peso e obesidade na idade adulta e pediátrica e com as suas repercussões.
Também os artigos de revisão se preocupam com temas de grande pertinência, nomeadamente com o uso de androgénios anabolizantes e suplementos ergogénicos, alertando‐nos para uma realidade a que devemos estar atentos, detectando os sinais de alarme do seu uso.
Por fim mas não com menor importância, as formas familiares dos carcinomas não medulares da tiróide são objecto de um trabalho de revisão com protocolos de atuação, que nos vão com certeza auxiliar na nossa prática clinica e que revelam o interesse dos cirurgiões em colaborar com a SPEDM e com a RPEDM.
Congratulamo‐nos pois com a grande diversidade dos colaboradores da RPEDM quer a nível de especialidades quer a nível das várias regiões do país, enriquecendo a revista e traduzindo também a pluralidade dos nossos leitores. Finalmente e corroborando o que acabamos de dizer temos o enorme prazer de anunciar que a partir deste número a RPEDM é a revista oficial não só da SPEDM mas também da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO).