Objetivos: Avaliação da citotoxicidade de materiais utilizados em proteções pulpares diretas (Life®, White ProRoot® MTA e Biodentine™) in vitro e respetivo estudo comparativo.
Materiais e métodos: A linha celular de fibroblastos humanos (HFF1) foi incubada com diferentes diluições de Life®, White ProRoot® MTA e Biodentine™, utilizando a metodologia dos meios condicionados segundo a norma ISO 10993‐5, durante 24, 72 e 120 horas. A avaliação da atividade metabólica realizou‐se pelo ensaio do 3‐(4,5‐Dimethylthiazol‐2‐yl)‐2,5‐diphenyltetrazolium bromide (MTT), o conteúdo proteico pelo ensaio da sulforrodamina B e os tipos de morte celular pelo ensaio da citometria de fluxo com dupla marcação pela Anexina V e Iodeto de Propídeo.
Resultados: A citotoxicidade do Life® aumentou ao longo do tempo e diminuiu com o aumento das diluições com diferenças estatisticamente significativas em relação ao controlo em diluições mais baixas (1,1/2 e 1/4) com p<0,001. Observou‐se morte celular devido essencialmente a apoptose tardia/necrose. A citotoxicidade do Biodentine™ diminuiu com as diluições e ao longo do tempo (para diluições mais elevadas). Observaram‐se diferenças estatisticamente significativas em diluições mais baixas, sendo que para a viabilidade celular, na diluição de 1/2, p<0,001 às 72 e 120h e p<0,05 às 24h. Verificou‐se uma percentagem de células vivas semelhante às 24 e 72h (72% e 73%) com morte celular devido essencialmente a necrose tardia/apoptose às 24h e devido a necrose às 72h. O White ProRoot® MTA manteve uma biocompatibilidade semelhante em todas as diluições, que tendencialmente aumentou com o tempo, sem diferenças significativas em relação ao controlo. Manteve uma percentagem de células vivas semelhante nos tempos avaliados (cerca de 90%) e em relação ao controlo.
Conclusões: A atividade metabólica e viabilidade celular relaciona‐se com as diluições efetuadas e/ou tempo de exposição aos meios condicionados. O Life®, devido à sua citotoxicidade elevada, é pouco recomendável para utilização em contacto direto com o tecido pulpar. O White ProRoot® MTA, mostrou ser o material mais biocompatível mesmo em elevadas concentrações. Quanto ao Biodentine™, apesar de se verificar uma recuperação dos danos celulares com o tempo e para diluições mais elevadas, seria prevista uma toxicidade semelhante ao White ProRoot® MTA, sendo que tal não se verifica para diluições mais baixas.