Introdução: A importância clínica das agenesias dentárias está relacionada com a possibilidade de ocorrerem más‐oclusões associadas, além de prejuízos estéticos e funcionais. No caso particular das agenesias de incisivos laterais maxilares permanentes, quando diagnosticadas na dentição mista, existem duas abordagens básicas de tratamento: o tratamento precoce, realizado de forma intercetiva, em que se procede à extração dos dentes decíduos com o intuito de estimular a erupção mesial dos caninos e dos dentes posteriores ou, como alternativa, a não extração dos dentes decíduos e subsequente manutenção do espaço para uma futura reabilitação protética. A presente revisão apresenta como objetivo descrever as considerações clínicas e sistematizar os critérios preponderantes no diagnóstico de pacientes com agenesia de incisivos laterais maxilares permanentes na dentição mista, de modo a auxiliar o clínico no processo decisório para o fechamento dos espaços edêntulos.
Métodos: O estudo consistiu na revisão da literatura sobre o tema em questão. A estratégia seguida na pesquisa foi conduzida recorrendo às bases de dados Medline (Entrez PubMed, www.ncbi.nlm.nih.gov) e Scopus (http://www. scopus.com). O período envolvido na pesquisa mediou entre Dezembro/2013 e Fevereiro/2014 e foram usados os termos agenesia, incisivos laterais superiores, fechamento ortodôntico dos espaços, dentição mista, tratamento intercetivo, tratamento precoce. Como complemento bibliográfico, foram consultados livros de texto.
Desenvolvimento: Mesializar os caninos em pacientes jovens comporta benefícios como a finalização do tratamento numa idade precoce, a preservação da saúde periodontal, possibilita que as modificações fisiológicas subsequentes sejam síncronas com as peças dentárias do paciente, a estabilidade do resultado final sem o recurso a reabilitações protéticas mais ou menos invasivas além de reduzir os custos económicos. Contudo, a instituição de uma decisão geral válida torna‐se difícil de estabelecer dada a variedade de fatores a considerar em cada paciente. Na opção para o fechamento dos espaços é fundamental partir de um diagnóstico cuidadoso baseado na análise de critérios como a estética facial, a estética dentária, a oclusão funcional, a saúde e estética periodontais e a estabilidade do tratamento.
Conclusões: Torna‐se essencial adotar um protocolo de diagnóstico meticuloso e adequado, integrado numa equipa multidisciplinar e baseado na análise conjunta de fatores funcionais, estéticos e económicos; só assim pode ser alcançada uma atuação apropriada e o mais conservadora possível, satisfazendo simultaneamente as necessidades e expetativas do paciente.