Introdução: Na base da realização de um adequado diagnóstico ortodôntico, para além do exame clínico, fotografias e modelos de estudo, é fundamental a realização de exames auxiliares de diagnóstico tais como a ortopantomografia, a telerradiografia de perfil e, por vezes, a radiografia póstero‐anterior. A Tomografia Computadorizada de Feixe Cónico (CBCT), apesar de ter sido inicialmente descrita em 1978, apenas se tornou acessível no final dos anos 90, com o desenvolvimento de um tomógrafo especificamente indicado para a região dentomaxilofacial, apresentando mínima distorção e uma dose de radiação significativamente menor comparativamente à Tomografia Computadorizada tradicional. Pretende‐se, através deste trabalho, demonstrar a aplicação da Tomografia Computadorizada de Feixe Cónico no diagnóstico em Ortodontia, demonstrando as suas vantagens e desvantagens relativamente aos exames protocolares de diagnóstico.
Métodos: Efetuou‐se uma pesquisa de artigos científicos indexados na base de dados Pubmed/Medline e Google Académico referente a artigos publicados entre 1978 e 2013, tendo sido utilizadas as seguintes palavras‐chave: “radiografia de feixe cónico”, “ortodontia”, “C.B.C.T. – cone beam computed tomography” e “diagnóstico”.
Desenvolvimento: A bibliografia sugere que a radiografia de Feixe Cónico facilita o diagnóstico e o planeamento de casos complexos, ao fornecer, através da imagem tridimensional, maior quantidade de informação comparativamente aos exames radiológicos convencionais. Autores afirmam que a qualidade da imagem produzida por este exame é superior à imagem produzida pela TC Helicoidal, além de apresentar uma menor quantidade de artefactos. Este exame revela‐se particularmente útil no diagnóstico e planeamento de casos complexos tais como cirurgia ortognática, fendas lábio‐palatinas, diagnóstico de assimetrias esqueléticas e dentárias, determinação da localização de dentes inclusos e supranumerários e da sua relação com as estruturas adjacentes. Permite também a visualização das tábuas ósseas vestibular e lingual e a determinação das dimensões transversais das bases apicais e das vias aéreas superiores. Relativamente à imagem bidimensional, possibilita uma avaliação mais precisa do torque e inclinação, visualização da ATM e posição do côndilo na cavidade glenóide, apresentando ainda a possibilidade de prototipagem. Como principal desvantagem, encontra‐se a dose de radiação a que o paciente é submetido, sobretudo nos tratamentos em crianças. Contudo, esta dose é significativamente menor que a multislice TC e TC convencional, sendo, no entanto, 4 a 15 vezes superior à dose exposta para a aquisição de uma Ortopantomografia.
Conclusões: Com a definição de novos conhecimentos que surgem de uma visão tridimensional e multiplanar do crânio e da face, será expectável que a TC de Feixe Cónico altere conceitos e paradigmas, redefinindo metas em Ortodontia e ampliando a capacidade de diagnóstico do Ortodontista. Antes de indicar a realização da Tomografia Computorizada de Feixe Cónico, o profissional deverá avaliar cuidadosamente a relação custo‐benefício deste exame complementar e verificar o valor da sua contribuição para o diagnóstico e plano de tratamento.