Objetivos: 1) Analisar a efetividade da tomografia computorizada de feixe cónico na deteção de anomalias craniofaciais e dentárias, em pacientes portadores de fenda lábio‐palatina. 2) Demonstrar a utilidade do feixe cónico na avaliação pré‐operatória e no planeamento do tratamento ortodôntico‐cirúrgico.
Materiais e métodos: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica recorrendo a bases de dados primárias Medline (PubMed) e secundárias (B‐on), a livros e jornais da área de ortodontia e cirurgia maxilofacial. Posteriormente, foram analisados 51 feixes cónicos de pacientes portadores de fenda, seguidos na consulta da pós‐Graduação de Ortodontia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Foi realizada uma análise descritiva para averiguar a concordância dos resultados deste estudo com os da literatura analisada.
Resultados: A amostra foi constituída por 51 pacientes (22 do sexo feminino e 29 do sexo masculino), com idades compreendidas entre 6‐21 anos. Segundo a classificação de Spina (1972), verificaram‐se: 2 casos de fenda pré‐forame unilateral direita, 27 casos de fenda transforame unilateral, 17 casos de fenda transforame bilateral e, ainda, 5 casos de fenda pós‐forame. Os achados imagiológicos mais prevalentes foram: problemas dentários (alteração do posicionamento incisivo, agenesias, retenção de caninos, dilacerações, anomalias de forma e de mineralização dentária), desvio do septo nasal, hipertrofia dos cornetos nasais, comunicações oro‐antrais e velamento dos seios paranasais.
Conclusões: Os pacientes portadores de fendas lábio‐palatinas apresentam maior prevalência de anomalias dentárias, nasais e paranasais, comparativamente com a população em geral. A intervenção terapêutica precoce visa maximizar a função, estética e a integração psicossocial destes pacientes. A tomografia computorizada de feixe cónico tem um papel fundamental no diagnóstico e planeamento do tratamento, fornecendo informações complementares relevantes para a abordagem multidisciplinar necessária. Contudo, os dados obtidos através das restantes ferramentas de diagnóstico – exame clínico intra e extraoral; modelos de estudo e fotografias – permanecem igualmente fundamentais.