Objetivos: Avaliar que posições a cabeça adota durante a marcha com e sem sapatos de salto alto em indivíduos com e sem distúrbios temporomandibulares. Avaliar a posição do centro de gravidade postural em equilíbrio bípede estático. Aferir se poderá haver alguma relação entre o aparecimento e/ou agravamento de sintomas de distúrbios temporomandibulares e o uso frequente de sapatos de salto alto.
Materiais e métodos: Foi preenchido um questionário relativo ao uso de sapatos de salto alto, outro do Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders e um inquérito clínico proposto por Daniel Paesani. As recolhas realizaram‐se no Laboratório de Biomecânica do Porto e usou‐se o sistema Qualisys® e plataformas de forças Bertec®. Para o tratamento dos dados utilizaram‐se os softwares Qualisys Track Manager® e MatLab® e para a análise estatística o SPSS®.
Resultados: Na marcha, com sapatos de salto alto, verificou‐se uma diminuição nos ângulos medidos entre um plano paralelo ao solo e um que passa pelos pontos glabela, arco zigomático direito e arco zigomático esquerdo, um plano paralelo ao solo e um que passa pelos pontos osso nasal, arco zigomático direito e arco zigomático esquerdo, e um plano paralelo ao solo e um que passa pelos pontos osso nasal, articulação temporomandibular direita e articulação temporomandibular esquerda e um aumento no ângulo medido entre um plano paralelo ao solo e um que passa pelos pontos mento, ângulo gónico direito e ângulo gónico esquerdo; a distância da sétima vértebra cervical ao mento e da sétima vértebra cervical ao osso nasal aumentaram. Em posição de equilíbrio bípede estático a distância do centro de pressão à linha que une o halux direito ao halux esquerdo diminui. A quantidade de alterações que ocorreram nas participantes sem distúrbios temporomandibulares foi maior para os ângulos em estudo e para a distância entre o centro de pressão e a linha que une os haluxes. As participantes com distúrbios temporomandibulares apresentaram quantitativamente mais alterações para as distâncias entre e o mento e sétima vértebra cervical e entre esta última e o osso nasal.
Conclusões: Alterações da posição plantar podem influenciar o complexo crânio‐cérvico‐mandibular em indivíduos portadores de distúrbios temporomandibulares. Contudo, estas também se verificam em indivíduos sem estes distúrbios. Quando se calçam sapatos de salto alto, o centro de gravidade é deslocado anteriormente e a cabeça adota uma posição mais anterior.