Objetivos: Analisar a perceção dos médicos dentistas acerca da relação existente entre a periodontite materna e o parto pré‐termo.
Materiais e métodos: Realizou‐se um estudo observacional transversal descritivo, de carácter quantitativo, tendo‐se implementado um inquérito por questionário. A amostra, selecionada por conveniência, foi constituída pelos médicos dentistas que trabalhavam em clínicas/consultórios privados nas freguesias de Odivelas e Ramada, na área da Grande Lisboa, e que aceitaram participar no estudo. Procedeu‐se à distribuição de 51 questionários. Tendo em conta os questionários que não foram preenchidos ou devolvidos, contou‐se com uma amostra final constituída por 35 médicos dentistas.
Resultados: De uma forma geral, os médicos dentistas inquiridos estão sensibilizados acerca da relação entre a periodontite e o parto pré‐termo. Dos inquiridos, 93,9% sensibilizam as pacientes para a importância da avaliação periodontal como cuidado pré‐natal. No entanto, só 24,2% realizam um exame periodontal completo durante a gravidez e 45,5% referem que o fazem apenas às vezes. Perante um diagnóstico de periodontite, 63,6% dos inquiridos realizam sempre tratamento periodontal durante a gravidez e 24,2% dos inquiridos às vezes. Sessenta por cento acreditam que o tratamento periodontal durante a gravidez reduz o risco de parto pré‐termo. Noventa e sete vírgula um por cento consideram a destartarização e polimento seguros na gravidez. Quanto à raspagem e alisamento radicular, 68,6% consideram tratar‐se de um tratamento seguro no 1.° trimestre, 80% no 2.° trimestre e 77,1% no 3.° trimestre. Além disso, uma grande parte dos médicos dentistas está recetiva em obter formação adicional acerca da associação entre a doença periodontal e as complicações gestacionais. Apesar de estarem recetivos à promoção de dinâmicas interdisciplinares, há, no entanto, alguma insegurança e desconhecimento em alguns procedimentos relacionados com o tratamento das gestantes.
Conclusões: Dada a limitação do nosso estudo exploratório, entende‐se necessário desenvolver mais estudos, com uma amostra mais alargada e representativa, que permitam compreender a verdadeira perceção que os médicos dentistas possuem relativamente à associação entre a periodontite e o parto pré‐termo, no sentido de se obter uma conclusão mais consistente.