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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
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Vol. 54. Núm. S1.
Páginas e46 (octubre 2013)
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Vol. 54. Núm. S1.
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C-15. Quisto maxilar associado a um distúrbio de erupção dentária numa criança: caso clínico
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João Pedro Marcelino, Ana Luísa Costa, João Carlos Ramos
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC-MD)
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Introdução: A formação e eventual erupção ectópica, seja de dentes permanentes, temporários ou supranumerários em regiões anatómicas que não as arcadas dentárias, é uma entidade rara. Estão descritas ocorrências, por exemplo, na cavidade nasal, mento, seio maxilar, palato e cavidade orbital. Embora a sua patogénese não seja totalmente conhecida são apontadas como possíveis causas distúrbios de desenvolvimento, nomeadamente fenda palatina, trauma, infecções, fatores genéticos e quistos dentígeros na sequência de impactação, com envolvimento mais frequente do canino maxilar e terceiro molar mandibular.

Caso clínico: Menino de 9 anos de idade, encaminhado para a consulta de maxilofacial por infecção crónica com agudizações recorrentes no segundo quadrante de duração de cerca de 6 meses, sem aparente relação direta com qualquer patologia nos dentes erupcionados e história de medicações repetidas com antibiótico e analgésicos/AINE, sem resolução clínica. No exame da cavidade oral, todos os dentes temporários e permanentes estavam presentes respeitando a cronologia de erupção, mas verificou-se a ocorrência de drenagem purulenta muito acentuado e prolongada na face distal e vestibular do dente 26. O recurso a tomografia computorizada revelou a presença de dois molares ectópicos no seio maxilar esquerdo em posição alta, na proximidade do pavimento da órbita, associados a um quisto de grandes dimensões. Procedeu-se a intervenção cirúrgica sob anestesia geral com recurso à técnica de de Caldwell-Luc e avaliação histológica. Houve total resolução dos sintomas após a cirurgia, permanecendo em monitorização há já 2 anos.

Discussão e Conclusões: Dor facial, epistaxe, rinorreia purulenta, externo deformidade nasal externa, cefaleia, edema, obstrução do canal lacrimal podem estar relacionadas com esta entidade, devendo o diagnóstico diferencial ser considerado relativamente a corpos estranhos, infecções como a sífilis, a tuberculose ou infecções fúngicas com calcificação, lesões benignas (hemangioma, osteoma, encondroma, pólipos, quistos dermóides calcificados ou dentígeros) mas também malignas (condrossarcoma e osteossarcoma). O tratamento padrão preconizado é a extração, particularmente urgente perante agudização sintomática. Perante casos de distúrbios eruptivos há que valorizar quer a importância de um bom diagnóstico etiológico despistando, quer outras patologias mais graves associadas, quer as potenciais consequências decorrentes da erupção ectópica.

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