Introdução: A remodelação gengival cervical (RGC) é um procedimento clínico que proporciona harmonia da condição biológica gengival em relação à arquitetura mas também à aparência relativa à função/estética dos dentes. Pretende-se ilustrar um caso de RGC adjacente a uma coroa clínica com pequena perda estrutural, por defeito do esmalte, mediante recurso a uma guia de remodelação adaptada das facetas de Componeer®.
Caso clínico: Paciente do género feminino, 38 anos de idade, compareceu na FCS-UFP com pequena perda estrutural no esmalte da região cervical da coroa clínica/anatómica do dente 11, preenchido por gengival marginal livre. Determinado o diagnostico, foram explicadas as diversas opções terapêuticas, vantagens e desvantagens de técnicas de remodelação gengival cirúrgicas e não cirúrgicas, tendo a paciente optado por efetuar a reparação do defeito no esmalte e remodelação gengival na região cervico-mesial do dente 11, recorrendo a uma guia confeccionada e adaptada a partir de uma faceta pré-fabricada de compósito termopolimerizado do sistema. Componeer®. A porção necessária para recobrimento do defeito de esmalte foi aderida à estrutura dentária cervical com recurso à estratégia adesiva Self-Etch (Futurabond DC), mediante afastamento do campo operatório na região de ocupação gengival. Após 10 dias efetuou-se monitorização clínica e radiográfica, mostrando-se a remodelação e reparação com bons resultados estéticos, funcionais e biológicos. Torna-se necessário a avaliação periódica da condição.
Discussão e conclusões: Para um adequado reposicionamento da gengiva, por excesso ou por defeito (recessão), é mandatório avaliar o espaço biológico periodontal disponível, uma vez que a invasão deste, por materiais à base de resinas compostas, pode induzir patologias periodontais e/ou recessão gengival. Igualmente a morfologia do terço cervical, entre outros fatores, está relacionada com o posicionamento corono/apical da gengiva e espaço marginal livre. A decisão de recorrer a tratamentos cirúrgicos ou não cirúrgicos, deve ser ponderada pelo medico dentista em função da relação anatómica da coroa dentária, posição gengival e arquitetura dos dentes adjacentes. A RGC adjacente a pequenas áreas de perda estrutural de esmalte na coroa clínica/anatómica pode conseguir-se mediante técnicas não cirúrgicas recorrendo à reparação do esmalte com materiais biocompatíveis com os tecidos biológicos gengivais, desde que preservado o espaço biológico.