Introdução: A transposição dentária traduz uma anomalia no trajeto eruptivo e na localização de um dente que se manifesta por uma troca de posição de 2 dentes permanentes adjacentes. Sendo uma anomalia rara, constitui um desafio para o ortodontista, quando o tratamento encara corrigir a ordem dos dentes. Estas anomalias são mais frequentes na maxila do que na mandíbula, observam‐se com maior frequência uni do que bilateralmente (12:1) e afetam preferencialmente o lado esquerdo (2:1).
Descrição do caso clínico: Criança com 12,6 anos de idade, do género masculino, em período de dentição mista, com caninos superiores ectópicos na região dos 1.° pré‐molares superiores. Após exame radiográfico, verificou‐se a presença de uma transposição dentária bilateral entre os caninos e os 1.° pré‐molares superiores.
Discussão: Tendo em conta as componentes estética e funcional, optou‐se por mover os dentes deslocados para a posição normal. No procedimento biomecânico utilizado houve extremo cuidado para evitar interferências oclusais, reabsorções radiculares, bem como perdas ósseas, especialmente a tábua óssea vestibular. Uma desvantagem desta abordagem é o demasiado tempo necessário para efetivar a correção, o que, todavia, será compensado com o resultado estético e funcional.
Conclusões: A transposição dentária pode ser corrigida, mas a mecânica ortodôntica é complexa, o tempo de tratamento é longo e podem ocorrer danos nos tecidos dentários e de suporte. São diversos os fatores a considerar numa decisão clínica que contemple ou não a correção da transposição dentária: a aceitação do paciente, a experiência do ortodontista, a estética e a função oclusal, se a transposição deve envolver extrações de dentes, se o alinhamento dentário deve manter a transposição ou se devemos optar pela correção completa da transposição ortodonticamente.