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The Brazilian Journal of Infectious Diseases - Educação Médica Continuada
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Inicio The Brazilian Journal of Infectious Diseases - Educação Médica Continuada Terapia antirretroviral atual: tendências e desafios
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Vol. 2. Núm. 5.
Páginas 125-126 (octubre 2016)
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Vol. 2. Núm. 5.
Páginas 125-126 (octubre 2016)
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Terapia antirretroviral atual: tendências e desafios
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Carlos Britesa
a Editor-chefe The Brazilian Journal of Infectious Diseases (BJID)
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Dando continuidade à nossa série de suplementos sobre a terapia antirretroviral (TARV) atual e suas perspectivas futuras, estamos lançando o suplemento de número 5. Nesta edição, voltamos a apresentar uma visão rápida dos principais temas abordados em um recente congresso, a última AIDS International Conference, que ocorreu em Durban, África do Sul, no mês de julho, sob os auspícios da International AIDS Society. Tentamos capturar os assuntos mais discutidos durante a Conferência, assim como aqueles que apontam novos rumos no controle da AIDS. O cenário não poderia ser mais bem escolhido, pois, na virada do século XX para o XXI, esta cidade abrigou a mesma Conferência, embora os momentos sejam completamente distintos. À época da Conferência anterior, praticamente não havia pacientes em tratamento no continente africano, a epidemia era negada por alguns dirigentes de países daquela região e a mortalidade era alarmante, com redução brutal na expectativa de vida da população da maioria dos países afetados pela epidemia. Hoje o cenário é oposto, com programas de tratamento atingindo boa parte da população infectada pelo HIV, com reflexos claros sobre a morbimortalidade e sem qualquer questionamento sobre a necessidade de enfrentamento decidido da AIDS.

Nesse novo cenário, já discutimos o fim da epidemia e as estratégias necessárias para atingir este objetivo. A introdução de novos métodos de prevenção, a perspectiva de vacinas, novas e melhores drogas antirretrovirais e mesmo os avanços graduais em direção à erradicação da infecção já fazem parte da lista de temas dominantes na maioria das conferências internacionais, e Durban não foi exceção. Portanto, apesar de ainda enfrentarmos problemas importantes, incluindo o crescimento da incidência da infecção pelo HIV em alguns grupos, a estigma e a discriminação dos pacientes, os avanços continuam acontecendo e nos permitem enxergar o futuro com otimismo.

Dos problemas mais prevalentes entre a população vivendo com HIV-AIDS, a coinfecção pela tuber-culose (TB) continua a ter papel de destaque, e é uma das poucas infecções oportunistas que ainda são relevantes nesse momento, quando eventos não relacionados à AIDS ganham cada vez mais destaque. Um dos principais problemas relacionados à coinfecção HIV-TB é seu tratamento, devido ao uso da rifampicina como droga base do tratamento antituberculose. As interações medicamentosas são frequentes com a rifampicina, um potente indutor do citocromo p450, passo metabólico preferencial para o processamento de boa parte das drogas antirretrovirais. A Dra. Beatriz Grinszteijn traz uma detalhada revisão do manejo da TB em pacientes com HIV, propiciando ao leitor uma oportunidade de entender as abordagens potenciais para o tratamento dessa população, assim como os cuidados e as precauções necessários ao adequado manejo dessa condição. Além disso, seu artigo traz uma ampla perspectiva sobre a coinfecção HIV-TB, mostrando as dificuldades, mas também os avanços que temos obtido no combate a esse problema. Vários e relevantes aspectos relacionados à TB no paciente com HIV são discutidos em profundidade, tornando esse capítulo uma excelente oportunidade de atualização sobre um tema tão importante em nossa prática diária.

Outra situação que requer experiência e conhecimento para o seu adequado manejo é a TARV em mulheres infectadas pelo HIV. Embora de modo geral as recomendações para terapia sejam semelhantes para homens e mulheres, existem peculiaridades inerentes ao sexo feminino que merecem uma atenção especial. A questão da contracepção, a tolerabilidade a drogas específicas e a adesão podem requerer atenção específica para peculiaridades relacionadas ao sexo. Um ponto importante nessa discussão é a baixa representatividade de mulheres na maioria dos ensaios clínicos com novas drogas para tratamento da infecção pelo HIV, o que reduz nossa capacidade de avaliar efeitos específicos destas drogas no sexo feminino.

Uma atenção especial é dedicada ao manejo da gestante infectada pelo HIV. Essa é uma situação específica, na qual temos dois tipos de preocupação: tratar adequadamente a infecção materna, de modo a permitir a chegada ao momento do parto com carga viral plasmática do HIV em níveis indetectáveis, requisito necessário à prevenção da transmissão materno-infantil, e garantir a segurança do feto, com tratamento que não apresente consequências negativas para o mesmo. A Dra. Isabella Nóbrega revisa o tema com propriedade, enfatizando as necessidades específicas das mulheres que vivem com HIV-AIDS e as peculiaridades da TARV durante a gestação. As drogas e os esquemas recomendados são discutidos, assim como as diversas alternativas de tratamento disponíveis em nosso meio, incluindo uma abrangente revisão das dificuldades de adequação da TARV à gestação, e como essas barreiras podem ser sobrepujadas com segurança e eficácia.

Finalmente, no último artigo desta edição, o Dr. Esper Kallás discute o estado da arte no que se refere à erradicação da infecção pelo HIV-1, objetivo último de todos os envolvidos no combate a esse problema. Apesar de todos os avanços obtidos no conhecimento da patogenia e da resposta imune do hospedeiro na infecção pelo HIV-1, ainda nos deparamos com obstáculos significativos e questões sem resposta conclusiva, à luz dos conhecimentos atuais. A mobilização do reservatório de células infectadas em estado latente e a busca de mecanismos capazes de eliminar esses santuários da infecção ainda esbarram em dificuldades gigantescas, apesar do conhecimento acumulado até o presente. O próprio entendimento dos correlatos de imunidade protetora na infecção pelo HIV-1 ainda é incipiente e dificulta o desenho de estratégias capazes de gerar intervenções eficazes com a finalidade de erradicar ou, pelo menos, controlar a infecção. Nessa excelente revisão, temos a oportunidade de entender em que estágio de conhecimento nos encontramos e quais são as barreiras remanescentes para a erradicação da infecção.

Portanto, neste quinto suplemento temos uma variedade de temas de interesse geral, além de uma síntese das discussões ocorridas em Durban, trazendo as principais novidades no campo de HIV-AIDS. Acredito que esses temas complementam os artigos apresentados nas edições anteriores e trazem, em conjunto, um corpo de informações relevantes para todos os interessados nessa área.

Boa leitura!

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