O duplo padrão sexual no masculino: uma perspetiva transgeracional portuguesa

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Nas suas palavras, «o sexo não é aquilo de que o poder tem medo, mas aquilo de que se serve para o seu exercício». Assim, a sexualidade, bem como os ditames a ela associados, serão mais do que um mero determinismo biológico, um produto da cultura em função da época a que reportam: o dimorfismo entre sexos será, pois, corroborado em função de estruturas culturais.Nesta linha, poderemos pensar que ao longo dos diversos períodos históricos e também devido a influências de vária ordem (entre as quais a própria Igreja Católica) se foram produzindo acontecimentos que, direta ou indiretamente contribuíram para a consolidação das diferenças de género e levaram à construção de um duplo padrão sexual, conceito criado em 1964 por Reiss<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0010">2</a> para se referir a um conjunto de normas sociais que determinam a prática de comportamentos sexuais diferenciados para cada um dos géneros, sendo que aos homens seria concedida uma maior liberdade sexual relativamente às mulheres. Em termos históricos, podemos verificar que, anteriormente à liberalização das atitudes e comportamentos sexuais ocorridos a partir dos anos 60 (em especial com a emancipação feminina através do maio de 1968 em França), predominava nas sociedades ocidentais um duplo padrão sexual clássico, ou seja, era concedida muito maior liberdade sexual ao homem relativamente à mulher, a quem não era permitido ter relações sexuais antes do casamento e muito menos fora dele. Assim, apenas no caso do homem era permitido (e até encorajado) cunhar as suas experiências afetivas dum carácter sexual, ao passo que, para a mulher, tal procedimento acarretava a vergonha e a culpabilização por parte da sociedade. Relativamente a Portugal, com a chegada dos ecos do maio de 68 francês a território nacional, a que se somou o descontentamento civil e militar pela política colonialista e autoritária do Estado Novo, foram criadas as condições para uma «revolução sexual» interna – só a partir do 25 de abril de 1974 é que a liberalização da sexualidade adquiriu uma visibilidade significativa no nosso país, segundo Vilar<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0015">3</a>.A partir da década de 60, diversos estudos têm-se debruçado sobre a questão do duplo padrão sexual e chegado a conclusões muito díspares; ao passo que algumas investigações têm mostrado que o duplo padrão sexual tem vindo a perder força nas sociedades atuais (ver Gentry e College<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0020">4</a>), noutras os dados empíricos recolhidos continuam a sugerir a permanência do duplo padrão sexual, pelo menos na sua forma condicional, ou seja, às mulheres é permitido o envolvimento sexual pré-marital desde que o façam numa atmosfera de compromisso emocional (a este propósito, ver Alferes<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0025">5</a>). Noutras, ainda, alguma controvérsia tem surgido no que diz respeito à presença, sequer, de algum tipo de duplo padrão na sociedade atual sugerindo-se, ao invés disso, que os comportamentos sexuais de ambos os géneros tendem a convergir para aquilo a que se chamou de padrão sexual singular, onde é concedida a mesma liberdade sexual a ambos os géneros.No entender de Milhausen e Herold<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0030">6,7</a>, o conceito de duplo padrão sexual deve, no sentido de ser mais amplamente compreendido e melhor estudado, ser concebido de uma forma multidimensional e não monolítica. Assim, o duplo padrão sexual comporta 2 dimensões distintas: uma relacionada com a perceção social (o modo como a pessoa crê que a sociedade pensa face à existência ou não dum duplo padrão sexual) e outra ligada à aceitação pessoal (o modo como a pessoa pensa acerca da existência ou não dum duplo padrão sexual). Tais autores defendem, com base numa possível contradição entre a perceção social e o julgamento pessoal da existência do duplo padrão sexual, o estudo concomitante destas 2 dimensões no mesmo indivíduo. Uma outra questão prende-se com um eventual carácter de transmissibilidade de padrões sexuais entre gerações, tal como é defendido por autores como Capellà<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0040">8</a>.Muito embora não exista grande consenso no que diz respeito à definição e operacionalização do conceito de «satisfação sexual», esta poderia definir-se, segundo Byers et al.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0045">9</a>, como «uma resposta afetiva que surge pela avaliação dos aspetos positivos e negativos associados às próprias relações sexuais». Pegando nesta definição, Parish et al.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0050">10</a> assinalaram alguns fatores fundamentais para a satisfação sexual: primeiramente, as práticas e comportamentos sexuais (um maior reportório de técnicas e comportamentos sexuais, assim como um maior envolvimento em atividades sexuais sem coito, são preditores de maior satisfação sexual); segundo, os aspetos socioemocionais da relação com o parceiro (a satisfação estaria positivamente correlacionada com o desejo sexual, a satisfação global com o parceiro e o bem-estar marital); terceiro, conhecimentos, atitudes e valores em relação à sexualidade (fortes valores religiosos, atitudes sexuais conservadoras, baixos conhecimentos acerca da sexualidade e pouca assertividade sexual estariam ligados a uma baixa satisfação sexual); em quarto lugar, a saúde e vitalidade físicas (na medida em que doenças como a depressão, patologias coronárias, saúde física precária ou pouca vitalidade estariam ligadas a uma menor satisfação sexual); por último, barreiras ambientais (como a falta de intimidade, também causadora de uma menor satisfação sexual). A dimensão «satisfação sexual» tem sido fonte de inúmeras confusões e equívocos na área da sexologia, isto porque uma avaliação objetiva da sexualidade humana é extraordinariamente difícil, uma vez que se trata de um fenómeno altamente idiossincrático estando, por isso, pejado de inúmeros aspetos e significados individuais, que só muito dificilmente podem ser acedidos e mensurados de um ponto de vista científico. Não obstante esta ideia, a satisfação sexual continua a ser vista com profundo interesse, a tal ponto que será o fator psicológico que mais tem sido avaliado na área das disfunções sexuais, de acordo com Davis e Petretic-Jackson<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0055">11</a>.ObjetivosCom o presente estudo pretende-se averiguar a evolução do conceito de duplo padrão sexual e sua eventual expressão dum ponto de vista masculino (através de 2 grupos de homens com idades distintas), e também o grau de satisfação sexual percebido por cada um dos grupos. Assim, o presente estudo propõe-se testar se o grau de satisfação sexual dos homens que advogam pessoalmente a existência do duplo padrão sexual será significativamente inferior ao grau de satisfação dos homens que não o advogam pessoalmente e também se o grupo de homens dos 20-30 anos revelará uma adesão pessoal ao duplo padrão sexual significativamente menor, comparativamente com o grupo de homens dos 40-50 anos.Material e métodosParticipantesA amostra ficou constituída exclusivamente por indivíduos do sexo masculino provenientes da zona da Grande Lisboa. Assim, constituíram-se 2 grupos distintos, de dimensões sensivelmente idênticas, num total de 262 participantes. O Grupo 1 foi composto por participantes situados na faixa etária dos 20-30 anos (n=132, M=23,88 anos, DP=2,4 anos). O Grupo 2 foi formado por participantes situados na faixa etária dos 40-50 anos (n=130, M=46,27 anos, DP=3,06 anos).Os participantes foram selecionados com base nos seguintes critérios: serem do sexo masculino e terem entre 20-30 anos ou entre 40-50 anos (no sentido de se poder observar mais claramente a existência ou não de algum «efeito de geração»), bem como serem ou já terem sido sexualmente ativos (neste último caso era-lhes pedido que se reportassem às suas experiências passadas).InstrumentosO Questionário de Avaliação do duplo padrão sexual (QADPS; Questionnaire for the Evaluation of Sexual Double Standard; Milhausen e Herold<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0030">6</a>) é um instrumento capaz de avaliar ambas as dimensões (pessoal e social) do duplo padrão sexual, simultaneamente. Numa primeira parte este questionário apresenta um conjunto de indicadores que se podem agrupar em diversas categorias sociodemográficas (idade, sexo, ano de escolaridade, com quem vive, onde reside, tipo de relação amorosa, orientação sexual e religião, bem como a frequência com que vai à igreja ou pratica atividades de carácter religioso). Depois, o questionário está organizado segundo 5 dimensões de avaliação do duplo padrão sexual. Dentro destas dimensões encontram-se 28 itens emparelhados, em que cada par de itens abordam o mesmo conteúdo temático – um dos itens dirige-se ao género masculino e o outro ao género feminino, de forma a que seja possível avaliar o efeito da variável género, ou seja, a atitude do participante relativamente a um determinado comportamento sexual desempenhado por ambos os géneros.As respostas dos participantes aos itens das subescalas de tipo Likert distribuem-se por um continuum que vai de um extremo negativo (1) a um extremo positivo (5). O próximo passo a efetuar em termos dos procedimentos de cotação consiste no cálculo da diferença entre os pares de itens correspondentes, ou seja, pela subtração dos itens femininos pelos itens masculinos. O somatório dos resultados assim obtidos pela subtração de todos os itens emparelhados fornece-nos o resultado global obtido por cada participante: se o resultado final for superior a 0 indica que as respostas dadas vão no sentido de um duplo padrão sexual (maior liberdade sexual concedida ao homem por comparação com a mulher); se for igual a 0 indica que apontam para um padrão sexual singular (igual liberdade sexual concedida a homens e mulheres) e, por fim, se for inferior a 0 sugere que as respostas dadas vão no sentido de um padrão sexual invertido (maior liberdade sexual concedida à mulher por comparação com o homem). Neste trabalho, o QADPS obteve um alfa de Cronbach de 0,85, revelando uma boa consistência interna (inclusivamente, superior à obtida pelos autores do instrumento, situada em torno de 0,70), encontrando-se traduzido para a língua portuguesa por Leal et al.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0060">12</a>.O Índice de Satisfação Sexual (ISS; Index of Sexual Satisfaction; Hudson<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0065">13,14</a>; Hudson, Harrison e Crosscup<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0075">15</a>) é, segundo Pechorro<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0080">16</a>, uma escala de 25 itens que mede o grau ou magnitude da insatisfação sexual no contexto de um relacionamento diádico (de casal). Esta escala mede os sentimentos do indivíduo quanto a um número de comportamentos, atitudes, eventos, estados afetivos e preferências associadas ao relacionamento sexual entre parceiros. Os itens foram construídos de forma a não serem ofensivos nem excessivamente invasivos da privacidade do respondente. Cada um dos itens é cotado numa escala de frequência relativa (de tipo Likert) de 1 (nunca) a 7 (sempre). As pontuações obtidas vão de 0 a 100 pontos, indicando as pontuações mais altas maiores níveis de insatisfação sexual. O ISS tem um ponto de corte clínico recomendado de 30 pontos, sendo que as pontuações acima desse valor indicam uma insatisfação sexual relacional clinicamente significativa. Este instrumento foi desenvolvido a partir das respostas de 1.738 respondentes, incluindo homens, mulheres, solteiros e casados, provenientes de populações clínicas e não-clínicas, estudantes e não-estudantes, bem como níveis de ensino que iam do secundário ao universitário. Os respondentes, embora maioritariamente caucasianos, também incluíam um grupo menor de indivíduos pertencentes a outros grupos étnicos.Em termos de propriedades psicométricas, o ISS obteve valores de precisão alfa de Cronbach muito aceitáveis ao ser aplicado a 3 amostras heterogéneas diferentes (sempre acima de 0,90), indicando uma boa consistência interna. A precisão teste-reteste ou estabilidade temporal com uma semana de intervalo foi considerada boa, com um valor de 0,93.Em termos de validade, o ISS foi testado através de correlações interescalas que demonstraram que todos os itens exceto 4 obtinham valores considerados elevados (acima de 0,30); esses 4 itens foram, posteriormente, substituídos por outros mais adequados. O coeficiente de validade de grupos-conhecidos ou validade discriminante, determinado pela correlação bisserial por pontos, entre os grupos-critério (com problema sexual versus sem problema sexual) e as pontuações do ISS foi de 0,76, sendo considerado bom porque demonstra que o ISS se correlaciona fortemente com o critério com o qual é suposto estar relacionado (existência de um problema sexual). No que concerne à validade concorrente, o ISS obteve correlações moderadas a altas com outros instrumentos e, em termos de validade divergente, o ISS foi também testado com uma escala de atitudes sexuais, tendo obtido uma correlação baixa. Portanto, podemos considerar que o ISS tem uma boa validade de constructo, uma vez que apresenta uma correlação forte com as medidas com as quais se deveria correlacionar, e se correlaciona fracamente com as medidas com as quais não se deveria correlacionar. No presente estudo, o ISS obteve um alfa de Cronbach de 0,91, na linha dos autores originais e do procedimento de validação acima descrito (onde se obteve um alfa de Cronbach sempre superior a 0,90). O ISS encontra-se validado para as populações feminina e masculina portuguesas por Pechorro et al.<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0085">17,18</a>, tendo sido essa versão a utilizada no presente estudo.Relativamente à inclusão de um questionário sociodemográfico, tal passo não se revelou necessário no presente estudo uma vez que o QADPS já inclui uma primeira parte com vista à recolha de informações dessa natureza.ProcedimentosPreviamente à aplicação de ambos os instrumentos, procurou-se contactar os autores dos mesmos no sentido de obter autorização e aprovação para prosseguir o estudo nos moldes pretendidos. O Grupo 1 foi selecionado e observado no contexto duma instituição de ensino superior. Relativamente ao Grupo 2, as aplicações aconteceram em diversos locais de aplicação (habitualmente na residência dos participantes ou em locais onde fosse assegurada total privacidade) no sentido de esclarecer os objetivos da investigação, a confidencialidade e anonimato dos dados, e a possibilidade de recusa imediata em participar. Neste grupo existiram algumas recusas em participar na investigação, essencialmente devido ao facto dos conteúdos abordados remeterem para questões do foro íntimo.Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizada a versão 17 do programa SPSS para Windows (Statistical Package for Social Sciencies)©. Obtiveram-se dados de natureza descritiva, em especial as idades (tendo-se obtido a média para cada um dos grupos e o respetivo desvio-padrão), níveis de escolaridade, tipo de relação amorosa e orientação sexual dos participantes. No sentido de se averiguar a existência de diferenças significativas entre os grupos ao nível da satisfação sexual e sua relação com a aceitação pessoal do duplo padrão sexual, bem como o nível de adesão pessoal ao duplo padrão sexual de cada um dos grupos, utilizou-se um teste paramétrico de significância sobre a igualdade de valores médios (t-Student) para 2 amostras independentes, tendo-se considerado um nível de significância de p ≤0,05.ResultadosA grande maioria dos participantes do Grupo 1 (88,6%) afirma viver com a família nuclear (pais, irmãos, tios e/ou avós). Em termos da relação amorosa atual, metade dos inquiridos afirma ter uma relação estável com uma pessoa e cerca de um quarto dos inquiridos afirma não ter nenhuma relação amorosa (26,5%). No que concerne à orientação religiosa, a maioria (mais de 60%) dizem-se católicos mas, curiosamente, nunca ou quase nunca vão à igreja ou praticam atividades de carácter religioso (em 68,1% dos casos).No que ao Grupo 2 diz respeito, os participantes apresentam-se distribuídos de forma relativamente equilibrada pelos diversos níveis de escolarização considerados, desde o ensino básico até à frequência/conclusão do ensino superior. A grande maioria (quase 90%) vive com o cônjuge mantendo, portanto, um casamento ou união de facto. 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Foram, para tal, aventadas 2 hipóteses de estudo, sendo que estas não foram corroboradas pelos dados.A primeira hipótese esperava encontrar uma relação entre a aceitação pessoal do duplo padrão sexual e o grau de insatisfação sexual, hipotetizando-se que um elevado grau de insatisfação sexual estaria ligado a uma aceitação pessoal do duplo padrão sexual. Ou seja, esperava-se que o valor médio obtido no ISS pelos homens com valor positivo na variável «Aceitação Pessoal do Duplo Padrão Sexual» fosse significativamente mais elevado relativamente aos homens com um valor nulo ou negativo na variável «Aceitação Pessoal do Duplo Padrão Sexual». Não foram encontradas diferenças significativas entre os valores médios de ambos os grupos em estudo, não tendo a primeira hipótese sido corroborada pelos dados.Estes resultados vão no sentido de trabalhos anteriores, em que se sugere que existem diversos fatores implicados na satisfação sexual e não apenas as práticas, atitudes e valores face à sexualidade<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0045">9</a>, aspeto especialmente abordado nos instrumentos utilizados neste estudo. As componentes atitudinais face à sexualidade não expressam a totalidade do fenómeno – é preciso conceber a sexualidade, como dizia Foucault<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0005">1</a>, como um constructo histórico-cultural, expresso em função da época a que se reporta. De acordo com o procedimento de validação do ISS, constatou-se que as atitudes sexuais estarão fracamente correlacionadas com a satisfação sexual, o que ajuda a explicar o resultado obtido<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0065">13</a>. Assim, é possível que a satisfação sexual não decorra apenas das crenças face à sexualidade e seja também mediada por outro tipo de variáveis (possivelmente o nível de escolaridade, a proveniência geográfica, os hábitos de vida, as características económicas e sociais vigentes, questões ligadas à personalidade dos participantes, sua orientação sexual, entre outras).Relativamente à segunda hipótese, esta admitia que o Grupo 1 (composto por homens dos 20-30 anos) revelaria uma adesão pessoal ao duplo padrão sexual significativamente menor face ao Grupo 2 (homens dos 40-50 anos). Ou seja, esperava-se que os valores médios da variável «Aceitação Pessoal do Duplo Padrão Sexual» diferissem significativamente conforme os grupos (com o Grupo 1 a apresentar um valor médio de «Aceitação Pessoal do Duplo Padrão Sexual» significativamente mais baixo do que o Grupo 2). Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, mas no sentido inverso ao esperado, com o Grupo 1 a revelar um maior apego ao duplo padrão sexual face ao Grupo 2.De acordo com Marks<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0095">19</a>, o próprio «efeito de grupo» poderá ter levado ao surgimento de um duplo padrão sexual no Grupo 1 (dos 20-30 anos), ao contrário daquilo que era esperado – as pessoas exibem o duplo padrão sexual em público, mas não o farão em privado, onde não existirá esse efeito «normalizador» causado pela experiência de grupo – a interação social tenderá a salientar as normas sociais e a sua importância, pelo que o duplo padrão sexual terá então emergido fortemente no Grupo 1, mas não tanto no Grupo 2, levando à não corroboração da segunda hipótese: numa fase do desenvolvimento em que os jovens adultos procuram afirmar-se (quase como se ainda fossem adolescentes), uma aplicação coletiva poderá ter contribuído, ironicamente, para uma forma mais «social» e menos individualizada de pensar, mais de acordo com as diretrizes sociais e «expectáveis» para aquele grupo. O comportamento mais «normal» tenderá a ser, assim, avaliado de forma mais positiva, segundo Vanwesenbeeck<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0100">20</a>. Assim, em condições de aplicação grupais estandardizadas numa sala, é possível que o duplo padrão sexual tenha emergido mais por um efeito de «desejabilidade social» do que pelo julgamento isento e sincero dos participantes.O facto de não ter surgido um duplo padrão sexual tão pronunciado no Grupo 2 poderá dever-se também ao facto da sexualidade da meia-idade ser mais, por assim dizer, «um saber de experiência feito», e é bem possível que os homens (e casais) mais maduros estejam mais despertos para uma vertente mais emocional, mais partilhada e menos estritamente física da sexualidade, podendo disfrutar mais aberta e descontraidamente do sexo, longe de dogmas sociais que pregam a «perfeição» e a exigência sexuais sobre os ombros do macho, efeito esse que será mais sentido por parte dos jovens adultos (o caso do Grupo 1). As próprias mulheres poderão, desde logo, estar a «assustar» os novos homens com as suas crescentes exigências e reivindicações por «melhor sexo», na linha daquilo que se definiu, para Sanchez et al.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0105">21</a>, como uma «motivação de intimidade», contrastante com uma «motivação de aprovação (por parte do parceiro)». Isto poderá levar os homens a «refugiarem-se» em regras feitas porque mais protetoras e confortáveis para eles, levando-os a manterem-se defensores do duplo padrão sexual não apenas ao nível social como também (e especialmente os mais jovens) ao nível pessoal.Encontraram-se também indícios dum certo grau de transmissibilidade dos padrões sexuais de geração em geração<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0040">8</a>, para além duma defesa mais acirrada de padrões sexuais conservadores por parte do grupo mais jovem, contrariamente ao que seria de esperar. As hipóteses não foram, assim, corroboradas pelos dados.É muito possível, também, que as limitações da presente investigação possam ter tido o seu contributo – falta compreender a eventual interferência de algumas variáveis moderadoras (em especial a idade, a escolaridade, o nível socioeconómico, a zona geográfica de origem dos participantes, entre outras) sobre os resultados obtidos. Uma amostra de maiores dimensões, que seja aleatória e representativa da população-alvo poderia trazer maior clarividência aos resultados e enriquecer o âmbito desta investigação.ConclusõesEsta investigação lançou um primeiro olhar sobre a perspetiva masculina acerca dos fenómenos de satisfação sexual, duplo padrão sexual e eventuais relações entre ambos. Alguns autores<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0030">6,7</a> sustentam a transição de padrões sexuais na sociedade atual, mas parece que tal não tem sucedido sem muito «sacrifício» de valores e ideais patriarcalmente instalados, a tal ponto que se crê existir ainda um forte legado transgeracional<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0040">8</a> de padrões sexuais conservadores de geração em geração. O presente estudo chama a atenção para que, em termos da clínica psicológica, médica e sexológica, se compreenda que se vivem tempos de transição ao nível das atitudes e comportamentos sexuais e que, em termos clínicos, os profissionais de saúde mental e sexual deverão não apenas ajudar, como também preparar mulheres e (muito especialmente) homens para a emergência de novos padrões sexuais.Responsabilidades éticasDireito à privacidade e consentimento escritoOs autores declaram ter recebido consentimento escrito dos pacientes e/ ou sujeitos mencionados no artigo. O autor para correspondência deve estar na posse deste documento.Confidencialidade dos dadosOs autores declaram ter seguido os protocolos de seu centro de trabalho acerca da publicação dos dados de pacientes e que todos os pacientes incluídos no estudo receberam informações suficientes e deram o seu consentimento informado por escrito para participar nesse estudo.Proteção de pessoas e animaisOs autores declaramque os procedimentos seguidos estavam de acordo com os regulamentos estabelecidos pelos responsáveis da Comissão de Investigação Clínica e Ética e de acordo com os da Associação Médica Mundial e da Declaração de Helsinki.FinanciamentoEste artigo foi parcialmente financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) de Portugal.Conflito de interessesOs autores declaram não haver conflito de interesses." "textoCompletoSecciones" => array:1 [ "secciones" => array:14 [ 0 => array:2 [ "identificador" => "xres296388" "titulo" => array:7 [ 0 => "Resumo" 1 => "Introdução" 2 => "Objetivo" 3 => "Material e métodos" 4 => "Resultados" 5 => "Discussão" 6 => "Conclusões" ] ] 1 => array:2 [ "identificador" => "xpalclavsec280002" "titulo" => "Palavras-chave" ] 2 => array:2 [ "identificador" => "xres296389" "titulo" => array:7 [ 0 => "Abstract" 1 => "Introduction" 2 => "Objective" 3 => "Material and methods" 4 => "Results" 5 => "Discussion" 6 => "Conclusions" ] ] 3 => array:2 [ "identificador" => "xpalclavsec280003" "titulo" => "Keywords" ] 4 => array:2 [ "identificador" => "sec0005" "titulo" => "Introdução" ] 5 => array:2 [ "identificador" => "sec0010" "titulo" => "Objetivos" ] 6 => array:3 [ "identificador" => "sec0015" "titulo" => "Material e métodos" "secciones" => array:3 [ 0 => array:2 [ "identificador" => "sec0020" "titulo" => "Participantes" ] 1 => array:2 [ "identificador" => "sec0025" "titulo" => "Instrumentos" ] 2 => array:2 [ "identificador" => "sec0030" "titulo" => "Procedimentos" ] ] ] 7 => array:2 [ "identificador" => "sec0035" "titulo" => "Resultados" ] 8 => array:2 [ "identificador" => "sec0040" "titulo" => "Discussão" ] 9 => array:2 [ "identificador" => "sec0045" "titulo" => "Conclusões" ] 10 => array:3 [ "identificador" => "sec0050" "titulo" => "Responsabilidades éticas" "secciones" => array:4 [ 0 => array:2 [ "identificador" => "sec0055" "titulo" => "Direito à privacidade e consentimento escrito" ] 1 => array:2 [ "identificador" => "sec0060" "titulo" => "Confidencialidade dos dados" ] 2 => array:2 [ "identificador" => "sec0065" "titulo" => "Proteção de pessoas e animais" ] 3 => array:2 [ "identificador" => "sec0075" "titulo" => "Financiamento" ] ] ] 11 => array:2 [ "identificador" => "sec0070" "titulo" => "Conflito de interesses" ] 12 => array:2 [ "identificador" => "xack69300" "titulo" => "Agradecimentos" ] 13 => array:1 [ "titulo" => "Bibliografia" ] ] ] "pdfFichero" => "main.pdf" "tienePdf" => true "fechaRecibido" => "2013-05-16" "fechaAceptado" => "2013-06-16" "PalabrasClave" => array:2 [ "pt" => array:1 [ 0 => array:4 [ "clase" => "keyword" "titulo" => "Palavras-chave" "identificador" => "xpalclavsec280002" "palabras" => array:5 [ 0 => "Duplo padrão sexual" 1 => "Satisfação sexual" 2 => "Sexo" 3 => "Género" 4 => "Saúde sexual" ] ] ] "en" => array:1 [ 0 => array:4 [ "clase" => "keyword" "titulo" => "Keywords" "identificador" => "xpalclavsec280003" "palabras" => array:5 [ 0 => "Sexual double standard" 1 => "Sexual satisfaction" 2 => "Sex" 3 => "Gender" 4 => "Sexual health" ] ] ] ] "tieneResumen" => true "resumen" => array:2 [ "pt" => array:2 [ "titulo" => "Resumo" "resumen" => "IntroduçãoA relação entre géneros tem condicionado a expressão da sexualidade ao longo das diversas épocas históricas. ObjetivoA presente investigação visa analisar a evolução do fenómeno de duplo padrão sexual e relacioná-lo com o conceito de satisfação sexual, no que concerne ao caso português. Material e métodosForam comparados 2 grupos do sexo masculino, com homens dos 20-30 anos e dos 40-50 anos, avaliando-se a possibilidade de um «efeito de geração» na transmissão de padrões sexuais. ResultadosContrariamente ao esperado, a satisfação sexual não estava relacionada com a defesa pessoal do duplo padrão sexual nem houve abandono do duplo padrão sexual em favor de um padrão mais igualitário. DiscussãoEmbora ambos os grupos etários reconheçam a existência social do duplo padrão sexual, os homens mais jovens revelam estar mais apegados ao duplo padrão sexual relativamente aos homens mais velhos. ConclusõesTais resultados podem ser vistos à luz dum certo receio masculino acerca da emancipação da mulher e também de uma certa necessidade de normatividade social. 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DiscussionAlthough both groups recognise the social pervasiveness of the sexual double standard, younger men are more attached to the sexual double standard when compared to older ones. ConclusionsSuch results can be seen in a way of a certain “masculine fear” about women's emancipation, and the need for a social adequateness. At the end, some suggestions are made considering the results." ] ] "multimedia" => array:2 [ 0 => array:7 [ "identificador" => "tbl0005" "etiqueta" => "Tabela 1" "tipo" => "MULTIMEDIATABLA" "mostrarFloat" => true "mostrarDisplay" => false "tabla" => array:2 [ "leyenda" => "Ac. Pessoal DPS: aceitação pessoal do DPS; DP: desvio-padrão; ISS:índice de satisfação sexual; M:média." 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Pessoal DPS \t\t\t\t\t\t\n \t\t\t\t</td><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-head\n \t\t\t\t " align="left" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t" style="border-bottom: 2px solid black">ISS \t\t\t\t\t\t\n \t\t\t\t</td><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-head\n \t\t\t\t " align="left" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t" style="border-bottom: 2px solid black">t e valor p \t\t\t\t\t\t\n \t\t\t\t</td></tr></thead><tbody title="tbody"><tr title="table-row"><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-entry\n \t\t\t\t " colspan="3" align="left" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t">Positiva</td></tr><tr title="table-row"><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-entry\n \t\t\t\t " align="left" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t">M (DP) \t\t\t\t\t\t\n \t\t\t\t</td><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-entry\n \t\t\t\t " align="char" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t">22,25 (14,21) \t\t\t\t\t\t\n \t\t\t\t</td><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-entry\n \t\t\t\t " align="char" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t">t=1,121 \t\t\t\t\t\t\n \t\t\t\t</td></tr><tr title="table-row"><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-entry\n \t\t\t\t " colspan="3" align="left" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t"></td></tr><tr title="table-row"><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-entry\n \t\t\t\t " colspan="3" align="left" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t">Não-positiva</td></tr><tr title="table-row"><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-entry\n \t\t\t\t " align="left" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t">M (DP) \t\t\t\t\t\t\n \t\t\t\t</td><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-entry\n \t\t\t\t " align="char" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t">20,52 (9,96) \t\t\t\t\t\t\n \t\t\t\t</td><td class="td" title="\n \t\t\t\t\ttable-entry\n \t\t\t\t " align="char" valign="\n \t\t\t\t\ttop\n \t\t\t\t">p=0,263 \t\t\t\t\t\t\n \t\t\t\t</td></tr></tbody></table> """ ] "imagenFichero" => array:1 [ 0 => "xTab432233.png" ] ] ] ] "descripcion" => array:1 [ "pt" => "Estatísticas descritivas e teste t-Student para ISS" ] ] 1 => array:7 [ "identificador" => "tbl0010" "etiqueta" => "Tabela 2" "tipo" => "MULTIMEDIATABLA" "mostrarFloat" => true "mostrarDisplay" => false "tabla" => array:2 [ "leyenda" => "Ac. 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Estadísticas

Original

The sexual double standard in a masculine way: A Portuguese transgenerational perspective

Nuno Miguel Marquesa,

Autor para correspondencia

psimarques@gmail.com

Autor para correspondência.

, Rui Xavier Vieiraa, Pedro Santos Pechorrob

a Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal

b Centro de Investigação sobre Espaço e Organizações, Universidade do Algarve (UAlg), Faro, Portugal

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poderemos pensar que ao longo dos diversos per&#237;odos hist&#243;ricos e tamb&#233;m devido a influ&#234;ncias de v&#225;ria ordem &#40;entre as quais a pr&#243;pria Igreja Cat&#243;lica&#41; se foram produzindo acontecimentos que&#44; direta ou indiretamente contribu&#237;ram para a consolida&#231;&#227;o das diferen&#231;as de g&#233;nero e levaram &#224; constru&#231;&#227;o de um duplo padr&#227;o sexual&#44; conceito criado em 1964 por Reiss<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0010"><span class="elsevierStyleSup">2</span></a> para se referir a um conjunto de normas sociais que determinam a pr&#225;tica de comportamentos sexuais diferenciados para cada um dos g&#233;neros&#44; sendo que aos homens seria concedida uma maior liberdade sexual relativamente &#224;s mulheres&#46; Em termos hist&#243;ricos&#44; podemos verificar que&#44; anteriormente &#224; liberaliza&#231;&#227;o das atitudes e comportamentos sexuais ocorridos a partir dos anos 60 &#40;em especial com a emancipa&#231;&#227;o feminina atrav&#233;s do maio de 1968 em Fran&#231;a&#41;&#44; predominava nas sociedades ocidentais um duplo padr&#227;o sexual cl&#225;ssico&#44; ou seja&#44; era concedida muito maior liberdade sexual ao homem relativamente &#224; mulher&#44; a quem n&#227;o era permitido ter rela&#231;&#245;es sexuais antes do casamento e muito menos fora dele&#46; Assim&#44; apenas no caso do homem era permitido &#40;e at&#233; encorajado&#41; cunhar as suas experi&#234;ncias afetivas dum car&#225;cter sexual&#44; ao passo que&#44; para a mulher&#44; tal procedimento acarretava a vergonha e a culpabiliza&#231;&#227;o por parte da sociedade&#46; Relativamente a Portugal&#44; com a chegada dos ecos do maio de 68 franc&#234;s a territ&#243;rio nacional&#44; a que se somou o descontentamento civil e militar pela pol&#237;tica colonialista e autorit&#225;ria do Estado Novo&#44; foram criadas as condi&#231;&#245;es para uma &#171;revolu&#231;&#227;o sexual&#187; interna &#8211; s&#243; a partir do 25 de abril de 1974 &#233; que a liberaliza&#231;&#227;o da sexualidade adquiriu uma visibilidade significativa no nosso pa&#237;s&#44; segundo Vilar<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0015"><span class="elsevierStyleSup">3</span></a>&#46;</p><p id="par0015" class="elsevierStylePara elsevierViewall">A partir da d&#233;cada de 60&#44; diversos estudos t&#234;m-se debru&#231;ado sobre a quest&#227;o do duplo padr&#227;o sexual e chegado a conclus&#245;es muito d&#237;spares&#59; ao passo que algumas investiga&#231;&#245;es t&#234;m mostrado que o duplo padr&#227;o sexual tem vindo a perder for&#231;a nas sociedades atuais &#40;ver Gentry e College<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0020"><span class="elsevierStyleSup">4</span></a>&#41;&#44; noutras os dados emp&#237;ricos recolhidos continuam a sugerir a perman&#234;ncia do duplo padr&#227;o sexual&#44; pelo menos na sua forma condicional&#44; ou seja&#44; &#224;s mulheres &#233; permitido o envolvimento sexual pr&#233;-marital desde que o fa&#231;am numa atmosfera de compromisso emocional &#40;a este prop&#243;sito&#44; ver Alferes<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0025"><span class="elsevierStyleSup">5</span></a>&#41;&#46; Noutras&#44; ainda&#44; alguma controv&#233;rsia tem surgido no que diz respeito &#224; presen&#231;a&#44; sequer&#44; de algum tipo de duplo padr&#227;o na sociedade atual sugerindo-se&#44; ao inv&#233;s disso&#44; que os comportamentos sexuais de ambos os g&#233;neros tendem a convergir para aquilo a que se chamou de <span class="elsevierStyleItalic">padr&#227;o sexual singular</span>&#44; onde &#233; concedida a mesma liberdade sexual a ambos os g&#233;neros&#46;</p><p id="par0020" class="elsevierStylePara elsevierViewall">No entender de Milhausen e Herold<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0030"><span class="elsevierStyleSup">6&#44;7</span></a>&#44; o conceito de duplo padr&#227;o sexual deve&#44; no sentido de ser mais amplamente compreendido e melhor estudado&#44; ser concebido de uma forma multidimensional e n&#227;o monol&#237;tica&#46; Assim&#44; o duplo padr&#227;o sexual comporta 2 dimens&#245;es distintas&#58; uma relacionada com a perce&#231;&#227;o social &#40;o modo como a pessoa cr&#234; que a sociedade pensa face &#224; exist&#234;ncia ou n&#227;o dum duplo padr&#227;o sexual&#41; e outra ligada &#224; aceita&#231;&#227;o pessoal &#40;o modo como a pessoa pensa acerca da exist&#234;ncia ou n&#227;o dum duplo padr&#227;o sexual&#41;&#46; Tais autores defendem&#44; com base numa poss&#237;vel contradi&#231;&#227;o entre a perce&#231;&#227;o social e o julgamento pessoal da exist&#234;ncia do duplo padr&#227;o sexual&#44; o estudo concomitante destas 2 dimens&#245;es no mesmo indiv&#237;duo&#46; Uma outra quest&#227;o prende-se com um eventual car&#225;cter de transmissibilidade de padr&#245;es sexuais entre gera&#231;&#245;es&#44; tal como &#233; defendido por autores como Capell&#224;<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0040"><span class="elsevierStyleSup">8</span></a>&#46;</p><p id="par0025" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Muito embora n&#227;o exista grande consenso no que diz respeito &#224; defini&#231;&#227;o e operacionaliza&#231;&#227;o do conceito de &#171;satisfa&#231;&#227;o sexual&#187;&#44; esta poderia definir-se&#44; segundo Byers et al&#46;<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0045"><span class="elsevierStyleSup">9</span></a>&#44; como &#171;<span class="elsevierStyleItalic">uma resposta afetiva que surge pela avalia&#231;&#227;o dos aspetos positivos e negativos associados &#224;s pr&#243;prias rela&#231;&#245;es sexuais</span>&#187;&#46; Pegando nesta defini&#231;&#227;o&#44; Parish et al&#46;<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0050"><span class="elsevierStyleSup">10</span></a> assinalaram alguns fatores fundamentais para a satisfa&#231;&#227;o sexual&#58; primeiramente&#44; as pr&#225;ticas e comportamentos sexuais &#40;um maior report&#243;rio de t&#233;cnicas e comportamentos sexuais&#44; assim como um maior envolvimento em atividades sexuais sem coito&#44; s&#227;o preditores de maior satisfa&#231;&#227;o sexual&#41;&#59; segundo&#44; os aspetos socioemocionais da rela&#231;&#227;o com o parceiro &#40;a satisfa&#231;&#227;o estaria positivamente correlacionada com o desejo sexual&#44; a satisfa&#231;&#227;o global com o parceiro e o bem-estar marital&#41;&#59; terceiro&#44; conhecimentos&#44; atitudes e valores em rela&#231;&#227;o &#224; sexualidade &#40;fortes valores religiosos&#44; atitudes sexuais conservadoras&#44; baixos conhecimentos acerca da sexualidade e pouca assertividade sexual estariam ligados a uma baixa satisfa&#231;&#227;o sexual&#41;&#59; em quarto lugar&#44; a sa&#250;de e vitalidade f&#237;sicas &#40;na medida em que doen&#231;as como a depress&#227;o&#44; patologias coron&#225;rias&#44; sa&#250;de f&#237;sica prec&#225;ria ou pouca vitalidade estariam ligadas a uma menor satisfa&#231;&#227;o sexual&#41;&#59; por &#250;ltimo&#44; barreiras ambientais &#40;como a falta de intimidade&#44; tamb&#233;m causadora de uma menor satisfa&#231;&#227;o sexual&#41;&#46; A dimens&#227;o &#171;satisfa&#231;&#227;o sexual&#187; tem sido fonte de in&#250;meras confus&#245;es e equ&#237;vocos na &#225;rea da sexologia&#44; isto porque uma avalia&#231;&#227;o objetiva da sexualidade humana &#233; extraordinariamente dif&#237;cil&#44; uma vez que se trata de um fen&#243;meno altamente idiossincr&#225;tico estando&#44; por isso&#44; pejado de in&#250;meros aspetos e significados individuais&#44; que s&#243; muito dificilmente podem ser acedidos e mensurados de um ponto de vista cient&#237;fico&#46; N&#227;o obstante esta ideia&#44; a satisfa&#231;&#227;o sexual continua a ser vista com profundo interesse&#44; a tal ponto que ser&#225; o fator psicol&#243;gico que mais tem sido avaliado na &#225;rea das disfun&#231;&#245;es sexuais&#44; de acordo com Davis e Petretic-Jackson<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0055"><span class="elsevierStyleSup">11</span></a>&#46;</p></span><span id="sec0010" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0090">Objetivos</span><p id="par0030" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Com o presente estudo pretende-se averiguar a evolu&#231;&#227;o do conceito de duplo padr&#227;o sexual e sua eventual express&#227;o dum ponto de vista masculino &#40;atrav&#233;s de 2 grupos de homens com idades distintas&#41;&#44; e tamb&#233;m o grau de satisfa&#231;&#227;o sexual percebido por cada um dos grupos&#46; Assim&#44; o presente estudo prop&#245;e-se testar se o grau de satisfa&#231;&#227;o sexual dos homens que advogam pessoalmente a exist&#234;ncia do duplo padr&#227;o sexual ser&#225; significativamente inferior ao grau de satisfa&#231;&#227;o dos homens que n&#227;o o advogam pessoalmente e tamb&#233;m se o grupo de homens dos 20-30 anos revelar&#225; uma ades&#227;o pessoal ao duplo padr&#227;o sexual significativamente menor&#44; comparativamente com o grupo de homens dos 40-50 anos&#46;</p></span><span id="sec0015" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0095">Material e m&#233;todos</span><span id="sec0020" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0100">Participantes</span><p id="par0035" class="elsevierStylePara elsevierViewall">A amostra ficou constitu&#237;da exclusivamente por indiv&#237;duos do sexo masculino provenientes da zona da Grande Lisboa&#46; Assim&#44; constitu&#237;ram-se 2 grupos distintos&#44; de dimens&#245;es sensivelmente id&#234;nticas&#44; num total de 262 participantes&#46; O Grupo 1 foi composto por participantes situados na faixa et&#225;ria dos 20-30 anos &#40;n<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>&#61;<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>132&#44; M<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>&#61;<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>23&#44;88 anos&#44; DP<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>&#61;<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>2&#44;4 anos&#41;&#46; O Grupo 2 foi formado por participantes situados na faixa et&#225;ria dos 40-50 anos &#40;n<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>&#61;<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>130&#44; M<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>&#61;<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>46&#44;27 anos&#44; DP<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>&#61;<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>3&#44;06 anos&#41;&#46;</p><p id="par0040" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Os participantes foram selecionados com base nos seguintes crit&#233;rios&#58; serem do sexo masculino e terem entre 20-30 anos ou entre 40-50 anos &#40;no sentido de se poder observar mais claramente a exist&#234;ncia ou n&#227;o de algum &#171;efeito de gera&#231;&#227;o&#187;&#41;&#44; bem como serem ou j&#225; terem sido sexualmente ativos &#40;neste &#250;ltimo caso era-lhes pedido que se reportassem &#224;s suas experi&#234;ncias passadas&#41;&#46;</p></span><span id="sec0025" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0105">Instrumentos</span><p id="par0045" class="elsevierStylePara elsevierViewall">O Question&#225;rio de Avalia&#231;&#227;o do duplo padr&#227;o sexual &#40;QADPS&#59; Questionnaire for the Evaluation of Sexual Double Standard&#59; Milhausen e Herold<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0030"><span class="elsevierStyleSup">6</span></a>&#41; &#233; um instrumento capaz de avaliar ambas as dimens&#245;es &#40;pessoal e social&#41; do duplo padr&#227;o sexual&#44; simultaneamente&#46; Numa primeira parte este question&#225;rio apresenta um conjunto de indicadores que se podem agrupar em diversas categorias sociodemogr&#225;ficas &#40;idade&#44; sexo&#44; ano de escolaridade&#44; com quem vive&#44; onde reside&#44; tipo de rela&#231;&#227;o amorosa&#44; orienta&#231;&#227;o sexual e religi&#227;o&#44; bem como a frequ&#234;ncia com que vai &#224; igreja ou pratica atividades de car&#225;cter religioso&#41;&#46; Depois&#44; o question&#225;rio est&#225; organizado segundo 5 dimens&#245;es de avalia&#231;&#227;o do duplo padr&#227;o sexual&#46; Dentro destas dimens&#245;es encontram-se 28 itens emparelhados&#44; em que cada par de itens abordam o mesmo conte&#250;do tem&#225;tico &#8211; um dos itens dirige-se ao g&#233;nero masculino e o outro ao g&#233;nero feminino&#44; de forma a que seja poss&#237;vel avaliar o efeito da vari&#225;vel g&#233;nero&#44; ou seja&#44; a atitude do participante relativamente a um determinado comportamento sexual desempenhado por ambos os g&#233;neros&#46;</p><p id="par0050" class="elsevierStylePara elsevierViewall">As respostas dos participantes aos itens das subescalas de tipo Likert distribuem-se por um <span class="elsevierStyleItalic">continuum</span> que vai de um extremo negativo &#40;1&#41; a um extremo positivo &#40;5&#41;&#46; O pr&#243;ximo passo a efetuar em termos dos procedimentos de cota&#231;&#227;o consiste no c&#225;lculo da diferen&#231;a entre os pares de itens correspondentes&#44; ou seja&#44; pela subtra&#231;&#227;o dos itens femininos pelos itens masculinos&#46; O somat&#243;rio dos resultados assim obtidos pela subtra&#231;&#227;o de todos os itens emparelhados fornece-nos o resultado global obtido por cada participante&#58; se o resultado final for superior a 0 indica que as respostas dadas v&#227;o no sentido de um duplo padr&#227;o sexual &#40;maior liberdade sexual concedida ao homem por compara&#231;&#227;o com a mulher&#41;&#59; se for igual a 0 indica que apontam para um padr&#227;o sexual singular &#40;igual liberdade sexual concedida a homens e mulheres&#41; e&#44; por fim&#44; se for inferior a 0 sugere que as respostas dadas v&#227;o no sentido de um padr&#227;o sexual invertido &#40;maior liberdade sexual concedida &#224; mulher por compara&#231;&#227;o com o homem&#41;&#46; Neste trabalho&#44; o QADPS obteve um alfa de Cronbach de 0&#44;85&#44; revelando uma boa consist&#234;ncia interna &#40;inclusivamente&#44; superior &#224; obtida pelos autores do instrumento&#44; situada em torno de 0&#44;70&#41;&#44; encontrando-se traduzido para a l&#237;ngua portuguesa por Leal et al&#46;<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0060"><span class="elsevierStyleSup">12</span></a>&#46;</p><p id="par0055" class="elsevierStylePara elsevierViewall">O &#205;ndice de Satisfa&#231;&#227;o Sexual &#40;ISS&#59; Index of Sexual Satisfaction&#59; Hudson<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0065"><span class="elsevierStyleSup">13&#44;14</span></a>&#59; Hudson&#44; Harrison e Crosscup<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0075"><span class="elsevierStyleSup">15</span></a>&#41; &#233;&#44; segundo Pechorro<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0080"><span class="elsevierStyleSup">16</span></a>&#44; uma escala de 25 itens que mede o grau ou magnitude da insatisfa&#231;&#227;o sexual no contexto de um relacionamento di&#225;dico &#40;de casal&#41;&#46; Esta escala mede os sentimentos do indiv&#237;duo quanto a um n&#250;mero de comportamentos&#44; atitudes&#44; eventos&#44; estados afetivos e prefer&#234;ncias associadas ao relacionamento sexual entre parceiros&#46; Os itens foram constru&#237;dos de forma a n&#227;o serem ofensivos nem excessivamente invasivos da privacidade do respondente&#46; Cada um dos itens &#233; cotado numa escala de frequ&#234;ncia relativa &#40;de tipo Likert&#41; de 1 &#40;nunca&#41; a 7 &#40;sempre&#41;&#46; As pontua&#231;&#245;es obtidas v&#227;o de 0 a 100 pontos&#44; indicando as pontua&#231;&#245;es mais altas maiores n&#237;veis de insatisfa&#231;&#227;o sexual&#46; O ISS tem um ponto de corte cl&#237;nico recomendado de 30 pontos&#44; sendo que as pontua&#231;&#245;es acima desse valor indicam uma insatisfa&#231;&#227;o sexual relacional clinicamente significativa&#46; Este instrumento foi desenvolvido a partir das respostas de 1&#46;738 respondentes&#44; incluindo homens&#44; mulheres&#44; solteiros e casados&#44; provenientes de popula&#231;&#245;es cl&#237;nicas e n&#227;o-cl&#237;nicas&#44; estudantes e n&#227;o-estudantes&#44; bem como n&#237;veis de ensino que iam do secund&#225;rio ao universit&#225;rio&#46; Os respondentes&#44; embora maioritariamente caucasianos&#44; tamb&#233;m inclu&#237;am um grupo menor de indiv&#237;duos pertencentes a outros grupos &#233;tnicos&#46;</p><p id="par0060" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Em termos de propriedades psicom&#233;tricas&#44; o ISS obteve valores de precis&#227;o alfa de Cronbach muito aceit&#225;veis ao ser aplicado a 3 amostras heterog&#233;neas diferentes &#40;sempre acima de 0&#44;90&#41;&#44; indicando uma boa consist&#234;ncia interna&#46; A precis&#227;o teste-reteste ou estabilidade temporal com uma semana de intervalo foi considerada boa&#44; com um valor de 0&#44;93&#46;</p><p id="par0065" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Em termos de validade&#44; o ISS foi testado atrav&#233;s de correla&#231;&#245;es interescalas que demonstraram que todos os itens exceto 4 obtinham valores considerados elevados &#40;acima de 0&#44;30&#41;&#59; esses 4 itens foram&#44; posteriormente&#44; substitu&#237;dos por outros mais adequados&#46; O coeficiente de validade de grupos-conhecidos ou validade discriminante&#44; determinado pela correla&#231;&#227;o bisserial por pontos&#44; entre os grupos-crit&#233;rio &#40;com problema sexual <span class="elsevierStyleItalic">versus</span> sem problema sexual&#41; e as pontua&#231;&#245;es do ISS foi de 0&#44;76&#44; sendo considerado bom porque demonstra que o ISS se correlaciona fortemente com o crit&#233;rio com o qual &#233; suposto estar relacionado &#40;exist&#234;ncia de um problema sexual&#41;&#46; No que concerne &#224; validade concorrente&#44; o ISS obteve correla&#231;&#245;es moderadas a altas com outros instrumentos e&#44; em termos de validade divergente&#44; o ISS foi tamb&#233;m testado com uma escala de atitudes sexuais&#44; tendo obtido uma correla&#231;&#227;o baixa&#46; Portanto&#44; podemos considerar que o ISS tem uma boa validade de constructo&#44; uma vez que apresenta uma correla&#231;&#227;o forte com as medidas com as quais se deveria correlacionar&#44; e se correlaciona fracamente com as medidas com as quais n&#227;o se deveria correlacionar&#46; No presente estudo&#44; o ISS obteve um alfa de Cronbach de 0&#44;91&#44; na linha dos autores originais e do procedimento de valida&#231;&#227;o acima descrito &#40;onde se obteve um alfa de Cronbach sempre superior a 0&#44;90&#41;&#46; O ISS encontra-se validado para as popula&#231;&#245;es feminina e masculina portuguesas por Pechorro et al&#46;<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0085"><span class="elsevierStyleSup">17&#44;18</span></a>&#44; tendo sido essa vers&#227;o a utilizada no presente estudo&#46;</p><p id="par0070" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Relativamente &#224; inclus&#227;o de um question&#225;rio sociodemogr&#225;fico&#44; tal passo n&#227;o se revelou necess&#225;rio no presente estudo uma vez que o QADPS j&#225; inclui uma primeira parte com vista &#224; recolha de informa&#231;&#245;es dessa natureza&#46;</p></span><span id="sec0030" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0110">Procedimentos</span><p id="par0075" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Previamente &#224; aplica&#231;&#227;o de ambos os instrumentos&#44; procurou-se contactar os autores dos mesmos no sentido de obter autoriza&#231;&#227;o e aprova&#231;&#227;o para prosseguir o estudo nos moldes pretendidos&#46; O Grupo 1 foi selecionado e observado no contexto duma institui&#231;&#227;o de ensino superior&#46; Relativamente ao Grupo 2&#44; as aplica&#231;&#245;es aconteceram em diversos locais de aplica&#231;&#227;o &#40;habitualmente na resid&#234;ncia dos participantes ou em locais onde fosse assegurada total privacidade&#41; no sentido de esclarecer os objetivos da investiga&#231;&#227;o&#44; a confidencialidade e anonimato dos dados&#44; e a possibilidade de recusa imediata em participar&#46; Neste grupo existiram algumas recusas em participar na investiga&#231;&#227;o&#44; essencialmente devido ao facto dos conte&#250;dos abordados remeterem para quest&#245;es do foro &#237;ntimo&#46;</p><p id="par0080" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Para o tratamento estat&#237;stico dos dados foi utilizada a vers&#227;o 17 do programa SPSS para Windows &#40;<span class="elsevierStyleItalic">Statistical Package for Social Sciencies</span>&#41;<span class="elsevierStyleSup">&#169;</span>&#46; Obtiveram-se dados de natureza descritiva&#44; em especial as idades &#40;tendo-se obtido a m&#233;dia para cada um dos grupos e o respetivo desvio-padr&#227;o&#41;&#44; n&#237;veis de escolaridade&#44; tipo de rela&#231;&#227;o amorosa e orienta&#231;&#227;o sexual dos participantes&#46; No sentido de se averiguar a exist&#234;ncia de diferen&#231;as significativas entre os grupos ao n&#237;vel da satisfa&#231;&#227;o sexual e sua rela&#231;&#227;o com a aceita&#231;&#227;o pessoal do duplo padr&#227;o sexual&#44; bem como o n&#237;vel de ades&#227;o pessoal ao duplo padr&#227;o sexual de cada um dos grupos&#44; utilizou-se um teste param&#233;trico de signific&#226;ncia sobre a igualdade de valores m&#233;dios &#40;t-Student&#41; para 2 amostras independentes&#44; tendo-se considerado um n&#237;vel de signific&#226;ncia de p &#8804;<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>0&#44;05&#46;</p></span></span><span id="sec0035" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0115">Resultados</span><p id="par0085" class="elsevierStylePara elsevierViewall">A grande maioria dos participantes do Grupo 1 &#40;88&#44;6&#37;&#41; afirma viver com a fam&#237;lia nuclear &#40;pais&#44; irm&#227;os&#44; tios e&#47;ou av&#243;s&#41;&#46; Em termos da rela&#231;&#227;o amorosa atual&#44; metade dos inquiridos afirma ter uma rela&#231;&#227;o est&#225;vel com uma pessoa e cerca de um quarto dos inquiridos afirma n&#227;o ter nenhuma rela&#231;&#227;o amorosa &#40;26&#44;5&#37;&#41;&#46; No que concerne &#224; orienta&#231;&#227;o religiosa&#44; a maioria &#40;mais de 60&#37;&#41; dizem-se cat&#243;licos mas&#44; curiosamente&#44; nunca ou quase nunca v&#227;o &#224; igreja ou praticam atividades de car&#225;cter religioso &#40;em 68&#44;1&#37; dos casos&#41;&#46;</p><p id="par0090" class="elsevierStylePara elsevierViewall">No que ao Grupo 2 diz respeito&#44; os participantes apresentam-se distribu&#237;dos de forma relativamente equilibrada pelos diversos n&#237;veis de escolariza&#231;&#227;o considerados&#44; desde o ensino b&#225;sico at&#233; &#224; frequ&#234;ncia&#47;conclus&#227;o do ensino superior&#46; A grande maioria &#40;quase 90&#37;&#41; vive com o c&#244;njuge mantendo&#44; portanto&#44; um casamento ou uni&#227;o de facto&#46; Mais de 85&#37; dizem-se cat&#243;licos&#44; sendo que mais de 80&#37; dos inquiridos deste grupo vai &#224; igreja ou tem atividades religiosas com alguma regularidade&#46;</p><p id="par0095" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Os resultados mostram que os valores m&#233;dios obtidos no &#205;ndice de Satisfa&#231;&#227;o Sexual dos grupos diferenciados com base na sua pontua&#231;&#227;o em termos da dimens&#227;o &#171;Aceita&#231;&#227;o Pessoal do Duplo Padr&#227;o Sexual&#187; n&#227;o diferem significativamente &#40;ver <a class="elsevierStyleCrossRef" href="#tbl0005">tabela 1</a>&#41;&#46;</p><elsevierMultimedia ident="tbl0005"></elsevierMultimedia><p id="par0100" class="elsevierStylePara elsevierViewall">No que &#224; segunda hip&#243;tese diz respeito&#44; atrav&#233;s dum procedimento estat&#237;stico semelhante ao utilizado na primeira hip&#243;tese&#44; os resultados obtidos foram estatisticamente significativos &#40;ver <a class="elsevierStyleCrossRef" href="#tbl0010">tabela 2</a>&#41;&#44; mas no sentido de uma maior ades&#227;o pessoal ao duplo padr&#227;o sexual por parte do Grupo 1 &#40;homens dos 20-30 anos&#41;&#46;</p><elsevierMultimedia ident="tbl0010"></elsevierMultimedia></span><span id="sec0040" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0120">Discuss&#227;o</span><p id="par0105" class="elsevierStylePara elsevierViewall">O presente estudo procurou estudar a evolu&#231;&#227;o transgeracional<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0040"><span class="elsevierStyleSup">8</span></a> do fen&#243;meno do duplo padr&#227;o sexual em territ&#243;rio nacional e averiguar uma eventual rela&#231;&#227;o deste com a insatisfa&#231;&#227;o sexual&#46; Foram&#44; para tal&#44; aventadas 2 hip&#243;teses de estudo&#44; sendo que estas n&#227;o foram corroboradas pelos dados&#46;</p><p id="par0110" class="elsevierStylePara elsevierViewall">A primeira hip&#243;tese esperava encontrar uma rela&#231;&#227;o entre a aceita&#231;&#227;o pessoal do duplo padr&#227;o sexual e o grau de insatisfa&#231;&#227;o sexual&#44; hipotetizando-se que um elevado grau de insatisfa&#231;&#227;o sexual estaria ligado a uma aceita&#231;&#227;o pessoal do duplo padr&#227;o sexual&#46; Ou seja&#44; esperava-se que o valor m&#233;dio obtido no ISS pelos homens com valor positivo na vari&#225;vel &#171;Aceita&#231;&#227;o Pessoal do Duplo Padr&#227;o Sexual&#187; fosse significativamente mais elevado relativamente aos homens com um valor nulo ou negativo na vari&#225;vel &#171;Aceita&#231;&#227;o Pessoal do Duplo Padr&#227;o Sexual&#187;&#46; N&#227;o foram encontradas diferen&#231;as significativas entre os valores m&#233;dios de ambos os grupos em estudo&#44; n&#227;o tendo a primeira hip&#243;tese sido corroborada pelos dados&#46;</p><p id="par0115" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Estes resultados v&#227;o no sentido de trabalhos anteriores&#44; em que se sugere que existem diversos fatores implicados na satisfa&#231;&#227;o sexual e n&#227;o apenas as pr&#225;ticas&#44; atitudes e valores face &#224; sexualidade<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0045"><span class="elsevierStyleSup">9</span></a>&#44; aspeto especialmente abordado nos instrumentos utilizados neste estudo&#46; As componentes atitudinais face &#224; sexualidade n&#227;o expressam a totalidade do fen&#243;meno &#8211; &#233; preciso conceber a sexualidade&#44; como dizia Foucault<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0005"><span class="elsevierStyleSup">1</span></a>&#44; como um constructo hist&#243;rico-cultural&#44; expresso em fun&#231;&#227;o da &#233;poca a que se reporta&#46; De acordo com o procedimento de valida&#231;&#227;o do ISS&#44; constatou-se que as atitudes sexuais estar&#227;o fracamente correlacionadas com a satisfa&#231;&#227;o sexual&#44; o que ajuda a explicar o resultado obtido<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0065"><span class="elsevierStyleSup">13</span></a>&#46; Assim&#44; &#233; poss&#237;vel que a satisfa&#231;&#227;o sexual n&#227;o decorra apenas das cren&#231;as face &#224; sexualidade e seja tamb&#233;m mediada por outro tipo de vari&#225;veis &#40;possivelmente o n&#237;vel de escolaridade&#44; a proveni&#234;ncia geogr&#225;fica&#44; os h&#225;bitos de vida&#44; as caracter&#237;sticas econ&#243;micas e sociais vigentes&#44; quest&#245;es ligadas &#224; personalidade dos participantes&#44; sua orienta&#231;&#227;o sexual&#44; entre outras&#41;&#46;</p><p id="par0120" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Relativamente &#224; segunda hip&#243;tese&#44; esta admitia que o Grupo 1 &#40;composto por homens dos 20-30 anos&#41; revelaria uma ades&#227;o pessoal ao duplo padr&#227;o sexual significativamente menor face ao Grupo 2 &#40;homens dos 40-50 anos&#41;&#46; Ou seja&#44; esperava-se que os valores m&#233;dios da vari&#225;vel &#171;Aceita&#231;&#227;o Pessoal do Duplo Padr&#227;o Sexual&#187; diferissem significativamente conforme os grupos &#40;com o Grupo 1 a apresentar um valor m&#233;dio de &#171;Aceita&#231;&#227;o Pessoal do Duplo Padr&#227;o Sexual&#187; significativamente mais baixo do que o Grupo 2&#41;&#46; Foram encontradas diferen&#231;as estatisticamente significativas&#44; mas no sentido inverso ao esperado&#44; com o Grupo 1 a revelar um maior apego ao duplo padr&#227;o sexual face ao Grupo 2&#46;</p><p id="par0125" class="elsevierStylePara elsevierViewall">De acordo com Marks<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0095"><span class="elsevierStyleSup">19</span></a>&#44; o pr&#243;prio &#171;efeito de grupo&#187; poder&#225; ter levado ao surgimento de um duplo padr&#227;o sexual no Grupo 1 &#40;dos 20-30 anos&#41;&#44; ao contr&#225;rio daquilo que era esperado &#8211; as pessoas exibem o duplo padr&#227;o sexual em p&#250;blico&#44; mas n&#227;o o far&#227;o em privado&#44; onde n&#227;o existir&#225; esse efeito &#171;normalizador&#187; causado pela experi&#234;ncia de grupo &#8211; a intera&#231;&#227;o social tender&#225; a salientar as normas sociais e a sua import&#226;ncia&#44; pelo que o duplo padr&#227;o sexual ter&#225; ent&#227;o emergido fortemente no Grupo 1&#44; mas n&#227;o tanto no Grupo 2&#44; levando &#224; n&#227;o corrobora&#231;&#227;o da segunda hip&#243;tese&#58; numa fase do desenvolvimento em que os jovens adultos procuram afirmar-se &#40;quase como se ainda fossem adolescentes&#41;&#44; uma aplica&#231;&#227;o coletiva poder&#225; ter contribu&#237;do&#44; ironicamente&#44; para uma forma mais &#171;social&#187; e menos individualizada de pensar&#44; mais de acordo com as diretrizes sociais e &#171;expect&#225;veis&#187; para aquele grupo&#46; O comportamento mais &#171;normal&#187; tender&#225; a ser&#44; assim&#44; avaliado de forma mais positiva&#44; segundo Vanwesenbeeck<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0100"><span class="elsevierStyleSup">20</span></a>&#46; Assim&#44; em condi&#231;&#245;es de aplica&#231;&#227;o grupais estandardizadas numa sala&#44; &#233; poss&#237;vel que o duplo padr&#227;o sexual tenha emergido mais por um efeito de &#171;desejabilidade social&#187; do que pelo julgamento isento e sincero dos participantes&#46;</p><p id="par0130" class="elsevierStylePara elsevierViewall">O facto de n&#227;o ter surgido um duplo padr&#227;o sexual t&#227;o pronunciado no Grupo 2 poder&#225; dever-se tamb&#233;m ao facto da sexualidade da meia-idade ser mais&#44; por assim dizer&#44; &#171;um saber de experi&#234;ncia feito&#187;&#44; e &#233; bem poss&#237;vel que os homens &#40;e casais&#41; mais maduros estejam mais despertos para uma vertente mais emocional&#44; mais partilhada e menos estritamente f&#237;sica da sexualidade&#44; podendo disfrutar mais aberta e descontraidamente do sexo&#44; longe de dogmas sociais que pregam a &#171;perfei&#231;&#227;o&#187; e a exig&#234;ncia sexuais sobre os ombros do macho&#44; efeito esse que ser&#225; mais sentido por parte dos jovens adultos &#40;o caso do Grupo 1&#41;&#46; As pr&#243;prias mulheres poder&#227;o&#44; desde logo&#44; estar a &#171;assustar&#187; os novos homens com as suas crescentes exig&#234;ncias e reivindica&#231;&#245;es por &#171;melhor sexo&#187;&#44; na linha daquilo que se definiu&#44; para Sanchez et al&#46;<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0105"><span class="elsevierStyleSup">21</span></a>&#44; como uma &#171;motiva&#231;&#227;o de intimidade&#187;&#44; contrastante com uma &#171;motiva&#231;&#227;o de aprova&#231;&#227;o &#40;por parte do parceiro&#41;&#187;&#46; Isto poder&#225; levar os homens a &#171;refugiarem-se&#187; em regras feitas porque mais protetoras e confort&#225;veis para eles&#44; levando-os a manterem-se defensores do duplo padr&#227;o sexual n&#227;o apenas ao n&#237;vel social como tamb&#233;m &#40;e especialmente os mais jovens&#41; ao n&#237;vel pessoal&#46;</p><p id="par0135" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Encontraram-se tamb&#233;m ind&#237;cios dum certo grau de transmissibilidade dos padr&#245;es sexuais de gera&#231;&#227;o em gera&#231;&#227;o<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0040"><span class="elsevierStyleSup">8</span></a>&#44; para al&#233;m duma defesa mais acirrada de padr&#245;es sexuais conservadores por parte do grupo mais jovem&#44; contrariamente ao que seria de esperar&#46; As hip&#243;teses n&#227;o foram&#44; assim&#44; corroboradas pelos dados&#46;</p><p id="par0140" class="elsevierStylePara elsevierViewall">&#201; muito poss&#237;vel&#44; tamb&#233;m&#44; que as limita&#231;&#245;es da presente investiga&#231;&#227;o possam ter tido o seu contributo &#8211; falta compreender a eventual interfer&#234;ncia de algumas vari&#225;veis moderadoras &#40;em especial a idade&#44; a escolaridade&#44; o n&#237;vel socioecon&#243;mico&#44; a zona geogr&#225;fica de origem dos participantes&#44; entre outras&#41; sobre os resultados obtidos&#46; Uma amostra de maiores dimens&#245;es&#44; que seja aleat&#243;ria e representativa da popula&#231;&#227;o-alvo poderia trazer maior clarivid&#234;ncia aos resultados e enriquecer o &#226;mbito desta investiga&#231;&#227;o&#46;</p></span><span id="sec0045" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0125">Conclus&#245;es</span><p id="par0145" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Esta investiga&#231;&#227;o lan&#231;ou um primeiro olhar sobre a perspetiva masculina acerca dos fen&#243;menos de satisfa&#231;&#227;o sexual&#44; duplo padr&#227;o sexual e eventuais rela&#231;&#245;es entre ambos&#46; Alguns autores<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0030"><span class="elsevierStyleSup">6&#44;7</span></a> sustentam a transi&#231;&#227;o de padr&#245;es sexuais na sociedade atual&#44; mas parece que tal n&#227;o tem sucedido sem muito &#171;sacrif&#237;cio&#187; de valores e ideais patriarcalmente instalados&#44; a tal ponto que se cr&#234; existir ainda um forte legado transgeracional<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0040"><span class="elsevierStyleSup">8</span></a> de padr&#245;es sexuais conservadores de gera&#231;&#227;o em gera&#231;&#227;o&#46; O presente estudo chama a aten&#231;&#227;o para que&#44; em termos da cl&#237;nica psicol&#243;gica&#44; m&#233;dica e sexol&#243;gica&#44; se compreenda que se vivem tempos de transi&#231;&#227;o ao n&#237;vel das atitudes e comportamentos sexuais e que&#44; em termos cl&#237;nicos&#44; os profissionais de sa&#250;de mental e sexual dever&#227;o n&#227;o apenas ajudar&#44; como tamb&#233;m preparar mulheres e &#40;muito especialmente&#41; homens para a emerg&#234;ncia de novos padr&#245;es sexuais&#46;</p></span><span id="sec0050" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0130">Responsabilidades &#233;ticas</span><span id="sec0055" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0135">Direito &#224; privacidade e consentimento escrito</span><p id="par0150" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Os autores declaram ter recebido consentimento escrito dos pacientes e&#47; ou sujeitos mencionados no artigo&#46; O autor para correspond&#234;ncia deve estar na posse deste documento&#46;</p></span><span id="sec0060" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0140">Confidencialidade dos dados</span><p id="par0155" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Os autores declaram ter seguido os protocolos de seu centro de trabalho acerca da publica&#231;&#227;o dos dados de pacientes e que todos os pacientes inclu&#237;dos no estudo receberam informa&#231;&#245;es suficientes e deram o seu consentimento informado por escrito para participar nesse estudo&#46;</p></span><span id="sec0065" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0145">Prote&#231;&#227;o de pessoas e animais</span><p id="par0160" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Os autores declaramque os procedimentos seguidos estavam de acordo com os regulamentos estabelecidos pelos respons&#225;veis da Comiss&#227;o de Investiga&#231;&#227;o Cl&#237;nica e &#201;tica e de acordo com os da Associa&#231;&#227;o M&#233;dica Mundial e da Declara&#231;&#227;o de Helsinki&#46;</p></span><span id="sec0075" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0150">Financiamento</span><p id="par0170" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Este artigo foi parcialmente financiado pela Funda&#231;&#227;o para a Ci&#234;ncia e Tecnologia &#40;FCT&#41; de Portugal&#46;</p></span></span><span id="sec0070" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0155">Conflito de interesses</span><p id="par0165" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Os autores declaram n&#227;o haver conflito de interesses&#46;</p></span></span>"
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                  \t\t\t\t</td></tr></thead><tbody title="tbody"><tr title="table-row"><td class="td" title="\n
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                  \t\t\t\t</td></tr><tr title="table-row"><td class="td" title="\n
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                  \t\t\t\t">p<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>&#61;<span class="elsevierStyleHsp" style=""></span>0&#44;263&nbsp;\t\t\t\t\t\t\n
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                  \t\t\t\t" style="border-bottom: 2px solid black">t e valor p&nbsp;\t\t\t\t\t\t\n
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Información del artículo

ISSN: 1698031X
Idioma original: Portugués

DOI:10.1016/j.androl.2013.06.001

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2016 Marzo	13	6	19
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2014 Enero	20	10	30
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