Uma das tarefas mais exigentes do meu dia a dia é, seguramente, a formação de internos. Os internos de Angiologia e Cirurgia Vascular incluem-se na elite médica portuguesa dado o grau de exigência das provas que efetuaram até chega rem a esta fase das suas carreiras. Compete-nos a nós, formadores, uma multiplicidade de interações:
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transmitir conhecimentos derivados da «experiência» impossíveis de adquirir nos livros ou «on-line»
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ajudar pacientemente as cirurgias que nos consumiriam menos tempo e menos «stress»
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libertá-los progressivamente na autonomia dos procedimentos
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corrigir a iatrogenia
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apoiá-los no insucesso, ajudando a ultrapassar alguma culpabilidade
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fomentar as relações humanas com os doentes, os familia res e os outros profissionais
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transmitir valores que os orientem ao longo da sua vida profissional
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e ainda uma quantidade de pormenores indescritíveis da nossa rotina diária
E tudo isto numa relação muito próxima com pessoas adultas, com a sua história de vida, ambiciosos, lutadores e competitivos!
É certamente uma tarefa difícil porque necessita de tempo, vontade, disponibilidade e carinho. Mas é também muito recompensadora porque nos torna mais exigentes connosco próprios, dinamiza os Serviços e perpetua «algo de nós». Quantos não sentiram já o orgulho perante o bom desempenho de um dos nossos jovens dizendo: é meu interno!
Esta experiência da formação de internos, por tudo o que envolve não só de conteúdo técnico mas sobretudo na sua componente humana e de transmissão de valores, assemelha-se, para mim, à educação de um filho. Quantos nos revemos nos nossos internos, para quantos eles representam o filho que trilhou o caminho que gostaríamos que os nossos tivessem escolhido E, tal como para os nossos filhos a melhor forma de educar é seguramente dando o exemplo!