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Disponible online el 23 de noviembre de 2016
Validade e fidedignidade de escalas de apoio social e autoeficácia para atividade física em escolares
Validez y fiabilidad de las escalas de apoyo social y autoeficacia para la actividad física en escolares
Validity and reliability of scales measuring social support and self‐efficacy for physical activity in students
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E.D.A. Bacila,
Autor para correspondencia
elianebacil@hotmail.com

Autor para correspondência.
, T.S. Piolaa, O. Mazzardob, C.R. Rechc, R.F.S. Legnania, W. Camposa
a Departamento de Educação Física, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil
b Centro de Ciências Humanas, Educação e Letras, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, PR, Brasil
c Departamento de Educação Física, Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil
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Recibido 04 Marzo 2016. Aceptado 03 Octubre 2016
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Tabela 1. Características sociodemográficas e nível de atividade física dos escolares participantes do estudo, Curitiba, PR, Brasil, 2014 (validade: n=1678, reprodutibilidade: n=1393)
Tabela 2. Análise fatorial exploratória para as escalas de medida de apoio social e autoeficácia para AF dos escolares participantes do estudo, Curitiba, PR, Brasil, 2014 (n=1678)
Tabela 3. Medidas de fidedignidade – consistência interna (n=1678) e reprodutibilidade «teste‐reteste» (n=1393) – das escalas de medida de apoio social e autoeficácia para AF dos escolares participantes do estudo, Curitiba, PR, Brasil, 2014
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Resumo
Objetivo

Analisar a validade e a fidedignidade (reprodutibilidade e consistência interna) das escalas de apoio social e autoeficácia para atividade física em escolares de 9‐15 anos.

Método

Participaram do estudo 1678 escolares para a etapa de validade e consistência interna e 1393 para reprodutibilidade, de ambos os sexos, de Curitiba, Brasil. A validade foi verificada pela análise fatorial exploratória, a reprodutibilidade pelo coeficiente de correlação intraclasse e a consistência interna pelo alpha de Cronbach.

Resultados

As escalas de apoio social e autoeficácia para atividade física apresentaram dois fatores com cargas fatoriais iguais ou superiores a 0.40 para todos os itens em todas as idades. Os escores de reprodutibilidade foram adequados em todas as faixas etárias analisadas para as medidas de apoio social para atividade física (≥0.81) e autoeficácia para atividade física (≥0.72). A consistência interna para a escala de apoio social variou entre 0.87‐0.90 e para a escala de autoeficácia para atividade física de 0.77‐0.82.

Conclusões

As escalas demonstraram validade fatorial satisfatória e reprodutibilidade e consistência interna adequadas, sendo recomendadas a sua utilização em estudos com escolares entre 9‐15 anos de idade.

Palavras‐chave:
Reprodutibilidade dos resultados
Apoio social
Autoeficácia
Estudantes
Resumen
Objetivo

Analizar la validez y fiabilidad (reproducibilidad y consistencia interna) de las escalas de apoyo social y autoeficacia para la actividad física en escolares de 9‐15 años.

Método

Participaron en el estudio 1678 escolares en el análisis de la validez y la consistencia interna y 1393 para el de reproducibilidad, de ambos sexos, de la ciudad de Curitiba, Brasil. La validez fue verificada por medio del análisis factorial exploratorio, la reproducibilidad a través del coeficiente de correlación intraclase, y la consistencia interna mediante el alpha de Cronbach.

Resultados

Las escalas de apoyo social y autoeficacia para la actividad física presentaron dos factores con cargas factoriales iguales o superiores a 0.40 en todos los ítems y en todas las edades. Las puntuaciones de reproducibilidad fueron adecuadas en todas las franjas etarias analizadas para las medidas de apoyo social en la actividad física (≥0.81), y la autoeficacia para la actividad física (≥0.72). La consistencia interna para la escala de apoyo social, varió entre 0.87‐0.90, y para la escala de autoeficacia para la actividad física, de 0.77‐0.82.

Conclusiones

Las escalas demostraron validez factorial satisfactoria, y reproducibilidad y consistencia interna adecuadas, por lo que se recomienda su utilización en estudios con escolares entre nueve y 15 años de edad.

Palabras clave:
Reproducibilidad de los resultados
Apoyo social
Autoeficacia
Escolares
Abstract
Objective

To examine the validity and reliability (reproducibility and internal consistency) of scales of social support and self‐efficacy for physical activity in nine to fifteen‐year‐old students.

Methods

The study included 1.678 students in the validity and internal consistency phase and 1.393 students during the reproducibility. Students of both sexes aged nine to fifteen years, from the city of Curitiba, Brazil, participated in the study. The validity was verified by the exploratory factor analysis, the reproducibility by the intraclass correlation coefficient and the internal consistency by the Cronbach's alpha.

Results

The scales of social support and self‐efficacy for physical activity showed two factors with factor loadings equal to or greater than 0.40 for all ages. The reproducibility scores were adequate in all age groups for the social support measures for physical activity (≥0.81) and self‐efficacy measures for physical activity (≥0.72). The internal consistency for the social support scale ranged from 0.87 to 0.90 and from 0.77 to 0.82 for the self‐efficacy scale.

Conclusions

The scales showed satisfactory factorial validity and adequate reproducibility and internal consistency being, suitable for students aged nine to fifteen.

Keywords:
Reproducibility of results
Social support
Self‐efficacy
Students
Texto completo
Introdução

A prática de atividade física (AF) tende a declinar durante a adolescência1. Para prevenir ou diminuir este declínio na AF é importante identificar os correlatos da AF em crianças e adolescentes, visando a manutenção da AF em quantidades e intensidades adequadas desde a infância até a idade adulta. Entre os correlatos associados com a AF, os fatores psicossociais, tais como o apoio social e a autoeficácia, são consistentemente associados com AF em crianças e adolescentes, e podem promover e facilitar a AF nesta população2.

No Brasil existem poucos instrumentos de avaliação do apoio social e autoeficácia para AF em adolescentes3–5, e em crianças, até a presente data, parecem não existir. O estudo realizado por Farias Júnior et al.5 desenvolveu e analisou a reprodutibilidade e a validade de um questionário para mensurar fatores psicossociais e ambientais associados à prática de AF em adolescentes da região nordeste do país, incluindo medidas de apoio social e autoeficácia para AF. A medida de apoio social apresentou dois fatores relacionados com o apoio dos amigos (α=0.90; coeficiente de correlação intraclasse [CCI]=0.89) e dos pais (α=0.81; CCI=0.91), enquanto a medida de autoeficácia apresentou dois fatores relacionados com recursos para prática de AF (α=0.76; CCI=0.75) e motivos para prática de AF (α=0.75; CCI=0.67). Este questionário demonstrou validade e fidedignidade (consistência interna e reprodutibilidade) satisfatórias para aplicação em adolescentes de 14‐19 anos do município de João Pessoa (PB), região nordeste do Brasil. No entanto, para a demonstração de sua aplicabilidade em outras populações, há a necessidade da verificação de sua validade e fidedignidade em indivíduos de diferentes idades e de outras localidades.

Os fatores socioeconômicos e as diferenças culturais e regionais podem levar a hábitos e costumes diferenciados entre os indivíduos. Crianças e adolescentes que apresentam características comportamentais, psicológicas e sociais diferentes, podem contribuir para a percepção diferenciada de apoio social e autoeficácia para AF. Para aplicação deste questionário em escolares de 9‐15 anos da região sul do Brasil, há a necessidade de testar a validade e fidedignidade deste questionário nesta população. Assim, este estudo tem como objetivo verificar a validade e a fidedignidade das escalas de apoio social e autoeficácia para AF, em escolares de 915 anos de uma cidade do sul do Brasil.

MétodoDelineamento do estudo

O presente estudo trata‐se de um levantamento transversal realizado em sete escolas públicas (três de nível estadual e quatro de nível municipal), selecionadas de modo intencional, de Curitiba, Paraná, Brasil. A coleta de dados foi efetuada de março a dezembro de 2014, por equipe treinada do Centro de Estudos de Atividade Física e Saúde (CEAFS) da Universidade Federal do Paraná, supervisionados pela pesquisadora principal.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Paraná (Parecer 667.179; CAAE: 30350514.3.0000.0102), de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

Amostra

A população foi composta por crianças e adolescentes de ambos os sexos, matriculados em escolas públicas da área urbana e do período diurno. Duas turmas por ano de ensino foram selecionadas aleatoriamente para participação da coleta de dados e todos os alunos de cada turma sorteada foram convidados a participar do estudo. Inicialmente, foi solicitada autorização das escolas para realização do estudo e, no dia anterior à coleta de dados, foi entregue aos alunos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para os pais ou responsáveis autorizarem seus filhos a participarem do estudo e, posteriormente, o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) para os adolescentes assinarem concordando em participar do estudo. Na data estipulada da coleta de dados, de posse destes documentos, os escolares responderam os questionários em sala de aula, durante o horário normal das aulas de educação física, a partir de orientações prévias da pesquisadora principal com a supervisão do grupo de aplicação.

Procedimentos

Para caracterização da amostra estudada, os escolares responderam questões sobre aspectos sociodemográficos (sexo, idade, ocupação, moradia, tipo de residência, classe econômica e escolaridade do pai e da mãe), bem como um questionário sobre o nível de AF.

A determinação do nível socioeconômico foi realizada através do Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB)6. Os escolares foram classificados nas seguintes classes: A1+A2 (a mais alta), B1+B2,C e D/E (a mais baixa). A escolaridade do pai e da mãe foi agrupada em duas categorias (oito anos de estudo e>oito anos de estudo).

A AF do escolar foi avaliada pelo Questionário de Atividade Física para Adolescentes (QAFA)7. Para classificação do nível de AF foram considerados ativos os escolares que praticaram AF moderadas ou vigorosas, por um tempo igual ou maior do que 420 minutos/semana, e insuficientemente ativos aqueles que se exercitaram por um tempo menor8.

As escalas de apoio social e autoeficácia para AF foram mensuradas por uma escala Likert de quatro pontos. A escala de apoio social para AF contém 12 itens. Considerando uma semana típica ou normal, os escolares informam a frequência (nunca, raramente, frequentemente, sempre) com que os pais e os amigos estimulam, praticam, assistem, comentam, conversam, convidam para praticar AF e transportam ou fornecem transporte até os locais para praticar AF. A escala de autoeficácia para AF apresenta dez itens, variando de 1 «discordo muito» a 4 «concordo muito»5.

Os escolares foram agrupados em três faixas etárias (9‐10 anos, 11‐12 anos e 13‐15 anos) de acordo com a idade decimal, devido à amplitude da faixa etária e à diferente percepção de apoio social e autoeficácia para AF nos três grupos.

Análise estatística

A validade foi analisada por meio da análise fatorial exploratória, considerando a primeira aplicação do questionário. Itens com carga fatorial igual ou superior a 0.40 foram considerados relevantes para definir o fator5. A adequação dos itens das variáveis ao procedimento de análise fatorial foi avaliada a partir do índice de Kaiser Meyer‐Olkin (KMO) e do teste de esfericidade de Bartlett (BTS). Foram considerados como satisfatórios valores de KMO0.60 e o BTS com significância estatística ao nível de p<0.05.

A fidedignidade foi analisada por meio da reprodutibilidade «teste‐reteste» e da consistência interna. A reprodutibilidade foi estimada por meio do procedimento de medidas repetidas «teste‐reteste», com intervalo de uma semana entre as aplicações. A segunda aplicação do questionário foi no mesmo dia da semana da primeira aplicação e os procedimentos de aplicação foram os mesmos da semana anterior. Os escolares que não compareceram no dia e horário agendados para o preenchimento da réplica do questionário não foram considerados no estudo. Os escores de cada item, subescala e escala total foram comparados entre as aplicações do questionário por meio do CCI. Escores globais e por dimensão foram construídos, considerando apenas os que responderam todos os itens dos respectivos fatores. A consistência interna das escalas foi verificada por meio do alpha de Cronbach (α) e considerou somente os questionários da primeira aplicação. As análises estatísticas foram efetuadas no SPSS adotando‐se um nível de significância de 5%.

Resultados

Na tabela 1 são apresentadas as características dos participantes do estudo (n=1678) e da subamostra utilizada para análise da reprodutibilidade (n=1393). Houve 272 escolares que não estiveram presentes na segunda aplicação do instrumento. Maior parte da amostra não trabalha (94.6%), mora com pai e mãe (60.5%), mora em casa ou sobrado (90.3%), é de classe econômica média (B1+B2) (54.1%), possui pais com mais de oito anos de estudo (58.3%) e é ativa fisicamente (60.3%). Não houve diferença nas características dos participantes entre as amostras de validade e reprodutibilidade (tabela 1).

Tabela 1.

Características sociodemográficas e nível de atividade física dos escolares participantes do estudo, Curitiba, PR, Brasil, 2014 (validade: n=1678, reprodutibilidade: n=1393)

Variáveis  9‐10 anos11‐12 anos13‐15 anos
  Amostra de validadeAmostra de reprodutibilidadeAmostra de validadeAmostra de reprodutibilidadeAmostra de validadeAmostra de reprodutibilidade
 
Todos  462  24.1  396  28.4  505  26.3  431  30.9  711  37.1  566  40.6 
Sexo
Masculino  239  51.7  212  53.5  250  49.5  216  50.1  346  48.7  271  47.9 
Feminino  223  48.3  184  46.5  255  50.5  215  49.9  365  51.3  295  52.1 
Trabalho
Sim  –  –  –  –  13  2.6  12  2.8  76  10.7  54  9.6 
Não  462  100  396  100  490  97.4  417  97.2  633  89.3  510  90.4 
Com quem mora
Com pai e mãe  275  59.5  241  60.9  320  63.5  279  64.7  419  58.9  337  59.5 
Com pai ou mãe  152  32.9  128  32.3  141  28.0  118  27.4  245  34.5  196  34.6 
Outros  35  7.6  27  6.8  43  8.5  34  7.9  47  6.6  33  5.8 
Tipo de residência
Casa/sobrado  416  90.0  358  90.4  452  89.7  386  89.6  645  91.0  512  90.6 
Apartamento/outro  46  10.0  38  9.6  52  10.3  45  10.4  64  9.0  53  9.4 
Classe econômica
A1+A2  46  10.0  44  11.1  75  14.9  63  14.6  103  14.5  84  14.8 
B1+B2  227  49.1  201  50.8  287  56.8  250  58.0  394  55.4  310  54.8 
180  39.0  145  36.6  136  26.9  113  26.2  202  28.4  164  29.0 
D/E  1.9  1.5  1.4  1.2  12  1.7  1.4 
Escolaridade do pai
8 anos de estudo  120  35.2  201  50.8  100  24.0  153  35.5  172  29.0  227  40.1 
>8 anos de estudo  221  64.8  195  49.2  317  76.0  278  64.5  422  71.0  339  59.9 
Escolaridade da mãe
8 anos de estudo  121  32.1  169  42.7  100  22.6  131  30.4  173  27.3  200  35.3 
>8 anos de estudo  256  67.9  227  57.3  343  77.4  300  69.6  461  72.7  366  64.7 
Nível de AF
Insuf. ativo  156  33.8  105  26.5  202  40.0  148  34.3  308  43.3  231  40.8 
Ativo  306  66.2  291  73.5  303  60.0  283  65.7  403  56.7  335  59.2 

AF: atividade física; Insuf. ativo: insuficientemente ativo (<420 minutos/semana).

A análise fatorial exploratória identificou dois fatores independentes para os itens que compõem a escala de apoio social para AF (eingen values1.0) em todas as faixas etárias (tabela 2). Ambos os fatores explicaram entre 59.2‐64.1% da variância total da escala para escolares entre 9‐15 anos. O fator 1 foi composto por seis itens relacionados ao apoio social dos pais e o fator 2, também composto por seis itens, porém relacionados ao apoio social dos amigos. Todos os itens apresentaram carga fatorial ≥0.7 nos respectivos fatores.

Tabela 2.

Análise fatorial exploratória para as escalas de medida de apoio social e autoeficácia para AF dos escolares participantes do estudo, Curitiba, PR, Brasil, 2014 (n=1678)

Escalas  9‐10 anos11‐12 anos13‐15 anos
Apoio social para prática de AF  Fator 1  Fator 2  Fator 1  Fator 2  Fator 1  Fator 2 
Apoio dos pais
Estimulam você a praticar AF    0.71    0.71    0.72 
Praticam AF com você    0.64    0.71    0.72 
Transportam ou disponibilizam transporte    0.67    0.65    0.67 
Assistem você praticando AF    0.75    0.71    0.78 
Comentam que você está praticando bem AF    0.71    0.81    0.79 
Conversam com você sobre sua AF    0.74    0.75    0.75 
Apoio dos amigos
Estimulam você a praticar AF  0.74    0.73    0.81   
Praticam AF com você  0.80    0.80    0.82   
Convidam você para praticar AF com ele  0.81    0.84    0.86   
Assistem você praticando AF  0.76    0.76    0.82   
Comentam que você está praticando bem AF  0.70    0.80    0.80   
Conversam com você sobre AF  0.70    0.71    0.80   
Número de itens 
% da variância explicada  31.84  28.43  31.31  27.90  35.22  28.87 
% da variância total explicada  60.3  59.2  64.1       
KMO  0.91  0.88  0.90       
Teste de Bartlett  <0.01  <0.01  <0.01       
Autoeficácia para prática de AF
Cansaço, estresse  0.53    0.40      0.64 
Ter outras coisas interessantes para fazer    0.65    0.71    0.73 
Falta de companhia  0.66    0.68      0.40 
Desmotivado, sem vontade  0.49      0.58    0.65 
Ficar em casa para assistir TV, usar o computador    0.77    0.72    0.65 
Atender convites de amigos    0.56    0.67    0.65 
Pagar taxas ou mensalidades  0.73    0.55    0.65   
Não ter habilidade para praticar AF  0.67    0.64    0.75   
Ausência de locais para praticar AF  0.66    0.74    0.75   
Falta de orientação  0.68    0.72    0.78   
Número de itens 
% da variância explicada  29.14  17.30  25.91  20.09  25.67  24.99 
% da variância total explicada  46.4  46.0  50.7       
KMO  0.87  0.85  0.87       
Teste de Bartlett  <0.01  <0.01  <0.01       

AF: atividade física; KMO: Kaiser Meyer Olkin.

Quanto a análise da escala de autoeficácia para AF, observou‐se que os itens se agruparam de forma diferente em relação a faixa etária (tabela 2). Os fatores explicaram entre 46‐50.7% da variância total da escala. Todos os itens apresentaram carga fatorial ≥0.4 nos respectivos fatores.

A amostra apresentou tamanho adequado para os procedimentos empregados na análise fatorial tanto para apoio social quanto para autoeficácia (KMO>0.85; p<0.001 e Bartlett p<0.001).

A análise de consistência interna (α Chronbach) demonstrou valores significativos e superiores a 0.87 para todos os itens da escala de apoio social e 0.77 para autoeficácia. Os níveis de reprodutibilidade foram superiores a 0.80 para apoio social e 0.70 para autoeficácia nas três faixas etárias (tabela 3).

Tabela 3.

Medidas de fidedignidade – consistência interna (n=1678) e reprodutibilidade «teste‐reteste» (n=1393) – das escalas de medida de apoio social e autoeficácia para AF dos escolares participantes do estudo, Curitiba, PR, Brasil, 2014

Escalas  9‐10 anos11‐12 anos13‐15 anos
  α  CCI (IC 95%)  α  CCI (IC 95%)  α  CCI (IC 95%) 
Apoio social para prática de AF
Apoio dos pais para a prática de AF
Estimulam você a praticar AF  0.81*  0.74 (0.69‐0.79)  0.81*  0.79 (0.75‐0.83)  0.83*  0.80 (0.76‐0.83) 
Praticam AF com você  0.83*  0.68 (0.61‐0.74)  0.82*  0.72 (0.66‐0.77)  0.83*  0.79 (0.75‐0.82) 
Transportam ou disponibilizam transporte  0.84*  0.61 (0.53‐0.68)  0.83*  0.75 (0.70‐0.80)  0.84*  0.80 (0.77‐0.83) 
Assistem você praticando AF  0.81*  0.72 (0.66‐0.77)  0.81*  0.75 (0.69‐0.79)  0.81*  0.85 (0.82‐0.87) 
Comentam que você está praticando bem  0.81*  0.75 (0.70‐0.80)  0.79*  0.80 (0.75‐0.83)  0.81*  0.82 (0.79‐0.85) 
Conversam com você sobre AF  0.81*  0.69 (0.63‐0.75)  0.81*  0.73 (0.67‐0.77)  0.82*  0.78 (0.73‐0.81) 
Escore de apoio dos pais  0.84  0.87 (0.84‐0.89)  0.84  0.89 (0.87‐0.91)  0.85  0.92 (0.91‐0.93) 
Apoio dos amigos para a prática de AF
Estimulam você a praticar AF  0.87*  0.64 (0.56‐0.71)  0.86*  0.70 (0.63‐0.75)  0.90*  0.80 (0.77‐0.83) 
Praticam AF com você  0.86*  0.66 (0.58‐0.72)  0.86*  0.75 (0.70‐0.79)  0.90*  0.83 (0.80‐0.86) 
Convidam você para praticar AF com ele  0.86*  0.67 (0.59‐0.73)  0.85*  0.76 (0.71‐0.80)  0.89*  0.78 (0.74‐0.82) 
Assistem você praticando AF  0.87*  0.69 (0.62‐0.74)  0.86*  0.72 (0.66‐0.77)  0.90*  0.80 (0.76‐0.83) 
Comentam que você está praticando bem  0.87*  0.70 (0.64‐0.76)  0.85*  0.73 (0.68‐0.78)  0.90*  0.80 (0.77‐0.83) 
Conversam com você sobre AF  0.87*  0.69 (0.63‐0.75)  0.87*  0.69 (0.62‐0.74)  0.90*  0.80 (0.76‐0.83) 
Escore de apoio dos amigos  0.88  0.81 (0.76‐0.84)  0.88  0.82 (0.78‐0.85)  0.91  0.90 (0.88‐0.91) 
Escore geral de apoio social  0.90  0.87 (0.84‐0.89)  0.87  0.88 (0.85‐0.90)  0.89  0.92 (0.91‐0.93) 
Percepção de autoeficácia para AF
Cansaço, estresse  0.78*  0.58 (0.49‐0.66)  0.76*  0.70 (0.64‐0.75)  0.80*  0.65 (0.59‐0.71) 
Ter outras coisas interessantes para fazer  0.78*  0.50 (0.39‐0.59)  0.74*  0.60 (0.52‐0.67)  0.80*  0.51 (0.43‐0.59) 
Falta de companhia  0.77*  0.50 (0.40‐0.59)  0.74*  0.62 (0.54‐0.69)  0.80*  0.59 (0.52‐0.65) 
Desmotivado, sem vontade  0.77*  0.52 (0.41‐0.60)  0.75*  0.49 (0.38‐0.58)  0.80*  0.49 (0.40‐0.57) 
Ficar em casa para assistir TV  0.79*  0.57 (0.48‐0.65)  0.75*  0.62 (0.55‐0.69)  0.80*  0.57 (0.49‐0.64) 
Atender convites de amigos  0.79*  0.54 (0.44‐0.62)  0.77*  0.49 (0.39‐0.58)  0.81*  0.44 (0.34‐0.52) 
Pagar taxas ou mensalidades  0.77*  0.62 (0.54‐0.69)  0.76*  0.65 (0.57‐0.71)  0.80*  0.66 (0.60‐0.72) 
Não ter habilidade para praticar AF  0.76*  0.51 (0.40‐0.59)  0.74*  0.65 (0.57‐0.71)  0.79*  0.57 (0.50‐0.64) 
Ausência de locais para praticar AF  0.77*  0.59 (0.50‐0.66)  0.74*  0.60 (0.52‐0.67)  0.79*  0.51 (0.43‐0.59) 
Falta de orientação  0.76*  0.55 (0.45‐0.63)  0.75*  0.55 (0.46‐0.63)  0.80*  0.58 (0.51‐0.65) 
Escore geral de autoeficácia  0.79  0.72 (0.66‐0.77)  0.77  0.78 (0.73‐0.82)  0.82  0.75 (0.71‐0.79) 

α: alpha de Cronbach; CCI: coeficiente de correlação intraclasse; IC 95%: intervalo de confiança a 95%.

*

Alpha se o item for deletado.

Discussão

Os resultados do estudo demonstraram que as escalas de apoio social e autoeficácia para AF são válidas, e possuem estabilidade temporal e consistência interna adequadas para aplicação em escolares entre 9‐15 anos. Não houve diferenças do estudo original, somente houve uma modificação na disposição de alguns itens da escala de autoeficácia em escolares de 9‐12 anos.

A escala de apoio social apresentou cargas fatoriais satisfatórias em todos os itens e em todas as faixas etárias. Os resultados foram semelhantes aos encontrados no estudo original5, com cargas fatoriais variando de 0.63‐0.84. No estudo de Reimers et al.9, com escolares de 9‐17 anos, as cargas fatoriais dos itens variaram de 0.69‐0.85. Portanto, os resultados não diferem da literatura. A consistência interna das escalas de apoio social e autoeficácia apresentou resultados semelhantes aos encontrados na literatura5,9–11, com alpa variando de 0.70‐0.90.

A reprodutibilidade para as medidas de apoio social foi adequada nas três faixas etárias, apresentando CCI de 0.87‐0.92 para apoio dos pais e 0.81‐0.90 para apoio dos amigos. No estudo de Farias Junior et al.5, o escore de apoio dos pais apresentou CCI de 0.91 e o escore de apoio dos amigos CCI de 0.89. No entanto, no estudo de Reimers et al.9 os resultados foram inferiores para apoio dos amigos. Foram encontrados CCI de 0.83 para apoio dos pais e 0.67 para apoio dos amigos. No estudo de Huang et al.12, com escolares de 9‐14 anos, todos os itens apresentaram CCI superiores a 0.70.

Para a escala de autoeficácia, a maioria das cargas fatorais nas três faixas etárias encontra‐se ≥0.40 e, portanto, satisfatória. Foram extraídos dois fatores nas três faixas etárias. No entanto, os itens de cada fator foram diferentes nos três grupos. Para os escolares de 13‐15 anos, a distribuição dos fatores foi semelhante ao estudo de Farias Junior5, o que reforça a validade do questionário em escolares a partir de 14 anos proposta por Farias Júnior. Além disso, a validade do questionário independe da região na qual ele é aplicado. Ou seja, tanto na região nordeste ou na região sul, a compreensão dos alunos acima de 13 anos referente ao questionário é a mesma.

Os itens «pagar taxas ou mensalidade», «não ter habilidade para praticar AF», «ausência de locais para praticar AF» e «falta de orientação» pertencem à mesma categoria (recursos para prática de AF) nas três faixas etárias. No entanto, para os escolares de nove e dez anos e 11‐12 anos, estar cansado ou estressado, não ter companhia para fazer AF e estar desmotivado e sem vontade não foram considerados «apoio social e motivos para prática de AF», e sim «recursos para prática de AF». A companhia pode ser considerada um recurso em crianças, pois elas geralmente não realizam atividades sozinhas, precisam de um colega para se socializar, bem como a necessidade de uma companhia para se deslocar até o local da prática. Assim, não ter companhia para fazer AF pode ser uma barreira importante para a prática. Ademais, o sentimento de cansaço e estresse pode levar a criança a ficar desmotivada e sem vontade, o que, por sua vez, pode desestimulá‐la para a prática de AF. Consequentemente, a baixa aptidão física pode ser considerada uma barreira ou falta de recurso para prática de AF. É possível, também, que estas diferenças sejam decorrentes dos contextos diferentes, bem como na diferenciação do que é considerado barreira entre crianças e adolescentes.

A carga fatorial foi baixa (0.40) para «cansaço e estresse» aos 11‐12 anos e «falta de companhia» aos 13‐15 anos, o que denota a inconsistência destes itens na definição do que é considerado «motivo» ou «recursos». Embora a carga fatorial fosse baixa, foi considerada aceitável para inclusão na escala.

A reprodutibilidade para a escala de autoeficácia foi satisfatória nas três faixas etárias, apresentando CCI variando de 0.72‐0.78. Resultados semelhantes foram encontrados no estudo original5 (CCI=0.67‐0.75), e nos estudos de Aedo e Avila13 (CCI=0.87) e Liang et al.10 (CCI=0.88).

Destaca‐se, como pontos positivos deste estudo, o elevado tamanho amostral, a realização da pesquisa em escolas estaduais e municipais, bem como a possível utilização deste instrumento tanto em crianças quanto em adolescentes. O presente trabalho apresenta algumas limitações que devem ser consideradas para a interpretação dos resultados. A escala foi testada em uma amostra de escolares da cidade Curitiba, no sul do Brasil, os quais são a maioria de elevada classe econômica B1 e B2, bem como características culturais diferenciadas que devem ser consideradas ao apresentar estes resultados. Desta forma, para outras localidades é recomendável a realização de outros estudos de validade e fidedignidade para estas escalas.

Em suma, as escalas de apoio social e autoeficácia para AF testadas apresentaram validade fatorial satisfatória e reprodutibilidade e níveis de consistência interna adequadas, sendo recomendada a sua utilização em estudos com crianças e adolescentes. É uma ferramenta que pode ser facilmente empregada em estudos de larga escala, uma vez que apresenta poucos itens e é de fácil compreensão. Sugere‐se que as escalas sejam usadas de forma diferenciada, de acordo com os resultados apresentados em cada faixa etária.

Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animais

Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram ter recebido consentimento escrito dos pacientes e/ou sujeitos mencionados no artigo. O autor para correspondência deve estar na posse deste documento.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

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