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Vol. 14. Núm. 3.
Páginas 94-100 (julio - septiembre 2016)
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Vol. 14. Núm. 3.
Páginas 94-100 (julio - septiembre 2016)
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Propriedades psicométricas da versão portuguesa da Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta
Psychometric properties of the Portuguese version of the New Sexual Satisfaction Scale–Short
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Pedro Santos Pechorroa,
Autor para correspondencia
ppechorro@gmail.com

Autor para correspondência.
, Patrícia Monteiro Pascoalb,c, Saul Neves Jesusa, Ana Isabel Almeidad, Catarina Soares Figueiredod, Rui Xavier Vieirae
a Centro de Investigação sobre Espaço e Organizações, Universidade do Algarve, Faro, Portugal
b Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto, Porto, Portugal
c Escola de Psicologia e Ciências da Vida, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Portugal
d Instituto Universitário da Maia, Maia, Portugal
e Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
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Tabela 1. Correlações item‐total corrigidas e saturações da análise de componentes principais e da análise fatorial confirmatória
Tabela 2. Matriz de correlações, alfas de Cronbach e médias das correlações interitens
Tabela 3. Validade convergente da Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta com a Nova Escala de Satisfação Sexual original e a Escala de Busca de Sensações Sexuais, validade divergente com a Escala de Aborrecimento Sexual e validade concorrente com as variáveis frequência de atividade sexual e satisfação com vida sexual
Tabela 4. Percentis da Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta e suas dimensões
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Resumo
Introdução

A satisfação sexual constitui atualmente um constructo essencial no campo do estudo da sexualidade humana.

Objetivo

A presente investigação teve como objetivo proceder à validação da versão portuguesa da Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta (NSSS‐S), instrumento em formato curto que avalia a satisfação sexual em homens e mulheres.

Material e métodos

Recorreu‐se a um total de 298 participantes de ambos os sexos, os quais preencheram o questionário com a tradução para português da NSSS‐S.

Resultados

Foram demonstradas as principais propriedades psicométricas da validação da NSSS‐S, das quais se destacaram a estrutura fatorial bidimensional e o alfa de Cronbach (≥0,89).

Discussão

A NSSS‐S revelou ter a estrutura bidimensional da NSSS original e obtiveram‐se valores bons a nível de consistência interna, de validade convergente, de validade divergente e de validade concorrente.

Conclusões

As boas propriedades psicométricas encontradas justificam e reforçam a recomendação de utilização da NSSS‐S na população portuguesa.

Palavras‐chave:
Avaliação
Satisfação sexual
Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta
Validação
Abstract
Introduction

Sexual satisfaction is an essential construct in the study of human sexuality

Objective

The aim of the present study was to validate the Portuguese version of the New Sexual Satisfaction Scale–Short (NSSS‐S), a short form scale that assesses sexual satisfaction among men and women.

Material and methods

A total of 298 participants completed the Portuguese version of the NSSS‐S.

Results

The main psychometric properties of the Portuguese version of the NSSS‐S were assessed, most importantly the two‐factor structure and Cronbach's alpha (≥0.89).

Discussion

The NSSS‐S revealed the bidimensional structure of the original NSSS and good values were obtained in terms of internal consistency, convergent validity, divergent validity and concurrent validity.

Conclusions

The use of the Portuguese version of the NSSS‐S is justified and reinforced since it has sound psychometric properties.

Keywords:
Assessment
Sexual satisfaction
New Sexual Satisfaction Scale–Short format
Validation
Texto completo
Introdução

A satisfação sexual, definida como «[…] uma resposta afetiva que resulta da avaliação subjetiva das dimensões positivas e negativas relacionadas com a relação sexual»1, é um objetivo importante para a atividade sexual e um indicador de saúde sexual2,3. Além de estar intimamente associada, a nível individual, à saúde e bem‐estar e ao ajustamento emocional4, a satisfação sexual está ainda fortemente associada à qualidade, ajustamento e satisfação relacionais5.

A demonstrada importância da satisfação sexual no bem‐estar sustenta o seu papel privilegiado como indicador da vivência positiva da sexualidade, mas também a sua centralidade no estudo do bem‐estar geral e da conjugalidade6. Apesar da investigação na área da satisfação sexual ter vindo a crescer nos últimos anos, reforçando a centralidade desta dimensão, tem sido salientado que a avaliação deste constructo é problemática7, uma vez que a satisfação sexual tem sido estudada com medidas muito diferentes, umas acentuando a dimensão conflitual dentro da relação8; outras acentuando a experiência clinicamente significativa de disfunção sexual9; outras ainda acentuando a dimensão relacional da sexualidade, em detrimento da experiência individual10.

A existência de uma considerável diversidade de medidas, que dificulta a comparabilidade entre os diversos estudos, aliada à quase inexistência de modelos empiricamente validados de explicação do constructo, tornam a seleção do melhor instrumento para medir a satisfação sexual problemática. Recentemente, num estudo comparativo de diversas medidas que avaliam a satisfação sexual e que são frequentemente utilizadas na literatura11, concluiu‐se que a versão reduzida da Nova Escala de Satisfação Sexual (New Sexual Satisfaction Scale – Short [NSSS‐S]7) demonstrou ter um comportamento, do ponto de vista psicométrico, estável, o que, comparativamente a outras medidas, justifica a sua seleção como melhor medida de satisfação sexual para utilização na investigação científica. Adicionalmente, do ponto de vista do conteúdo dos itens e sua organização teórica, a NSSS‐S apresenta‐se concetualmente como uma medida adequada à operacionalização de satisfação sexual12. Assim, este instrumento alia a adequação teórica e concetual ao constructo com o comportamento psicométrico estável e ainda a vantagem comum a instrumentos de medida curtos, i.e., a associação à maior rapidez na resposta aos protocolos de investigação, muitas vezes à custa de apresentar fidelidade e validade mais baixas que as escalas originais13.

A NSSS‐S é a versão reduzida da Nova Escala de Satisfação Sexual (New Sexual Satisfaction Scale [NSSS]7). A NSSS original é constituída por 20 itens que medem a avaliação subjetiva da experiência sexual pessoal (centração no eu) e a avaliação da experiência interpessoal (centração no parceiro e na atividade sexual). Tanto na NSSS como na NSSS‐S, os itens utilizam uma escala ordinal de 5 pontos (de 1=nada satisfeito a 5=extremamente satisfeito) e são somados para obter um valor total. Quanto mais alto este valor, maior a satisfação sexual. Contudo, a versão reduzida, constituída por 12 itens, é descrita com unidimensional e apresenta, ao contrário do que é habitual com a maioria das versões reduzidas de instrumentos de medida, validade e fidelidade semelhantes à escala original.

Nos estudos desenvolvidos com amostras universitárias e comunitárias, quer nos Estados Unidos da América quer na Croácia, a fidelidade da escala foi avaliada através do alfa de Cronbach que apresentou valores indicadores de boa consistência interna (α=0,90 e 0,93) e estabilidade temporal (r=0,72 a 0,84)7. Relativamente aos estudos de validade, a NSSS‐S apresentou validade convergente e validade divergente consideradas satisfatórias, assim como capacidade de descriminar corretamente 63% de casos clínicos e 80% não clínicos14. Esta medida foi recentemente usada num estudo junto da população masculina heterossexual em relação de compromisso estabelecendo que existe uma associação entre a intimidade emocional e a satisfação sexual15, um resultado consistente com outra investigação feita com uma amostra clínica16.

A presente investigação refere‐se ao processo de validação da NSSS‐S em uma amostra comunitária da população portuguesa. A satisfação sexual é um indicador importante de saúde sexual que apresenta uma relação forte com a satisfação relacional e ajustamento conjugal, pelo que o seu estudo é importante para a avaliação e promoção da saúde individual e relacional. Dado que em Portugal são raros os casos de medidas no campo da sexualidade validadas com sucesso (e.g., IIEF‐517), a escolha da NSSS‐S pareceu‐nos particularmente enquadrada, de forma a fomentar o desenvolvimento da investigação em satisfação sexual.

Objetivos

Em Portugal, e também a nível internacional, existe a necessidade de proceder à validação de instrumentos psicométricos relativos ao campo da sexualidade humana que demonstrem ser válidos e fiáveis. O objetivo do presente artigo consistiu em proceder à adaptação portuguesa da NSSS‐S, replicando alguns dos procedimentos métricos utilizados originalmente na construção desta escala e efetuando alguns novos. Pretende‐se, assim, fundamentar a utilização da NSSS‐S a nível de investigação e de clínica em Portugal.

Material e métodosParticipantes

A amostra normativa de conveniência da população geral foi constituída por 298 participantes (média=30,57 anos; desvio‐padrão=9,57 anos; amplitude=18‐63 anos) residentes em meio urbano. Desse total de participantes, 51% eram mulheres e 49% eram homens. Em relação ao estado civil, 56,4% eram solteiros, 26,5% eram casados/em união de facto e 4,8% eram divorciados/separados, e 12,3% tinham outro estado civil (e.g., viúvo) ou não responderam. Relativamente à escolaridade, 3,7% tinham o ensino básico, 17,6% o ensino secundário, 77,1% tinham ensino superior e 1,6% não responderam. Em termos de números de parceiros sexuais atuais, 92,6% afirmaram ter apenas um parceiro sexual, 1,6% afirmaram ter mais de um parceiro sexual e 5,8% não responderam. No que diz respeito à frequência de atividade sexual, 22,9% referiram 1‐2 vezes por mês, 61,7% referiram 1‐3 vezes por semana, 10,6% referiram 4‐6 vezes por semana, 1,1% mais de 7 vezes por semana e 3,7% não responderam.

Instrumentos

A NSSS‐S7,14 é uma versão abreviada com 12 itens da NSSS já validada em Portugal18, que na sua forma original é composta por 20 itens. A NSSS original possui uma estrutura fatorial bidimensional constituída por uma subescala de centração no eu (subescala A: itens 2, 3, 5, 6, 8 e 10) e uma subescala de centração no parceiro e na atividade sexual (subescala B: itens 11, 12, 14, 17, 19 e 20), mas a NSSS‐S é descrita como unidimensional. Os itens que constituem a NSSS e a NSSS‐S são ordinais de 5 pontos (de 1=nada satisfeito a 5=totalmente satisfeito). A pontuação total da NSSS‐S é obtida pela soma das pontuações de todos itens. Valores altos na pontuação correspondem a níveis altos de satisfação sexual. Pode ser utilizada com homens e mulheres, tendo sido desenvolvida a partir de amostras comunitárias, amostras clínicas e amostras de estudantes universitários. A NSSS‐S tem demonstrado possuir boas propriedades psicométricas a nível de validade e fiabilidade.

A Escala de Busca de Sensações Sexuais (Sexual Sensation Seeking Scale [SSSS]19,20) é uma escala unidimensional com 10 itens concebida para avaliar a busca de sensações sexuais – definida como a necessidade de ter experiências sexuais novas e variadas, e de correr riscos físicos e sociais com o objetivo de aumentar as sensações sexuais. Os itens que constituem a SSSS são ordinais de 4 pontos (de 1=discordo totalmente a 4=concordo totalmente). A SSSS pode ser utilizada com homens e mulheres, adultos ou adolescentes, tendo sido desenvolvida a partir de amostras comunitárias, amostras clínicas e amostras escolares/universitárias. A SSSS tem demonstrado possuir boas propriedades psicométricas a nível de validade e fiabilidade. Valores altos na pontuação da escala correspondem a níveis altos de busca de sensações sexuais. A versão portuguesa da SSSS21 foi utilizada na presente investigação para efetuar a validade convergente, tendo a consistência interna por alfa de Cronbach obtida sido 0,74.

A Escala de Aborrecimento Sexual (Sexual Boredom Scale [SBS]22) é uma medida unidimensional com 18 itens que avalia o aborrecimento sexual, i.e., a tendência de determinada pessoa em sentir‐se aborrecida com os diversos aspetos da sua vida sexual. Os itens que constituem a SBS são ordinais de 7 pontos (de 1=discordo totalmente a 7=concordo totalmente). A SBS pode ser utilizada com homens e mulheres, tendo sido originalmente desenvolvida a partir de diversas amostras de estudantes universitários. A escala SBS tem demonstrado possuir boas propriedades psicométricas a nível de validade e fiabilidade. Valores altos na pontuação da escala correspondem a níveis mais altos de aborrecimento sexual. A versão portuguesa da SBS23 foi utilizada na presente investigação para efetuar a validade divergente, tendo a consistência interna por alfa de Cronbach obtida sido 0,93.

Foi construído adicionalmente um questionário sociodemográfico, através do qual se pretendeu recolher informação acerca de cada participante, nomeadamente: idade, sexo, nacionalidade, escolaridade, profissão, estado civil, duração do relacionamento atual, número de parceiros sexuais, frequência de atividade sexual (codificada como item ordinal de 5 pontos) e satisfação com vida sexual (codificada como item ordinal de 5 pontos).

Procedimentos

Foi contatado o primeiro autor da NSSS‐S, nomeadamente Aleksandar Stulhofer, no sentido de obter permissão para se efetuar a validação portuguesa da NSSS‐S, tendo este respondido que concedia a permissão solicitada. Inicialmente, foi feita uma tradução do instrumento com a colaboração de um tradutor‐especialista. Os itens foram traduzidos literalmente sempre que o seu significado em português o permitisse, mas quando tal não era possível optou‐se por uma tradução menos literal que captasse o sentido do item original24. Foram de seguida feitas algumas aplicações experimentais, empregando‐se para tal um contexto de grupo de foco e um contexto individual. A partir destas aplicações, evidenciou a necessidade de proceder a algumas pequenas correções adicionais à tradução, de forma a facilitar a leitura por parte dos participantes com níveis de escolaridade mais baixos, tendo‐se chegado assim à versão final da escala.

Através do termo de consentimento informado que precedia o questionário, todos os participantes foram informados que o objetivo era fazer a validação da NSSS‐S para a população portuguesa, que apenas os investigadores teriam acesso às respostas dos instrumentos de avaliação e que a participação era voluntária. Informou‐se ainda que esta pesquisa tinha um caráter académico e que os investigadores não estariam interessados em resultados individuais, mas sim na análise estatística que abrangeria todas as respostas recolhidas. Recrutaram‐se os participantes constituintes da amostra normativa de conveniência da população geral em instituições de ensino superior (Instituto Universitário da Maia, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias) que incluíram alunos e funcionários. Após a recolha dos dados, procedeu‐se à seleção dos questionários que cumpriam os critérios da investigação, tendo sido excluídos os que não os cumpriam. Os critérios mínimos estabelecidos na inclusão dos participantes na presente investigação foram: ter nacionalidade portuguesa, ser maior de idade (18 ou mais anos de idade) e ter um relacionamento sexual há pelo menos 3 meses.

Os dados obtidos foram inseridos e tratados no software IBM SPSS v2225. Após a inserção dos dados, foi recolhida uma amostra de cerca de 30% dos questionários inseridos na base de dados de forma a avaliar a qualidade de inserção, que veio a ser considerada boa dada a quase inexistência de erros de inserção. No tratamento de dados propriamente dito utilizando o SPSS, recorreu‐se à análise de componentes principais (ACP), coeficiente alfa de Cronbach e correlações de Pearson, além de estatísticas descritivas (e.g., médias, desvios‐padrão, percentis).

Recorreu‐se também ao software EQS 6.226 para efetuar a análise fatorial confirmatória (AFC). Os índices de ajustamento calculados incluíram: qui‐quadrado de Satorra‐Bentler/graus de liberdade, Comparative Ft Index (CFI), Incremental Fit Index (IFI), Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA). Um qui‐quadrado/graus de liberdade<5 é considerado adequado, 2 é considerado bom e valores=1 são considerados muito bons. CFI0,90 e RMSEA0,10 indicam um ajustamento adequado, enquanto CFI0,95 e RMSEA0,06 indicam um ajustamento bom27. Um IFI0,90 é considerado aceitável e um IFI0,95 é considerado bom. Em caso de necessidade, seriam utilizados índices de modificação para melhorar o ajustamento. A análise foi efetuada diretamente nos itens e somente valores com saturação0,50 foram considerados. Optou‐se pela utilização de correlações policóricas, com métodos robustos de estimação nos itens ordinais, porque estas proporcionam melhores resultados27,28.

Resultados

O primeiro passo na validação da NSSS‐S envolveu o cálculo das correlações item‐total corrigidas (CITC), das saturações por ACP e das saturações por AFC para a amostra normativa e para a amostra clínica. Como a NSSS original é tida como uma medida bidimensional, entendeu‐se verificar se esta estrutura também estaria presente na NSSS‐S. Para tal, forçou‐se a extração de 2 componentes empregando rotação Varimax, tendo o teste de Kaiser‐Meyer‐Olkin (KMO) indicado um valor de 0,92 e o teste de Bartlett sido estatisticamente significativo (χ2=1.620,89; p0,001). Os critérios do Eigenvalue e do Scree plot foram compatíveis com a existência duma estrutura bidimensional, que se veio a verificar ser responsável por 69,01% da variância total. Apesar de haver 2 itens que saturaram de forma cruzada nas 2 dimensões, nomeadamente o item 10 e o item 11, cada um deles teve sempre uma saturação mais elevada na dimensão em que era suposto saturar. Ao efetuar‐se a AFC obtiveram‐se bons índices de ajustamento, nomeadamente S‐Bχ2/df=1,84; IFI=0,99; CFI=0,99; RMSEA (90% CI)=0,07 (0,05‐0,09). Dado que todos os itens cumpriram os critérios de nível de carga fatorial0,50, em termos de ACP e AFC, e de nível de correlação0,30, em termos de CITC, não foi necessário excluir itens (tabela 1).

Tabela 1.

Correlações item‐total corrigidas e saturações da análise de componentes principais e da análise fatorial confirmatória

Itens da NSSS‐S  CITC  Fator 1 ACP/AFC  Fator 2 ACP/AFC 
Item 2  0,71  0,72/0,77  0,35/– 
Item 3  0,77  0,86/0,87  0,29/– 
Item 5  0,79  0,83/0,88  0,35/– 
Item 6  0,70  0,88/0,83  0,19/– 
Item 8  0,67  0,68/0,75  0,35/– 
Item 10  0,77  0,58/0,78  0,54/– 
Item 11  0,77  0,50/–  0,66/0,83 
Item 12  0,70  0,28/–  0,79/0,75 
Item 14  0,65  0,20/–  0,82/0,74 
Item 17  0,73  0,36/–  0,75/0,84 
Item 19  0,76  0,44/–  0,70/0,85 
Item 20  0,55  0,19/–  0,68/0,66 

ACP: análise de componentes principais; AFC: análise fatorial confirmatória; CITC: correlações item‐total corrigidas; NSSS‐S: Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta.

O passo seguinte consistiu em calcular a matriz de correlações, a consistência interna através de alfas de Cronbach e as médias das correlações interitens (tabela 2).

Tabela 2.

Matriz de correlações, alfas de Cronbach e médias das correlações interitens

  NSSS‐S  Subescala A  Subescala B  Alfa  MCII 
NSSS‐S      0,94  0,55 
Subescala A  0,93***    0,92  0,64 
Subescala B  0,93***  0,73***  0,89  0,58 

Alfa: alfa de Cronbach; MCII=médias das correlações interitens; NSSS‐S=Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta; Subescala A=centração no eu; Subescala B=centração no parceiro e na atividade sexual.

***

significativo ao nível 0,001.

A validade convergente da NSSS‐S (e suas dimensões) com a NSSS original (e suas dimensões) e com a SSSS demonstrou correlações positivas estatisticamente significativas, enquanto a validade divergente com a SBS demonstrou correlações negativas estatisticamente significativas. A validade concorrente com os itens ordinais de frequência de atividade sexual e de satisfação com a vida sexual demonstrou correlações positivas estatisticamente significativas (tabela 3).

Tabela 3.

Validade convergente da Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta com a Nova Escala de Satisfação Sexual original e a Escala de Busca de Sensações Sexuais, validade divergente com a Escala de Aborrecimento Sexual e validade concorrente com as variáveis frequência de atividade sexual e satisfação com vida sexual

  NSSS‐S total  NSSS‐S subescala A  NSSS‐S subescala B 
NSSS total  0,99***  0,92***  0,92*** 
NSSS subescala A  0,92***  0,99***  0,73*** 
NSSS subescala B  0,91***  0,73***  0,97*** 
SSSS  0,20**  0,20**  0,16* 
SBS  ‐0,43***  ‐0,43***  ‐0,37*** 
FAS  0,20**  0,15*  0,22** 
SVS  0,63***  0,54***  0,64*** 

FAS: frequência de atividade sexual; NSSS: Nova Escala de Satisfação Sexual; NSSS‐S: Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta; SBS: Escala de Aborrecimento Sexual; SSSS: Escala de Busca de Sensações Sexuais; Subescala A: centração no eu; Subescala B: centração no parceiro e na atividade sexual; SVS: satisfação com vida sexual.

*

significativo ao nível 0,05;

**

significativo ao nível 0,01;

***

significativo ao nível 0,001.

A pontuação da NSSS‐S e das suas dimensões foi de seguida distribuída por percentis, de forma a estabelecer pontos de referência para a sua utilização (tabela 4).

Tabela 4.

Percentis da Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta e suas dimensões

Percentis  10  25  50  75  90  95 
NSSS‐S  30,45  33  39  47  53  57,10  59 
NSSS‐S A  13,45  15  19  24  27  29  30 
NSSS‐S B  14  16  19  23  26  29  30 

NSSS‐S: Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta; NSSS‐S A: subescala de centração no eu; NSSS‐S B: subescala de centração no parceiro e na atividade sexual.

Discussão

O objetivo da presente investigação consistiu em analisar as propriedades psicométricas da NSSS‐S. Procurou‐se testar se a NSSS‐S, tal como a NSSS original, teria uma estrutura bidimensional, tendo‐se confirmado a existência dessa mesma estrutura bidimensional já detetada previamente11. Dois dos itens saturaram simultaneamente em ambas as dimensões, mas tal é entendível e até expectável, dado que ambas as dimensões são facetas do mesmo constructo de satisfação sexual. As correlações entre as dimensões da NSSS‐S encontradas demonstraram ser altas e estatisticamente significativas, conforme esperado.

Em termos da fiabilidade, através do alfa de Cronbach verificou‐se que tanto a escala total como as dimensões obtiveram valores bastante bons, sempre acima do valor de referência de 0,70 recomendado29. Todavia, no que diz respeito às médias das correlações interitens a escala total e as dimensões obtiveram valores excessivamente elevados acima do valor de referência de 0,50, indicando uma excessiva homogeneidade dos itens30. Relativamente às amplitudes de CITC obtiveram‐se bons resultados quer considerando as dimensões isoladamente quer considerando a escala total dado que estiveram sempre acima do valor mínimo recomendado de 0,2031. De salientar que estes 2 últimos tipos de procedimentos de validação não foram efetuados originalmente na construção da escala.

Relativamente à validade convergente da NSSS‐S efetuada com a NSSS original, evidenciou‐se a existência de correlações positivas altas, que seria expectável, dado que ambas partilham em parte os mesmos itens. A validade convergente com a SSSS demonstrou correlações positivas moderadas‐baixas e estatisticamente significativas, também esperadas, dado que teoricamente existe uma sobreposição considerável entre os constructos de satisfação sexual e de busca de sensações sexuais. Na validade divergente os resultados evidenciaram também bons valores, dado se ter comprovado as correlações negativas esperadas com a SBS devido aos constructos medidos serem concetualmente diferentes. A validade concorrente, feita com as variáveis frequência de atividade sexual e satisfação com vida sexual, demonstrou as esperadas correlações positivas e estatisticamente significativas32.

Em termos dos resultados obtidos pela presente investigação, devemos salientar algumas limitações. A utilização de uma amostra de conveniência exclusivamente urbana e com um nível de escolaridade superior originará alguma falta de representatividade dos nossos participantes face à população a nível nacional. Relativamente aos procedimentos técnicos de análise das propriedades psicométricas da NSSS‐S, futuramente poder‐se‐á continuar o processo através de outros procedimentos complementares (e.g., estabilidade temporal, validade de grupos conhecidos)33.

Conclusões

É possível concluir que a análise das propriedades psicométricas da NSSS‐S na população portuguesa revelou valores satisfatórios e muito semelhantes aos da NSSS original, inclusive a nível da estrutura fatorial bidimensional. Os investigadores e clínicos a trabalhar na área da sexualidade humana passam a ter à sua disposição um instrumento de autorresposta muito breve e devidamente adaptado para avaliar a satisfação sexual em homens e mulheres.

Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animais

Os autores declaram que os procedimentos seguidos estavam de acordo com os regulamentos estabelecidos pelos responsáveis da Comissão de Investigação Clínica e Ética e de acordo com os da Associação Médica Mundial e da Declaração de Helsinki.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram ter seguido os protocolos do seu centro de trabalho acerca da publicação dos dados de pacientes.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram ter recebido consentimento escrito dos pacientes e/ ou sujeitos mencionados no artigo. O autor para correspondência deve estar na posse deste documento.

Financiamento

A presente investigação foi parcialmente financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) de Portugal.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Anexo
Tradução portuguesa dos itens da NSSS‐S

Itens 
2. A qualidade dos meus orgasmos.
3. A capacidade de me «soltar» e me entregar ao prazer sexual durante as relações.
5. A forma como eu reajo sexualmente ao(à) meu(minha) parceiro(a).
6. O funcionamento sexual do meu corpo.
8. O meu humor depois da atividade sexual.
10. O prazer que eu proporciono ao meu(minha) parceiro(a) sexual.
11. O equilíbrio entre o que eu dou e o que eu recebo durante o sexo.
12. O à‐vontade do(a) meu(minha) parceiro(a) durante o sexo.
14. A capacidade do(a) meu(minha) parceiro(a) em ter orgasmos.
17. A criatividade sexual do(a) meu(minha) parceiro(a).
19. A diversidade das minhas atividades sexuais.
20. A frequência da minha atividade sexual. 

NSSS‐S: Nova Escala de Satisfação Sexual – versão curta.

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