Objetivos: A diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e a saúde oral relacionam‐se estrita e reciprocamente, reconhecendo‐se em crianças uma maior susceptibilidade a patologias de natureza inflamatória e catabólica, com impacto acrescido a nível salivar. A metabolómica constitui uma das técnicas diagnósticas mais auspiciosas.e objectiva a medição e quantificação padronizadas de metabolitos resultando em diversas representações passíveis de comparação interindividual. Este trabalho visou a dentificação de potenciais determinantes da DM1 na saúde oral identificados pela análise de perfis metabolómicos salivares.
Materiais e métodos: Num estudo clínico observacional analítico transversal cumprindo os requisitos éticos exigidos foram incluídas 205 crianças, dos 5‐15 anos, 133 com DM1 e 72 não diabéticas saudáveis, seguidas em Endocrinologia Pediátrica e Odontopediatria. A avaliação clínica oral e a colheita de saliva estimulada foram conduzidas por um clínico experiente, sujeito a calibração prévia, contemplando o registo de diversos aspectos comportamentais, fisiológicos e patológicos. A caracterização metabolómica salivar foi efectuada por Ressonância Magnética Nuclear de protão (1H‐RMN). Após organização de resultados e categorização de variáveis procedeu‐se a análise estatística através do SPSS 19® e aplicação dos testes de correlação, Kruskal‐Wallis e Mann‐Whitney; valores de p<0,05 foram considerados significativos para um IC de 95%.
Resultados: A presença de DM1 foi significativa em determinados parâmetros constantes dos perfis metabolómicos salivares obtidos, verificando‐se algumas diferenças na análise dos mesmos com destaque, nas crianças diabéticas, para um acréscimo da concentração de butirato, por oposição às não diabéticas saudáveis, com concentrações salivares significativamente mais elevadas de alanina, etanol e malato. A idade e o género demonstraram ser relevantes nas concentrações de alanina e butirato. Contrariamente ao expectável atendendo ao catabolismo oral, não se detectaram diferenças significativas noutros metabolitos ‐ lactato, formato, propionato e acetato.
Conclusões: Parecem existir alterações no perfil metabolómico de crianças com DM1 relativamente às não diabéticas, distinguindo‐se o aumento de concentração de butirato nas diabéticas e de malato, etanol e alanina nas não diabéticas; contudo, toda esta informação inovadora e promissora deve ser entendida no contexto das respectivas vias bioquímicas, devidamente integrada e validada.