Objetivos: Alterações químicas e de rugosidade superficial dos implantes dentais podem conduzir a uma melhoria na manutenção da estabilidade secundária adquirida, favorecendo o processo de remodelação e neoformação óssea e possibilitando a instalação de carga funcional imediata ou precoce. O objetivo desse estudo pré‐clínico in vivo foi comparar as percentagens de contato osso‐implante (COI) e fração de área ocupada por osso (FAOO), e descrever qualitativamente as características ósseas morfológicas observadas entre duas superfícies de implantes moderadamente rugosas.
Materiais e métodos: Como grupo de controlo, foram utilizados implantes com superfícies que receberam decapagem com jato abrasivo e duplo ataque ácido (E ‐ Etched; n=12). O grupo experimental recebeu duplo ataque ácido com concentrações de 50% de ácido clorídrico e 50% de ácido sulfúrico, seguido por tratamento com micro‐ondas durante 10 minutos com uma frequência média de 2,45GHz e inserção em solução salina isotónica a 0,9%, a fim de aumentar o grau de hidrofilicidade (H ‐ Hydrophilic; n=12). Dois pares de implantes foram instalados bilateralmente na região proximal das tíbias de seis cães Beagle, permanecendo por 2 e 4 semanas in vivo. Após a eutanásia, os blocos de tíbia foram fixados durante 24 horas e cortes histológicos processados para avaliação qualitativa e quantitativa em microscopia ótica. A análise estatística foi realizada utilizando o teste Wilcoxon para amostras emparelhadas (p<0,05).
Resultados: Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes em relação aos valores de COI e FAOO entre os grupos estudados, em qualquer período de implantação. Em geral, a neoformação óssea ao longo e em contato com a superfície do implante pode ser observada independentemente do grupo experimental e período de implantação, no entanto, com algumas variações entre os implantes com pequenas quantidades de osso lamelar em proximidade com o córtex.
Conclusões: De acordo com os resultados histomorfométricos apresentados, apesar de não haver diferença significativa entre os dois grupos utilizando‐se um modelo animal, é possível observar o potencial positivo osteocondutor de superfícies quimicamente modificadas e da rápida integração dos tecidos, o que pode beneficiar muito a manutenção da estabilidade secundária obtida a nível clínico.