Objetivos: Os estudos epidemiológicos contribuem para o conhecimento da distribuição e dos determinantes das doenças, permitindo a implementação de medidas preventivas efetivas e adequadas à população estudada. Este trabalho pretendeu estudar a saúde oral da população escolar com 6 anos da Freguesia de Mafra. Os seus objetivos foram: a) determinar a prevalência e gravidade de cárie na dentição decídua; b) conhecer o nível de higiene oral; c) descrever os comportamentos relacionados com a saúde oral; d) relacionar a prevalência e gravidade de cárie com o nível de higiene oral e com os hábitos relacionados com a saúde oral.
Materiais e métodos: Foi realizado um estudo observacional e transversal. Os dados foram recolhidos através de observação intraoral das crianças e da aplicação de um questionário aos seus encarregados de educação. Para o diagnóstico de cárie foram utilizados os critérios da OMS e para a avaliação do nível de higiene oral foi utilizado o Índice de Higiene Oral Simplificado (IHO‐S). As observações foram realizadas por um observador previamente calibrado. Para a análise dos dados foram usados os testes Qui‐Quadrado, Mann‐Whitney e Kruskal‐Wallis (alfa=0,05).
Resultados: A amostra foi constituída por 165 crianças (85,1% da população‐alvo). A prevalência de cárie na dentição decídua foi de 32,7% e o cpod foi 1,32±2,39, correspondendo ao componente “c” do índice, 84,9% dos dentes. A maioria das crianças (61,0%) referiu já ter visitado o dentista. A ingestão de alimentos açucarados verificou‐se frequente, com 76,2% das crianças a referir comer “às vezes” estes alimentos, sendo o momento mais comum para essa ingestão “entre as refeições” (92,0%). Perto de 80% das crianças escovava os dentes todos os dias com a ajuda dos pais, sendo a escovagem da noite a mais frequente (88,5%). No entanto, 66,7% das crianças iniciou a escovagem dos dentes entre o primeiro e o terceiro ano de vida. O IHO‐S foi de 1,74. As crianças que já visitaram o dentista e que iniciaram a escovagem dos dentes mais tarde apresentaram significativamente piores indicadores de saúde oral.
Conclusões: A prevalência e gravidade de cárie na população estudada podem ser consideradas baixas, no entanto verificou‐se a existência de dificuldades no acesso aos cuidados de saúde oral. Alguns aspetos relacionados com a alimentação e a idade do início de escovagem dos dentes revelaram‐se insatisfatórios.