Objetivos: O objetivo deste trabalho é a construção de um modelo numérico e experimental para avaliação tridimensional dos deslocamentos, deformações e tensões acumuladas em pacientes classes I de Kennedy reabilitados com próteses parciais removíveis.
Materiais e métodos: Da consulta de controlo de uma paciente foram obtidos os modelos de gesso e uma tomografia de feixe cónico mandibular. A partir de técnicas de segmentação de imagem foi efetuada a reconstrução tridimensional da mandíbula (osso cortical e dentes). A geometria tridimensional dos dentes e tecidos moles foi obtida através da leitura ótica em scanner (inEOS® X5) do modelo de gesso. A prótese parcial removível foi desenhada em ambiente virtual (3Shape Dental SystemÔ) e todos os objetos 3D convertidos em ficheiros CAD, para execução da assemblagem do modelo. O modelo foi importado para programa de computação e análise de elementos finitos (ADINA), onde foi aplicada uma pressão equivalente a 120N de força compressiva sobre ambas as selas. Para o modelo experimental, a mandíbula foi impressa em material acrílico (VisiJet® FTI ZOOM), com recurso a impressora 3D (ProJetÔ 1500 Personal 3D printer), e, sobre o modelo de gesso, foi construída uma prótese parcial removível convencional. Esta foi então devidamente colocada sobre a mandíbula e o espaço entre os 2 objetos preenchido com silicone (GumQuick implant®), por forma a mimetizar a presença de tecidos moles. O conjunto foi estabilizado numa base acrílica e submetido a cargas crescentes sobre as selas até 120N, com máquina de testes universal (AG‐X Shimadzu®). Os micromovimentos e deformações foram registados através do método de correlação tridimensional de imagem (VIC 3D 2012).
Resultados: Relativamente ao modelo experimental, o deslocamento máximo vertical do conector e da sela distal foi de ‐61.74 (27.77) micrómetros e ‐263.36 (49.99) micrómetros, respetivamente. As deformações de Von Mises do conetor estavam mais concentradas no bordo inferior e apoios oclusais. A análise das deformações da sela distal e do gancho revelou uma elevada deformação associada ao tecido mole e à porção distal do gancho. Os resultados obtidos pela análise de elementos finitos foram qualitativamente comparáveis aos do método experimental.
Conclusões: Apesar da necessidade de refinamento do modelo, este estudo apresenta as várias etapas para o desenvolvimento de modelos experimentais e numéricos congruentes em pacientes com classes I de Kennedy, fundamental para a extrapolação clínica de resultados.