Introdução: Em adultos jovens com anomalias de classe III, é frequentemente necessário optar entre tratamento ortodôntico de camuflagem versus tratamento ortodôntico‐cirúrgico. A avaliação da estética facial, conjuntamente com a magnitude da discrepância esquelética e das compensações dentárias revela‐se determinante nesta decisão.
Objetivos: Determinar a influência da projeção do mento e do género do avaliado e do avaliador na avaliação da estética facial de perfis de Classe III.
Materiais e métodos: Fotografias dos perfis de 4 adultos jovens de ambos os géneros, com perfis considerados ideais, de acordo com o ângulo de convexidade facial e a linha estética de Ricketts, foram alteradas digitalmente, avançando o mento progressivamente de 1mm até 9mm. A harmonia facial foi classificada por 40 avaliadores, 20 de cada género, utilizando uma escala analógica visual. Os dados foram analisados com ANOVA para medições repetidas, usando a classificação da harmonia facial como variável dependente e o grau de avanço, o género do avaliador e o género do avaliado como variáveis independentes.
Resultados: As variáveis grau de avanço do mento e sexo do avaliado foram estatisticamente significativas (p<0,001 e p<0,01, respetivamente). O sexo do avaliador não influenciou significativamente os resultados. A harmonia facial atingiu a classificação máxima, aos 2mm de avanço (média 7,6), considerando ambos os géneros de avaliados, tendo o perfil inicial “ideal” recebido uma classificação média de 7,2. A avaliação mais favorável foi obtida com 1mm de avanço (média 7,7), para os perfis femininos, e com 2mm de avanço, para os perfis masculinos (média 7,7). Comparando os resultados para cada milímetro de avanço, observou‐se uma diferença significativa a partir de 4mm de avanço, para ambos os géneros, masculino (p=0,028) e feminino (p=0,012).
Conclusões: A projeção do mento influencia significativamente a harmonia facial, tendo os avaliadores atribuído classificações mais altas às fotografias com 0 a 3mm de avanço e progressivamente mais baixas por cada mm de avanço a partir dos 4mm. O género do avaliado, mas não o género do avaliador influiu na classificação da estética facial. Os perfis considerados mais atrativos foram os perfis com 2mm de avanço, para o sexo masculino, e 1mm de avanço, para o sexo feminino. Os perfis considerados mais atrativos não correspondem necessariamente a normas cefalométricas estabelecidas.
Implicações clínicas: A protrusão do mento e do grau de desarmonia facial que os leigos consideram aceitável para ambos os géneros é de grande interesse no planeamento do tratamento de casos limites de classe III, em que pode ser implementado um tratamento ortodôntico ou ortodôntico‐cirúrgico, e de casos cirúrgicos, em que é necessário determinar o ideal posicionamento do mento, em termos de harmonia facial.