Introdução: A metastização para a cavidade oral é incomum, representando cerca de 1% das neoplasias que envolvem este órgão. Na grande maioria dos casos, o tumor primário já é conhecido quando se diagnostica a lesão oral, mas esta poderá. Excecionalmente, ser o primeiro sinal de patologia neoplásica.
Descrição do caso clínico: Doente do sexo masculino, 87 anos de idade, antecedentes patológicos de adenocarcinoma do cólon, cirurgicamente tratado há 12 anos. Hábitos tabágicos e etílicos negados. Encaminhado para a consulta externa do serviço de estomatologia e cirurgia maxilofacial do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil de Coimbra por apresentar tumefação maxilar, envolvendo o primeiro quadrante por vestibular, com crescimento exuberante há cerca de um mês e com áreas de ulceração há cerca de uma semana. Biópsia incisional revelou resultado histológico compatível com adenocarcinoma, provavelmente metastático. Tomografia computadorizada cervico‐ toraco‐abdomino‐pélvica mostrou lesões nodulares sólidas no rim esquerdo e no pâncreas.
Discussão e conclusão: Para tumores de regiões inferiores, a via hematogénica é o mecanismo mais provável de disseminação. A gengiva representa a localização mais comum de metastização para tecidos moles intraorais. As lesões apresentam‐se habitualmente como uma massa nodular, tipo granuloma piogénico. A metastização oral é mais frequente em homens idosos. A aparência microscópica da neoplasia metastática deve ser compatível com o tumor primário. Após discussão clínica, em consulta de decisão terapêutica, decidiu‐se paliar o doente. Posto isto, de notar que um exame objetivo intraoral rigoroso pode revelar achados subjacentes a condições neoplásicas à distância e, como tal, permitir o seu diagnóstico e tratamento em fases mais precoces.