Introdução: A incidência particular de episódios de traumatologia oral em crianças em fase dentição temporária reveste‐se de cuidados acrescidos atendendo à possibilidade de dano irreversível infligido aos sucessores permanentes. Com este trabalho os autores pretendem ilustrar uma série de procedimentos clínicos em resposta a vários tipos de sequelas resultantes de dano em distintos estádios de desenvolvimento dentário.
Casos clínicos: O exame clínico e radiográfico de quatro crianças de idades compreendidas entre os 7 e os 13 anos com história de trauma em dentição temporária revelou alterações, de maior ou menor gravidade, confirmando o que descreve a literatura enquanto ocorrências possíveis: defeitos de forma e estrutura, alterações de posição dentária, distúrbios na formação radicular e formações do tipo odontoma. A abordagem terapêutica preconizada em cada uma das crianças foi definida de acordo com o tipo e extensão das lesões, a idade, fase da dentição, capacidade de colaboração, risco de complicações e nível de impacto social, englobando técnicas restauradoras, cirúrgicas e ortodônticas. Todos os casos descritos apresentam um follow‐up mínimo atual de cerca de dois anos.
Discussão e conclusão: Apesar da reconhecida variabilidade e complexidade de alguns destes defeitos, a resposta multidisciplinar, baseada numa adequada seleção de materiais e técnicas, constitui a base do restabelecimento funcional e estético. Não obstante, é transversalmente exigido que sejam também respeitados os princípios biológicos, anatómicos e comportamentais da criança, no sentido de assegurar um tratamento desejavelmente seguro, conservador e, muitas das vezes, progressivo, ainda que de prolongada monitorização.