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Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial
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Vol. 55. Núm. S1.
Reuniões e Congressos 2014
Páginas e42 (octubre 2014)
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# 93. Distúrbios do padrão de erupção dentária numa paciente com síndrome de Down
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Sónia Alves, Mariana Albergaria*, Sofia Oliveira Bento, João Filipe Lucas Rodrigues Freire Cavaleiro, Luísa Maló, Francisco Fernandes do Vale
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
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Introdução: A síndrome de Down é uma anomalia congénita autossómica que afeta entre 1:600 e 1:1000 nados vivos. Algumas manifestações clínicas desta síndrome incluem alterações dentárias, nomeadamente no que respeita ao número, tamanho e desenvolvimento das peças dentárias. O objetivo deste trabalho consiste em descrever um caso clínico de uma jovem portadora de síndrome de Down com alteração generalizada da erupção dentária.

Caso clínico: Paciente do sexo feminino com 23 anos, com síndrome de Down. A análise imagiológica da ortopantomografia permitiu observar um atraso muito significativo na erupção da dentição definitiva, com um total de 16 dentes não erupcionados e ectópicos (caninos, pré‐molares e segundos molares) e microdontia generalizada. Foram propostas duas hipóteses de tratamento: 1) Extração dos dentes decíduos e tração ortodôntica da dentição definitiva; 2) Manutenção dos dentes decíduos. Após ponderação, optou‐se pela segunda hipótese.

Discussão e conclusões: Geralmente a erupção espontânea do dente dá‐se quando dois terços da raiz estão formados, diminuindo o potencial eruptivo do dente após a conclusão do crescimento radicular. No caso clínico apresentado, os foramina apicais dos dentes retidos encontravam‐se já encerrados, pelo que a sua erupção espontânea era muito improvável. A exposição cirúrgica seguida de tração ortodôntica é o tratamento de eleição em caso de dentes retidos com potencial eruptivo reduzido. No entanto, esta técnica apresenta como inconveniente a possibilidade de lesão dos dentes retidos e suas estruturas de suporte. Por outro lado, o número elevado de dentes retidos neste caso clínico, bem como as suas posições ectópicas tornariam este procedimento extremamente complexo e potenciariam os seus efeitos adversos. É ainda de salientar que este processo prolonga a duração do tratamento o que, neste caso, aumentaria o tempo de edentulação da paciente, com evidente prejuízo funcional e estético da mesma. Como tal, e tendo em conta a idade e a condição sistémica da paciente, optou‐se por não realizar qualquer tipo de tratamento interventivo, mantendo‐se em observação para controlo periódico da situação clínica. Em casos específicos em que a posição dentária e número de dentes retidos dificultam um prognóstico aceitável para a técnica de tração ortodôntica, a manutenção dos dentes decíduos sem intervenção ao nível da dentição definitiva é uma solução válida, desde que seja efetuado um controlo periódico do caso.

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