Introdução: As malformações esqueléticas de classe III por retrognatia maxilar, com mandíbula normal ou ligeiramente prognata, poderão ser tratadas com êxito se detetadas precocemente, antes do pico juvenil, evitando a cirurgia ortognática na idade adulta.
Descrição do caso clínico: São apresentados 2 casos clínicos de retrognatia maxilar associada a uma mandíbula normal, cefalometricamente com uma relação sagital intermaxilar de classe III. Em ambos os casos, foi colocada uma máscara facial associada a expansão maxilar com quad‐helix modificado, onde foi aplicada uma força de protração de 500g, através de elásticos intermaxilares, durante um período de 14 horas por dia, ao longo de 9‐12 meses. CC1: doente do sexo masculino, com 5 anos de idade, que apresentava mordida cruzada anterior e posterior bilateral, com overjet de ‐1mm. Após utilização do protocolo máscara facial/quad‐helix modificado durante 11 meses, foi obtida a correção transversal e sagital, alcançando‐se um overjet de 3mm. CC2: doente do sexo feminino, com 4 anos de idade, que apresentava uma mordida cruzada anterior com endognatia maxilar transversal e leve prognatismo mandibular. Foi iniciado o protocolo descrito anteriormente e, ao fim de 9 meses, foi conseguida a reposição maxilar e toda a correção ortopédica da má‐oclusão. Seguiu‐se um período de contenção de 10 meses, com um aparelho removível tipo placa de Hawley com mola progénica, para evitar a recidiva e normalizar a inclinação incisiva. Até à idade adulta, o crescimento maxilomandibular ocorreu de acordo com os padrões normais. Aos 20 anos, verificou‐se a total estabilidade do tratamento, boa oclusão e harmonia facial.
Discussão e conclusões: O tratamento ortopédico precoce apresenta resultados mais favoráveis no esqueleto craniofacial, comparativamente a tratamentos iniciados mais tardiamente. A protração maxilar com a máscara facial pode induzir uma rotação anterior, contraindicada, por exemplo, em pacientes com tendência à mordida aberta esquelética. Os casos clínicos apresentados demonstram o sucesso da ação da máscara facial associada à expansão maxilar no deslocamento anterior da maxila, permitindo corrigir precocemente malformações esqueléticas de classe III com forte componente maxilar.