Introdução: Nas últimas décadas, tem‐se assistido ao progressivo desenvolvimento das técnicas adesivas e de novos materiais restauradores, que permitem aos médicos dentistas restaurar o setor anterior de uma forma mais conservadora, com a máxima preservação da estrutura dentária remanescente. No entanto, dentes extensamente destruídos, endodonciados e com o mínimo de remanescente de tecido cervical, conhecido por «efeito férula», representam um desafio na prática clínica.
Descrição do caso clínico: Paciente do género feminino, de 26 anos de idade, manifestou o desejo de reabilitar o seu sorriso num curto espaço de tempo, de uma forma económica e o mais conservadora possível. Clinicamente, observa‐se dentes com tratamento endodôntico radical (TER) e restaurações muito extensas com compósitos antigos, infiltrados e mal‐adaptadas. No presente caso clínico, por ser uma paciente jovem, com perda excessiva de estrutura dentária e com limitações económicas, optamos por um tratamento conservador, recorrendo a restaurações diretas em resina composta para melhorar a função e estética do seu sorriso.
Discussão e conclusões: A opção de restaurar dentes com pouco remanescente dentário permanece ainda controversa, nomeadamente no que toca à colocação ou não de espigão intrarradicular. Devem ser considerados elementos específicos referentes ao paciente, tais como: o baixo risco de cárie, uma oclusão estável e a ausência de hábitos parafuncionais. A utilização de sistemas adesivos e de resinas compostas, como dentina artificial em raízes debilitadas, tem sido sugerida porque, teoricamente, pode fornecer reforço interno da estrutura dentária remanescente devido às suas propriedades mecânicas. As resinas compostas modernas permitem obter elevados resultados estéticos, principalmente quando o operador tem como eleição a técnica de estratificação, para restaurações anteriores mais complexas. Apenas o follow‐up destes casos nos permitirá, no futuro, tecer considerações relativamente à opção de tratamento para o caso clínico descrito.