Introdução: Displasia fibrosa é uma desordem óssea benigna com origem numa mutação genética, caracterizada pela substituição da matriz óssea normal por um tecido conectivo fibroso com irregular trabeculado ósseo. Classifica‐se como monostótica ou poliostótica. Radiologicamente, apresenta áreas radiolúcidas a áreas opacas de aspeto de «vidro fosco». Podem surgir de forma assintomática ou com presença de dor, tumefação, expansão das cristas ósseas, alteração de oclusão assim como parestesias. O tratamento deve ser o mais conservador e só deve ser feito após o término do crescimento. Desta forma, vimos apresentar um caso clínico seguido na consulta do serviço de estomatologia do IPO do Porto.
Descrição do caso clínico: Paciente de sexo feminino, 41 anos de idade, enviada pelo Hospital de Viana do Castelo ao Serviço de Estomatologia do IPO do Porto, por suspeita de ameloblastoma mandibular. À história clínica, referiu que desde dezembro de 2014 apresentava uma sensação dolorosa na região esquerda mandibular. Efetuaram‐se exames complementares de diagnóstico (ortopantomografia e TAC), onde é observada uma lesão óssea com um trabeculado desorganizado ao nível do 3.° quadrante. Ao exame clínico verifica‐se uma ligeira assimetria facial à esquerda, com tumefação palpável.
Discussão e conclusões: As lesões fibro‐ósseas apresentam um desafio na sua distinção e classificação. Foi realizada uma biópsia aspirativa, onde o resultado apontou para um provável de fibroma cemento‐ossificante central. Tendo em conta a citológico, a paciente foi submetida a uma curetagem cirúrgica sob anestesia geral (todo o material recolhido foi enviado para o serviço de anatomia patológica). O diagnóstico foi de displasia fibrosa. Para determinar o tipo da lesão, realizou‐se uma cintigrafia óssea, onde os únicos locais que fixaram contraste foi o lado esquerdo da mandíbula. Diagnóstico definitivo: displasia fibrosa monostótica. Com o diagnóstico estabelecido, a paciente foi enviada de volta para o hospital de residência, onde continuará o seu acompanhamento. A displasia fibrosa é uma doença com baixa incidência; no entanto, se não diagnosticada e tratada atempadamente, poderá alterar a fácies do paciente. Para que isso seja possível, é fundamental reunir o máximo acerca da história clínica, exame clínico e exames complementares de diagnóstico, e também com anatomopatologistas experientes neste tipo de lesões.