Objetivos: O presente estudo visou determinar a prevalência de calcificações em tecidos moles observáveis em radiografias panorâmicas digitais numa população portuguesa e relacioná‐la com o género e idade do paciente, uni ou bilateralidade, e caráter singular ou múltiplo das lesões.
Materiais e métodos: Foram aleatoriamente selecionadas e analisadas, por 2 observadores de forma independente, 500 radiografias panorâmicas digitais de pacientes que procuraram cuidados dentários na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, entre setembro de 2015 e abril de 2016. Os dados obtidos foram estatisticamente analisados com o teste de qui‐quadrado e teste exato de Fisher (alfa=0,05).
Resultados: As radiografias analisadas revelaram um total de 348 calcificações em 62,5% dos indivíduos, onde 60,12% correspondem a indivíduos do sexo feminino. Esta relação entre a presença de calcificação e o género feminino foi considerada estatisticamente significativa (p=0,014). A calcificação do ligamento estilo‐hióideo parece ser a mais prevalente (63,2%), apresentando‐se mais frequentemente de forma bilateral. Uma relação estatisticamente significativa (p<0,01) foi também assinalada entre indivíduos com mais de 40 anos e a existência de calcificação.
Conclusões: Foi encontrada uma elevada prevalência (62,5%) de calcificações em tecidos moles observáveis em ortopantomografias. A mais frequente foi a calcificação do ligamento estilo‐hióideo, sendo mais visível em pacientes do sexo feminino com idade superior a 40 anos. O médico dentista deve estar «alerta» para a presença destas lesões e ser capaz de efetuar o diagnóstico precoce das mesmas.