Objetivos: Pretende‐se, com este trabalho, avaliar o fluxo, consistência e pH da saliva não estimulada, assim como o fluxo e capacidade tampão da saliva estimulada em crianças e jovens com diagnóstico de doença celíaca e comparar estes parâmetros com os obtidos em pacientes saudáveis.
Materiais e métodos: A saliva estimulada e não estimulada foi colhida por um único operador, a 2 grupos de indivíduos com idade pediátrica – um com diagnóstico de doença celíaca a cumprir dieta sem glúten, e sem outras patologias sistémicas associadas, e o outro saudável, sem estar sob qualquer medicação – durante os meses de abril e maio de 2016, na consulta de Odontopediatria do mestrado integrado de Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Foram cumpridos os princípios e requisitos éticos exigidos e, de modo a garantir a padronização das condições de colheita salivar, recorreu‐se ao teste Saliva‐check Buffer (GC). Os dados registados foram utilizados para posterior análise estatística.
Resultados: No grupo de doentes celíacos o fluxo da saliva estimulada encontrava‐se diminuído ao contrário da saliva não estimulada. Não se observa associação (p=0,192) entre o fluxo salivar não estimulado, nem entre o tipo de consistência (p=0,462) ou o pH (p=1,000) e os grupos testados. Assim como não se observa associação (p=0,790) entre o fluxo de saliva estimulada ou a capacidade tampão (p=1,000) e os grupos testados.
Conclusões: Não existem diferenças assinaláveis nos parâmetros salivares estudados (fluxo, consistência e pH da saliva não estimulada, fluxo e capacidade tampão da saliva estimulada) entre os pacientes celíacos e os saudáveis. As complicações associadas ao desenvolvimento de doença celíaca fazem com que o diagnóstico precoce seja crucial na população pediátrica. É crescente e de primordial necessidade desenvolver um método de diagnóstico que seja simples e inócuo, e com elevada sensibilidade e especificidade. São necessários mais estudos, com amostras mais dilatadas e uniformização de critérios de avaliação, para avaliar se o teste Saliva‐check Buffer (GC), a par da identificação de outras manifestações orais concomitantes, pode ser vantajoso como método complementar para o diagnóstico da doença celíaca.