Objetivos: Determinar numa amostra populacional portuguesa: a) a média, o desvio‐padrão e a variância de cada um dos dentes anteriores; b) a prevalência da discrepância dentária anterior com ±1 desvio‐padrão e ±2 desvio‐padrão; c) a incidência de casos de excesso mandibular e maxilar com ±1 desvio‐padrão e ±2 desvio‐padrão; d) a relação existente entre a análise de Bolton anterior e o género; e) o valor médio do índice de Bolton anterior.
Materiais e métodos: Estudo descritivo, inferencial e exploratório das discrepâncias dentodentárias anteriores. Através de uma amostra inicial de 968 modelos de estudo pré‐tratamento, foram selecionados 410, sendo que 252 elementos eram do sexo feminino e 158 eram do sexo masculino. Foram registadas as maiores dimensões mésio‐distais dos dentes anteriores (de canino a canino), superiores e inferiores, através dos modelos de gesso da clínica de ortodontia Armandino Alves, LDA, em Braga. Graças aos elementos recolhidos, foi calculado o índice de Bolton anterior. O tratamento estatístico dos dados foi efetuado através do programa SPSS, sendo que o nível de significância foi de 95%.
Resultados: A prevalência da discrepância dentária anterior com ±1 desvio‐padrão foi de 52,2% (30,20% de casos de excesso mandibular e 22,00% de excesso maxilar) e com ±2 desvio padrão foi de 22,68% (14,63% de casos de excesso mandibular e 8,05% de excesso maxilar). O resultado do índice de Bolton anterior não foi influenciado pelo género. O valor médio obtido para o índice de Bolton anterior numa amostra populacional portuguesa foi de 77,16%.
Conclusões: A importância de diagnosticar a discrepância dentária tem sido amplamente descrita na literatura. Para que exista uma excelente finalização ortodôntica, deve existir uma correta relação de tamanho entre os dentes maxilares e mandibulares. Nesta amostra, a prevalência da discrepância dentária anterior foi bastante elevada, o que reforça a importância da realização de um diagnóstico completo antes da execução do tratamento ortodôntico.