Introdução: As anomalias vasculares representam doenças do endotélio e dos tecidos vizinhos que resultam em crescimentos vasculares aberrantes, dividindo-se em congénitas e adquiridas. As congénitas estão representadas pelos tumores vasculares, como o hemangioma, e tendem a diminuir de tamanho com o tempo. As adquiridas estão representadas pelas malformações vasculares, classificando-se conforme o tipo de vasos envolvidos (capilares, veias, linfáticos e malformações arteriovenosas). Estas não diminuem de tamanho com o tempo e originam-se em ectasias progressivas de estruturas vasculares preexistentes, por trauma, infeções ou pressão hemostática aumentada. As varizes, que ocorrem em adultos, pela dilatação de vénulas, resultando em pápulas de coloração azul- violáceas, bem delimitadas, levemente elevadas, compressíveis, com 2 a 10mm de diâmetro. A anamenese e o exame clínico são, normalmente suficientes para estabelecer o respetivo diagnóstico clínico. Na cavidade oral surgem mais frequentemente no lábio e na mucosa jugal, podendo mimetizar lesões mais graves como o melanoma. Apesar de assintomáticas, o tratamento pode ser necessário, existindo sangramento após trauma ou por motivos estéticos. O objetivo deste trabalho é a abordagem clínica de uma variz de pequenas dimensões.
Caso clínico: Paciente M.F.C, caucasiano, 71 anos, sexo masculino, saudável, com queixa de “bolha na bochecha sujeita a trauma e dor durante a mastigação”, não sabendo especificar há quanto tempo surgiu, apenas que já havia sido extraído o dente 18, por estar extruído e vestibularizado. Clinicamente, identificou-se uma lesão na mucosa jugal direita ao nível do plano oclusal adjacente ao 17, discretamente elevada, circular com cerca de 4mm, contínua com a mucosa, azul-roxeada, bem delimitada, compressível e assintomática à palpação.
Discussão e conclusões: AS características clinicas e por ter ocorrido diminuição do tamanho e descoloração da lesão pelo teste de vitropressão, eram compatíveis com o diagnóstico de lesão de natureza vascular. Como havia desconforto físico e trauma no local da lesão com risco de hemorragia optou-se pela remoção cirúrgica com bisturi elétrico, por electrocoagulação, após anestesia infiltrativa local, proporcionando maior conforto pois é pouco invasivo e não envolve grande risco de hemorragia. A técnica de electrocoagulação permite a remoção de lesões vasculares de pequena dimensão, sem recidiva e comprometimento estético, de forma simples e eficaz.