Introdução: O Tumor Odontogénico Quistico Calcificante (TOQC), também conhecido por Quisto Odontogénico Calcificante ou Quisto de Gorlin é uma lesão benigna incomum que representa 2% dos tumores odontogénicos. A sua etiologia permanece desconhecida, embora seja aceite que se desenvolva a partir de remanescentes do epitélio odontogénico presentes na mandíbula, maxila e gengiva. Podem ser identificadas lesões intra e extraósseas. As primeiras são destrutivas e surgem radiograficamente como imagens radiolúcidas uni ou multiloculares contendo áreas radiopacas irregulares. Podem estar associadas a dentes não erupcionados e as corticais ósseas expandidas ou perfuradas. Nas lesões extra-ósseas pode haver erosão do osso subjacente. Geralmente são assintomáticos e muitas vezes descobertos em exames radiográficos.
Caso clínico: Este póster apresenta um caso clínico de um doente do sexo feminino com 23 anos assintomática e com tumefação da maxila direita. Na Tomografia Computorizada observou-se lesão radiolúcidas, multilocular e bem definida na maxila à direita associado ao dente 13 impactado. No interior da lesão, observamos a presença de calcificações irregulares. No exame histopatológico, evidenciou-se tecido de padrão quístico com a presença de um número variado de células fantasmas no componente epitelial e material dentinóide adjacente ao componente epitelial.
Discussão e conclusões: O TOQC é uma lesão de desenvolvimento rara, que surge a partir de epitélio odontogénico. Pode ocorrer em qualquer local da cavidade oral, mas a maioria surge na região anterior da maxila e mandibula, sendo a região do canino a mais afetada. Não apresenta predileção por sexo. A faixa etária média é de 33 anos, podendo variar entre a segunda e terceira década de vida. Radiograficamente, surge com maior frequência como uma radiolucidez unilocular bem definida. Podendo apresentar-se como multilocular (5% a 13%). Estão presentes estruturas radiopacas no interior da lesão e aproximadamente um terço das lesões está associada a um dente incluso. No exame histopatológico é observada uma lesão quistica bem definida, com uma cápsula fibrosa e um limitante epitelial com espessura de quatro a dez células. Esta lesão pode ser tratada com enucleação e curetagem. A Tomografia Computorizada revelou a morfologia da lesão e relação com estruturas anatómicas adjacentes, auxiliando no diagnóstico e planeamento cirúrgico. O diagnóstico radiográfico foi confirmado pela histopatologia.