Introdução: O fibroma ossificante periférico é uma lesão fibro-óssea benigna, caracterizada pela proliferação fibroblástica associada a áreas mineralizadas. Clinicamente é séssil ou pediculada, eritematosa ou normo-coloreada, com tamanho<2cm, frequentemente envolvendo a papila interdentária. Na maioria dos casos não há envolvimento ósseo subjacente susceptível de ter tradução radiográfica.
Caso clínico: Doente do sexo feminino, 32 anos, sem antecedentes médicos patológicos dignos de registo, apresentava uma lesão exofítica de base séssil localizada na mucosa gengival com 6 meses de evolução. Referia ter tido uma lesão similar no final da gravidez, há dois anos, altura em que a mesma foi excisada, sem avaliação histológica posterior da peça operatória. O exame clínico atual revelou uma lesão exofítica envolvendo a papila interdentária do dente 4.3 e 4.4, com cerca de 8mm, eritematosa, de consistência duro-elástica, dolorosa e sangrante à palpação, compatível com um diagnóstico clínico provisório de granuloma piogénico, granuloma periférico das células gigantes ou fibroma ossificante periférico. Dados os antecedentes clínicos, optou-se por uma biópsia excisional minimamente invasiva. O exame anatomo-patológico revelou: «Tecido ocupado por proliferação densa de células ovais, monomorfos, com pequenos fragmentos de tecido ósseo, dispersos, com osteócitos espaçados e sem atipia, sem osteoblastose nem osteoclastose visíveis», compatível com fibroma ossificante periférico. Foi posteriormente realizada uma segunda intervenção uma vez que havia comprometimento de um dos bordos cirúrgicos da lesão. O follow-up pós-operatório revelou bom cicatrização.
Discussão e conclusões: O diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais na abordagem do fibroma ossificante periférico. A sua elevada taxa de recidiva resulta da incompleta remoção da lesão, da falha na eliminação de fatores irritantes ou da dificuldade na manipulação de tecido devido à sua localização. O tratamento deste tipo de lesões consiste na excisão cirúrgica, sendo importante assegurar a existência bordos cirúrgicos livres de lesão, de forma a minimizar os riscos de recidiva. Todas as lesões exofíticas, incluído aquelas que se enquadram num quadro clínico aparentemente menos agressivo deverão ser sujeitas a avaliação anatomo-patológico destinada a confirmar o diagnóstico clínico. No fibroma ossificante periférico, a sua correta exérese cirúrgica e o subsequente follow-up assumem particular importância no controlo das recidivas.