O objetivo essencial de qualquer sociedade científica é possibilitar aos membros expor os resultados dos seus estudos, confrontá‐los com os colegas e manter atualizados os associados sobre determinada área do conhecimento.
O ponto de encontro, por excelência, dos membros das sociedades científicas é o seu congresso anual. Local onde os profissionais têm acesso aos mais recentes avanços científicos e também a oportunidade debater as suas ideias, pois, apesar da evolução tecnológica, o contacto humano continua a ser fundamental. O Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) tem ganho, com naturalidade, um merecido lugar de destaque no panorama nacional, como o crescente número de inscritos o demonstra. A especialização, talvez exagerada, da medicina dentária e estomatologia aumenta o risco de delimitar o conhecimento, impedindo uma visão global do problema. A existência de uma reunião científica multidisciplinar é por isso muito importante. Sendo o elo de ligação entre as diferentes especialidades, é também uma boa oportunidade de exibição, para uma plateia diversificada, da evolução das diferentes áreas da saúde oral. A par do congresso, as «Noites da SPEMD» têm sido um verdadeiro caso de sucesso, levando também a formação científica de qualidade a vários pontos do país.
Por outro lado, é de grande importância a existência de uma publicação de qualidade que permita, não só, que o trabalho feito perdure no tempo, como abra o caminho para chegar ao maior número possível de interessados. A SPEMD, instituição quase centenária e plena de vitalidade, tem desempenhado com brio e empenho esta missão. Os artigos clínicos e de investigação, atualmente produzidos em Portugal, são em grande número e de elevada qualidade. A Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial é a publicação nacional mais conceituada da nossa área e com razões para isso, pois foi a única que deu uma resposta pronta a esse incremento qualitativo e quantitativo, através da sua invejável organização, o que tornou possível a internacionalização, graças à indexação a importante motores de pesquisa e bases de dados internacionais como a ScienceDirect, Scopus, Google Scholar e CroessRef. Desta forma, os artigos e resumos dos congressos realizados em Portugal estão acessíveis, não só aos colegas nacionais, mas também internacionais, importantíssimo passo para que a área de saúde oral lusitana seja conhecida e reconhecida além‐fronteiras.
A Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento‐Facial (SPODF) tem como objetivo fundamental promover e apoiar atividades ligadas ao estudo, investigação e desenvolvimento da ortopedia dentofacial e ortodontia. De facto, desde a sua fundação, em 1986, a inegável ajuda da SPODF permitiu que a ortodontia nacional esteja atualmente ao mesmo nível dos países mais evoluídos. As primeiras publicações portuguesas sobre ortodontia, o primeiro curso de pós‐graduação e mais tarde a especialidade nasceram por vontade dos seus membros. Além disso, cada reunião científica anual tem sido o palco para os melhores oradores do momento. A ambição dos membros desta sociedade, que sempre foi ter uma publicação oficial indexada, tornou‐se, na atualidade, uma primeira necessidade. Mas sabíamos que seria um objetivo difícil de atingir devido à dimensão nacional. Desta forma e respondendo ao repto da Direção da SPEMD, na altura presidia pelo Prof. Doutor Jaime Portugal, foi decidido reunir esforços e assim ajudar a continuar a divulgação das atividade clínicas e de investigação que se praticam entre nós.
Assim, em abril de 2014, durante a XXVI Reunião Científica Anual da SPODF, que teve lugar na cidade berço, foi assinado o protocolo com a SPEMD, representada ao mais alto nível pelo seu Presidente, Prof. Doutor Pedro Mesquita. A partir da referida data a Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial tornou‐se também o órgão oficial da SPODF. A cooperação entre as 2 sociedades estende‐se a outras iniciativas, tais como a existência de um espaço próprio da SPODF durante o Congresso Anual da SPEMD e a responsabilidade de organização conjunta de outras formações cujo tema seja ortodontia. A estrutura organizativa e independência científica serão mantidas, por vontade claramente expressa de ambas as instituições.
Esta sinergia já deu frutos com a primeira colaboração durante o Congresso da SPEMD 2014 e com a publicação de um número especial da Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial com os resumos da XXVI Reunião Cientifica Anual da SPODF 2014, estímulo científico importante para manter a participação de oradores de qualidade.
Termino, fazendo votos que este protocolo de cooperação se torne uma mais‐valia não só para ortodontia nacional, mas também para a medicina dentária e para a estomatologia em geral, e o seu alargamento a outras sociedades científicas existentes, criando uma verdadeira plataforma de dignificação e divulgação da qualidade praticada na área de saúde oral nacional.