Objetivos: O objectivo do estudo foi a determinação do efeito da acetilcolinesterase salivar na citotoxicidade dos extratos de três resinas acrílicas de rebasamento, através do estudo in vitro da viabilidade celular de fibroblastos humanos.
Materiais e métodos: Foram preparados discos com 50 × 2 mm das resinas acrílicas de rebasamento Probase Cold (P), Kooliner (K) e Ufi Gel Hard (U). Os espécimes de cada resina foram incubados em 5 mL de meio de cultura (n=3; grupo controlo) ou em 5 mL de meio de cultura com 5 U/mL de acetilcolinesterase (AChE) (n=3; grupo experimental) durante 72 horas a 37°C. A citotoxicidade de soluções padrão dos monómeros residuais metilmetacrilato (MMA), isobutilmetacrilato (IBMA) e hexanodioldimetacrilato (HDMA) e do produto de degradação ácido metacrílico (MA) foi também avaliada. Utilizou-se o ensaio de redução do brometo de [3-(4,5-dimetiltiazol-2-ilo)-2,5 difenil-2H-tetrazólio (MTT) para determinar a viabilidade celular de culturas primárias de fibroblastos humanos expostas a várias diluições dos extractos das resinas e várias concentrações dos compostos isolados. Paralelamente, foram utilizados grupos de controlo negativo, de controlo positivo e da ação da enzima nas células. Usou-se o teste estatístico de Mann-Whitney para comparação dos resultados entre grupos de espécimes de cada material, com um nível de significância de 95%.
Resultados: Os espécimes do grupo controlo da resina K apresentaram uma redução de viabilidade celular de quase 90%, sendo que o grupo controlo da resina U teve uma redução de aproximadamente 20%. Os grupos experimentais, com a enzima AChE, tiveram resultados estatisticamente diferentes (p<0,05), embora a diferença tenha sido bastante ligeira. A viabilidade celular das culturas expostas aos extratos da resina P foi semelhante ao controlo negativo e não se evidenciaram diferenças entre os grupos. Assim, a resina K demonstrou ser um material bastante citotóxico e a resina U um material ligeiramente citotóxico, independentemente da ação da AChE. O monómero HDMA apresentou uma redução de viabilidade celular de cerca de 80% mostrando-se bastante citotóxico. A concentração máxima estudada dos monómeros MMA e IBMA e do produto de degradação MA apresentou uma redução de cerca de 20%.
Conclusões: A incubação com a enzima AChE não alterou a viabilidade celular dos extratos da resina P e alterou apenas ligeiramente a ação das resinas K e U, sem modificar o seu potencial citotóxico. O estudo das soluções padrão dos compostos presentes nos extratos permitiu concluir que a citotoxicidade destes materiais não pode ser explicada apenas pela toxicidade isolada dos monómeros libertados e do produto de degradação comum.