Introdução: O crescimento das crianças está habitualmente associado a uma alimentação correcta sendo a amamentação natural um dos pilares desse desenvolvimento harmonioso.
Objetivos: O objectivo deste estudo foi determinar a relação entre a duração da alimentação por amamentação exclusiva e a prevalência de mordida cruzada posterior na dentição decídua.
Materiais e métodos: Foi constituída uma amostra por 232 crianças (101 sexo masculino e 131 sexo feminino) em fase de dentição decídua completa, com idades compreendidas entre os 3 e 6 anos de idade, de jardins de infância dos concelhos de Valongo e Paredes. Da análise dos questionários respondidos pelos pais, dividiram-se as crianças em quatro grupos: grupo 1, nunca amamentados (n =29); grupo 2, amamentados por menos de seis meses (n =119); grupo 3, amamentados de 6 a 12 meses (n=50) e grupo 4, amamentados por mais de 12 meses (n=34). O teste do qui-quadrado foi utilizado para verificar a relação entre duração da amamentação e prevalência de mordida cruzada posterior (P<0,05).
Resultados: A mordida cruzada foi observada em 31,0%; 21,0%; 8,0% e 8,8% nas crianças dos grupos 1,2,3 e 4, respectivamente. Os resultados demonstraram uma relação estatística significativa entre a duração da amamentação exclusiva e prevalência de mordida cruzada posterior, bem como a maior prevalência desta má oclusão em crianças com hábitos de sucção não nutritivos.
Conclusões: Dentro das limitações do estudo, pode concluir-se que a amamentação exclusiva previne o desenvolvimento de mordida cruzada posterior, na dentição decídua e que períodos prolongados de hábitos de sucção não nutritivos desencadeiam o desenvolvimento desta má oclusão.