Objetivos: As características da superfície dos implantes são importantes pois é o local onde ocorrem as reações biológicas que conduzem, quando as condições são favoráveis, à osteointegração. Fatores como a macro e microtopografia são importantes pois podem condicionar a osteogénese. No presente trabalho procurou-se estudar o comportamento biológico de células osteoblásticas in vitro quando na presença de diferentes superfícies de implantes.
Materiais e métodos: Foram utilizados 264 implantes em titânio comercialmente puro divididos em seis grupos. Os dois primeiros formados por implantes maquinados, o 3°, 4° e 5° por implantes jateados e submetidos a ataque ácido, segundo diferentes protocolos, e o 6° por implantes revestidos a spray de plasma de titânio. Os implantes dos seis grupos foram semeados com células de medula óssea humana e cultivados por um período de 33 dias, tendo sido avaliado o comportamento celular ao longo desse tempo através de métodos qualitativos e quantitativos.
Resultados: A adesão celular foi avaliada durante as primeiras 24 horas de cultura, com recurso à Microscopia Electrónica de Varrimento (MEV). As células osteobláticas demonstraram capacidade para aderir em todas as superfícies analisadas não se observando, para estes tempos, diferenças significativas nas diferentes superfícies. A morfologia celular e a organização do citoesqueleto foi observada com Microscopia Confocal de Varrimento Laser após coloração imunocitoquímica para o citoesqueleto de F-actina e núcleo. Aos 21 dias é evidente o aumento significativo do número de células em todas as superfícies. As imagens obtidas através de MEV mostram diferenças significativas relativamente ao padrão de crescimento celular para as várias superfícies. As diferenças observadas na atividade da fosfatase alcalina, ao dia 21, para os implantes dos grupos 3, 5 e 6, comparativamente com os valores obtidos para os implantes maquinados do grupo 1 foram estatisticamente significativas. Na fase da cultura analisada (dia 21) não se observaram diferenças significativas na expressão génica dos marcadores osteoblásticos analisados (colagénio tipo I, fosfatase alcalina, osteoprotegerina e BMP-2).
Conclusões: A adesão celular à superfície dos implantes e a sua proliferação ocorreu em todos os grupos, independentemente do tipo de tratamento de superfície observando-se, no entanto, diferenças na resposta biológica causadas pelas diferentes características das seis superfícies.