Objetivos: Investigação recente tem-se centrado na relação da saúde oral com complicações gestacionais, levantando questões sobre fatores de risco para essas complicações. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo caraterizar e avaliar eventuais fatores de risco (genéticos e ambientais, sistémicos e orais) para complicações gestacionais numa população da Consulta da Grávida e Bebé da FMDUP (CGB-FMDUP).
Materiais e métodos: O estudo, do tipo transversal observacional, foi realizado numa amostra de quinze gestantes selecionadas aleatoriamente de uma população da Unidade de Diagnóstico Pré-natal do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia (UDP – CHVNG) seguidas pela CGB-FMDUP. As variáveis foram determinadas através da avaliação e registo clínicos recolhidos. A análise estatística foi efetuada no SPSS Statistics (versão 21.0, IBM®,USA) e a metodologia estatística consistiu na caraterização através de gráficos e tabelas de frequências. Foi utilizado o teste exato de Fisher para avaliar a associação entre variáveis binárias. A deteção de evidência estatística foi considerada para valores p inferiores a 0,05.
Resultados: Da caraterização de eventuais fatores de risco genéticos salientaram-se os seguintes resultados: 61,5% das gestantes apresentava história de doença genética/familiar, 30,8% possuíam história de abortos na família, 15,4% apresentavam história familiar de mortes ou problemas ocorridos no período pré-natal, neo-natal e infância por defeitos congénitos. Para os possíveis fatores ambientais, verificou-se que 30,8% das grávidas possuíam hábitos tabágicos e nenhuma consumia álcool. Dos passíveis fatores sistémicos destacou-se que 38,5% das gestantes possuía uma patologia sistémica e nenhuma tinha diabetes gestacional. Relativamente a fatores orais realçou-se que 30,8% apresentavam gengivite e 38,5% periodontite. O teste exato de Fisher não detetou associação estatisticamente significativa entre a ocorrência de aborto provocado ou de aborto espontâneo e a história de doença genética/ familiar (valores p respetivamente de 0,641 e de 0,510).
Conclusões: O estudo desenvolvido não encontrou associação estatisticamente significativa entre a ocorrência de aborto e história de doença genética/familiar. No entanto, tornam-se prementes mais estudos, com populações de maior dimensão, que incidam na relação de eventuais fatores de risco e complicações da gestação e parto.