Introdução: A amálgama dentária é um material dentário utilizado há cerca de 165 anos e desde sempre envolto em polémica devido ao potencial efeito adverso do seu principal componente, o mercúrio.
Objectivos: Este trabalho de investigação pretende ser uma revisão sistemática da literatura para que, baseada na melhor evidência científica, se possa responder da melhor forma ao doente que coloca uma questão tão usual no consultório sobre se se deve remover as restaurações em amálgama advogando os seus potenciais efeitos adversos.
Materiais e métodos: Para responder à questão PICO formulada, efectuou-se pesquisa sistemática nas diferentes bases de dados, até Março de 2012. Foram utilizadas as palavras-chave “dental amalgam”, “mercury” e “adverse effects”. Os critérios de inclusão foram: estudos clínicos randomizados, revisões sistemáticas ou meta-análises sobre o tema; follow-up superior a 12 meses; artigos escritos em Português, Inglês, Francês e Espanhol; participantes jovens, jovens adultos, adultos ou idosos; restaurações em dentes permanentes.
Resultados: Após a verificação da duplicação de artigos destas bases de dados, chegou-se a um total de 32 artigos, dos quais apenas 14 corresponderam aos critérios de inclusão. Através das suas referências bibliográficas foram incluídos mais 3 artigos, obtendo-se um total de 17 artigos. Destes, 15 são ensaios clínicos randomizados, que foram divididos em 3 grupos denominados por “Casa Pia Children's Amalgam Trial”, “German Amalgam Trial” e “New England Children's Amalgam Trial”. Foi feita a avaliação metodológica destes grupos, pelos critérios CONSORT que foram considerados válidos e de grande poder científico, pelo que se procedeu à extracção dos seus dados e análise dos seus resultados. Foi ainda avaliado o risco de viés destes grupos através de Cochrane e verificou-se que todos os grupos apresentaram baixo risco de viés. Os outros dois artigos incluídos são uma revisão sistemática e uma meta-análise. A revisão sistemática também foi considerada válida para análise após a sua avaliação pelos critérios PRISMA. Mas a meta-análise inicialmente incluída, foi recusada por não apresentar critérios PRISMA suficientes.
Conclusão: Deve-se explicar aos doentes que queiram remover as suas restaurações em amálgama, que a sua remoção provoca um aumento da exposição aos vapores de mercúrio, quando comparada com a sua manutenção, que apesar de também apresentar algum grau de libertação contínua de mercúrio, esta concentração é inferior. E até ao momento presente e com base na evidência clínica disponível, o uso de restaurações em amálgama parece ser apropriado e não existe justificação clínica para a sua remoção, quando estas se encontram clinicamente satisfatórias, excepto em casos de lesões orais ou alergia confirmada.