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Inicio Revista Internacional de Andrología Validação portuguesa da Escala de Busca de Sensações Sexuais
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Vol. 13. Núm. 4.
Páginas 125-130 (octubre - diciembre 2015)
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Vol. 13. Núm. 4.
Páginas 125-130 (octubre - diciembre 2015)
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Validação portuguesa da Escala de Busca de Sensações Sexuais
Portuguese validation of the Sexual Sensation Seeking Scale
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Pedro Santos Pechorroa,b,
Autor para correspondencia
ppechorro@gmail.com

Autor para correspondência.
, Patrícia Monteiro Pascoalc,d, Catarina Soares Figueiredoe, Ana Isabel Almeidae, Rui Xavier Vieiraf, Saul Neves Jesusa
a Centro de Investigação sobre Espaço e Organizações, Universidade do Algarve, Faro, Portugal
b Escola de Psicologia, Universidade do Minho, Braga, Portugal
c Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto, Porto, Portugal
d Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
e Instituto Universitário da Maia, Maia, Portugal
f Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
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Tabela 1. Análise de componentes principais
Tabela 2. Alfa de Cronbach, média das correlações inter‐itens e amplitude das correlações item‐total corrigidas
Tabela 3. Validade convergente com a NSSS, validade divergente com a RSES e validade concorrente com o número de parceiros sexuais
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Resumo
Introdução

O conceito de busca de sensações sexuais constitui um constructo interessante a explorar no campo do estudo da sexualidade humana.

Objetivo

A presente investigação teve como objetivo proceder à validação da versão portuguesa da Escala de Busca de Sensações Sexuais (SSSS), instrumento unidimensional que avalia a busca de sensações sexuais em homens e mulheres.

Material e métodos

Recorreu‐se a um total de 298 participantes de ambos os sexos, os quais preencheram o questionário com a tradução para português da SSSS.

Resultados

Foram demonstradas as principais propriedades psicométricas da validação da SSSS.

Discussão

A estrutura unidimensional original da SSSS foi replicada e obtiveram‐se valores bons a nível de consistência interna, de validade convergente e de validade concorrente.

Conclusões

As boas propriedades psicométricas encontradas justificam e reforçam a recomendação de utilização da versão da SSSS para a população portuguesa.

Palavras‐chave:
Avaliação
Busca de sensações sexuais
Escala de Busca de Sensações Sexuais
Validação
Abstract
Introduction

The concept of sexual sensation seeking is an interesting construct in the study of human sexuality.

Objective

The aim of the present study was to validate the Portuguese version of the Sexual Sensation Seeking Scale (SSSS), a unidimensional scale that assesses sexual sensation seeking among men and women.

Material and methods

A total of 298 participantscompleted the Portuguese version of the SSSS.

Results

The main psychometric properties of the Portuguese version of the SSSS were assessed.

Discussion

The original unidimensional structure of the SSSS was replicated and good values were also obtained in terms of internal consistency, convergent validity, divergent validity and concurrent validity.

Conclusions

The use of the Portuguese version of the SSSS is justified and reinforced since it has sound psychometric properties.

Keywords:
Assessment
Sexual Sensation Seeking
Sexual Sensation Seeking Scale
Validation
Texto completo
Introdução

O constructo de busca de sensações pode ser conceptualizado como a procura de sensações e experiências variadas, novas, complexas e intensas, e a aceitação de riscos físicos, sociais, legais e financeiros para obter essa experiência1. Esta conceptualização é suportada por outros autores que acentuam a busca de sensações como um traço de personalidade que explica a preferência por diferentes atividades, com ou sem risco associado, que provocam estados de ativação fisiológica e emocional (i. e., excitação intensa)2. De acordo com a teoria da excitação, o objetivo da busca de sensação é explicado pela necessidade de sentir excitação por si mesma, mas também, mais especificamente, de sentir o aumento da sensação de excitação1,2.

A busca de sensações tem sido essencialmente estudada como um dos constructos explicativos de base para uma grande variedade de comportamentos de risco, apesar de também ser associada à procura de atividades que não implicam risco. Alguns destes comportamentos são socialmente aceites e até encorajados tais como a prática de desportos perigosos3 ou a visualização de desportos violentos4, enquanto outros são socialmente ou até mesmo condenados, tais como os comportamentos aditivos ou a agressividade5. A investigação demonstra que as pessoas com predisposição para a busca de sensações preferem contextos sociais em que se envolvam em atividades carregadas de prazer e recreação, mas que tenham uma componente de risco social, físico, legal e financeiro. A probabilidade de envolvimento nestas atividades pode ser diminuída se houver no ambiente disponibilidade de outras atividades que envolvam forte ativação fisiológica, mas sem risco associado, ou com risco mínimo (e. g., desporto)2.

A busca de sensações associada à atividade sexual é uma dimensão específica da busca de sensações caracterizada pela necessidade de procurar experiências novas, variadas e complexas de forma a amplificar as sensações sexuais mesmo correndo riscos físicos e sociais. Apesar de o seu estudo constituir uma área ainda recente da investigação, o corpo de informação existente é rico e salienta o papel crucial que esta dimensão tem na compreensão de comportamentos sexuais individuais e diádicos. Salientamos entre as áreas de estudo mais sólidas a associação da busca de sensações sexuais com: 1) a exposição à transmissão de infeções sexualmente transmissíveis; 2) o consumo de pornografia e a compulsão sexual; e 3) os comportamentos de infidelidade.

Relativamente à primeira área de estudo, a associação entre a busca de sensações sexuais e os comportamentos de exposição à transmissão de infeções sexualmente transmissíveis, os estudos conduzidos com amostras de estudantes têm demonstrado que quer em homens quer em mulheres níveis altos de busca de sensações sexuais se associam ao envolvimento em comportamentos sexuais de exposição a infeções sexualmente transmissíveis, nomeadamente ao vírus de imunodeficiência adquirida (VIH)6. Na população homossexual, níveis altos de busca de sensações sexuais são preditores de envolvimento em sexo anal sem proteção, um comportamento sexual de risco7. A associação entre a busca de sensações sexuais e adoção de comportamentos de proteção sexual, tais como a utilização de preservativo, é uma área ainda pouco conhecida8.

A segunda área de estudo onde a busca de sensações sexuais tem sido abordada como correlato importante é procura de sexo pela internet, a pornografia online e a adoção de comportamentos sexuais de risco. A investigação tem demonstrado que a busca de sensações sexuais é um preditor positivo da utilização de pornografia online e modera a associação entre o consumo de pornografia e a adoção de comportamentos sexuais de risco9 e entre a procura de sexo pela internet e a adoção de comportamentos sexuais de risco em homens homossexuais10. Estes dados suportam e necessidade de utilização de medidas sólidas que avaliem os níveis de busca de sensações sexuais para que se possa desenhar intervenções específicas junto de pessoais mais vulneráveis para a adoção de comportamentos sexuais de risco na sequência da utilização das novas tecnologias da informação.

Por último, uma área importante onde a busca de sensações sexuais tem demonstrado ter um impacto é na infidelidade em relações de compromisso e exclusividade. A busca de sensações sexuais é um importante preditor do envolvimento em relações extra diádicas de estudantes universitários11, a busca de sensações sexuais é um dos motivos apontados por homens e mulheres para os comportamentos de infidelidade de risco de jovens adultos12 e a busca de sensações sexuais é uma importante variável mediadora entre o género e a intenção de envolvimento em relações sexuais extra‐conjugais13. Estes dados suportam a necessidade de avaliar a busca de sensações sexuais em contextos de investigação e de intervenção clínica com casais.

A Escala de Busca de Sensações Sexuais (Sexual Sensation Seeking Scale – SSSS)14 é atualmente a única escala desenvolvida para avaliar a busca de sensações sexuais, tendo sido desenvolvida a partir da Sensation Seeking Scale1,15. A SSSS é constituída por 10 itens de conteúdos especificamente sexuais, podendo ser aplicada a adolescentes e adultos de todas as idades e de ambos os géneros. Tem demonstrado valores indicadores de boa fiabilidade em populações diversas, tais como estudantes universitários16, população comunitária de homens e mulheres adultas6, população diagnosticada com infeções sexualmente transmissíveis17, adolescentes afro‐ americanas18 e homens homossexuais14. Tem também revelado boa validade convergente com medidas de avaliação de prática de sexo desprotegido, número de parceiros sexuais e utilização de álcool em contextos sexuais e boa validade preditiva da prática de comportamentos sexuais de risco19. Os homens e os jovens de classes sociais mais altas tendencialmente apresentam níveis mais altos de busca de sensações sexuais20.

A presente investigação refere‐se ao processo de validação da SSSS numa amostra comunitária da população portuguesa. A escolha desta medida é justificada pelos bons resultados psicométricos que tem apresentado em diferentes estudos com diferentes populações e pelo papel importante que se considera que esta dimensão tem na compreensão dos comportamentos sexuais. Dado que em Portugal são raros os casos de medidas no campo da sexualidade validados com sucesso (e. g., IIEF‐5)21, a escolha da SSSS pareceu‐nos particularmente adequada para fomentar o desenvolvimento da investigação em sexualidade humana.

Objetivos

A nível internacional, particularmente em Portugal, existe a necessidade de proceder à validação de instrumentos psicométricos relativos ao campo da sexualidade humana que demonstrem cumprir critérios métricos rigorosos. O objetivo do presente artigo consistiu em proceder à validação portuguesa da SSSS, replicando alguns dos procedimentos métricos utilizados na construção desta escala. Desta forma, pretende‐se fundamentar empiricamente a utilização da SSSS a nível de investigação e de prática clínica em Portugal.

Material e métodosParticipantes

A amostra normativa de conveniência da população geral foi constituída por 298 participantes (média=30,57 anos; desvio‐padrão=9,57 anos; amplitude=18‐63 anos) residentes em meio urbano. Desse total de participantes 51% eram mulheres e 49% eram homens. Em relação ao estado civil, 56,4% eram solteiros, 26,5% eram casados/em união de facto, 4,8% eram divorciados/separados e 12,3% tinham outro estado civil (e. g., viúvo) ou não responderam. Relativamente à escolaridade, 3,7% haviam completado o ensino básico, 17,6% o ensino secundário, 77,1% o ensino superior e 1,6% não responderam. Em termos de números de parceiros sexuais atuais, 92,6% afirmaram ter apenas um parceiro sexual, 1,6% afirmaram ter mais de um parceiro sexual e 5,8% não responderam. No que diz respeito à frequência de atividade sexual, 22,9% referiram 1‐2 vezes por mês, 61,7% referiram 1‐3 vezes por semana, 10,6% referiram 4‐6 vezes por semana, 1,1% mais de 7 vezes por semana e 3,7% não responderam.

Instrumentos

A SSSS14,19 é uma medida de autorresposta unidimensional com 10 itens concebida para avaliar a busca de sensações sexuais – definida como a necessidade de ter experiências sexuais novas e variadas, e de correr riscos físicos e sociais com o objetivo de aumentar as sensações sexuais. Os itens que constituem a SSSS são ordinais de 4 pontos (de 1=Discordo totalmente a 4=Concordo totalmente). A SSSS pode ser utilizada com homens e mulheres, adultos ou adolescentes, tendo sido desenvolvida a partir de amostras comunitárias, amostras clínicas e amostras escolares/universitárias. A SSSS tem demonstrado possuir boas propriedades psicométricas a nível de validade e fiabilidade. Valores altos na pontuação da escala correspondem a níveis altos de busca de sensações sexuais.

A Nova Escala de Satisfação Sexual (New Sexual Satisfaction Scale – NSSS)22 é uma medida de autorresposta de 20 itens com uma estrutura fatorial bidimensional constituída por uma subescala de Centração no Eu (itens 1‐10) e uma subescala de Centração no Parceiro e na Atividade Sexual (itens 11‐20). Os itens que constituem a NSSS são ordinais de 5 pontos (de 1=Nada Satisfeito a 5=Totalmente Satisfeito). As pontuações de cada dimensão são obtidas pela soma das pontuações dos itens individuais dessa dimensão e a pontuação total da NSSS é obtida pela soma das pontuações de todos itens. A NSSS pode ser utilizada com homens e mulheres, tendo sido desenvolvida a partir de amostras comunitárias, amostras clínicas e amostras de estudantes universitários. A NSSS tem demonstrado possuir boas propriedades psicométricas a nível de validade e fiabilidade. Valores altos na pontuação da escala correspondem a níveis altos de satisfação sexual. A versão portuguesa da NSSS23 foi utilizada na presente investigação para efetuar a validade convergente, tendo a consistência interna por alfa de Cronbach obtida sido 0,96.

A Escala de Autoestima de Rosenberg (Rosenberg Self‐Esteem Scale – RSES)24 é uma medida de autorresposta unidimensional de 10 itens que avalia a autoestima em adultos e adolescentes. A RSES pode ser cotada simplesmente somando itens ordinais de 4 pontos (de 1=Discordo totalmente a 4=Concordo totalmente), após se ter efetuado a reversão dos itens apropriados. Pontuações mais altas indicam níveis de autoestima mais altos. Na presente investigação foi utilizada a versão portuguesa da RSES25 para efetuar a validade divergente, tendo a consistência interna por alfa de Cronbach obtida sido 0,80.

Foi construído adicionalmente um questionário sociodemográfico através do qual se pretendeu recolher informação acerca de cada participante, nomeadamente: idade, sexo, nacionalidade, escolaridade, profissão, estado civil, duração do relacionamento atual, número de parceiros sexuais, frequência de atividade sexual (codificada como item ordinal de 5 pontos) e satisfação com vida sexual (codificada como item ordinal de 5 pontos).

Procedimentos

Foi contatado o primeiro autor da SSSS, nomeadamente Seth Kalichman, no sentido de obter permissão para se efetuar a validação portuguesa da escala, tendo este respondido que a escala é de domínio público e de utilização livre. Inicialmente foi feita uma tradução do instrumento com a colaboração de um tradutor‐especialista. Os itens foram traduzidos literalmente sempre que o seu significado em português o permitisse, mas quando tal não era possível optou‐se por uma tradução menos literal que captasse o sentido do item original26. Foram de seguida feitas algumas aplicações experimentais, empregando‐se para tal um contexto de grupo de foco e um contexto individual. A partir destas aplicações evidenciou‐se a necessidade de proceder a algumas pequenas correções adicionais à tradução de forma a facilitar a leitura por parte dos participantes com níveis de escolaridade mais baixos, tendo‐se chegado assim à versão final da escala.

Através do termo de consentimento informado que precedia o questionário, todos os participantes foram informados que o objetivo era fazer a validação da SSSS para a população portuguesa, que apenas os investigadores teriam acesso às respostas dos instrumentos de avaliação e que a participação era voluntária. Informou‐se ainda que esta pesquisa tinha um carácter académico e que os investigadores não estariam interessados em resultados individuais, mas sim na análise estatística que abrangeria todas as respostas recolhidas. Recrutaram‐se os participantes constituintes da amostra normativa de conveniência da população geral em instituições de ensino superior (Instituto Universitário da Maia, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias) que incluíram alunos e funcionários. Após a recolha dos dados procedeu‐se à seleção dos questionários que cumpriam os critérios da investigação, tendo sido excluídos os que não os cumpriam. Os critérios mínimos estabelecidos na inclusão dos participantes na presente investigação foram ter nacionalidade portuguesa, ser maior de idade (18 ou mais anos de idade) e ter um relacionamento sexual há pelo menos 3 meses.

Os dados obtidos foram inseridos e tratados no software IBM SPSS v2227. Após a inserção dos dados foi recolhida uma amostra de cerca de 30% dos questionários inseridos na base de dados de forma a avaliar a qualidade de inserção, que veio a ser considerada boa dada a quase inexistência de erros de inserção. No tratamento de dados propriamente dito recorreu‐se a análise de componentes principais (ACP), coeficiente alfa de Cronbach e correlações de Pearson, além de estatísticas descritivas (e. g., médias, desvios‐padrão)28.

Resultados

O passo inicial da validação da SSSS foi ACP dos itens da SSSS. Dado que a SSSS é tida como uma medida unidimensional forçou‐se a extração de um único componente, tendo o teste de Kaiser‐Meyer‐Olkin (KMO) indicado um valor de 0,80 e o teste de Bartlett sido estatisticamente significativo (χ2=349,88; p ≤0,001)28. Como critério de eventual exclusão de itens utilizou‐se o nível carga fatorial inferior a 0,30, tendo sido possível constatar que todos os itens cumpriram esse patamar mínimo de peso fatorial e portanto nenhum foi excluído (ver tabela 1).

Tabela 1.

Análise de componentes principais

Itens  Fator 
1. Gosto de encontros sexuais sem inibições e sem tabus.  0,66 
2. As sensações físicas são a coisa mais importante durante o sexo.  0,43 
3. Os(as) meus(minhas) parceiros(as) sexuais provavelmente pensam que eu gosto de «arriscar» sexualmente.  0,57 
4. Quando se trata de sexo, a atração física é mais importante para mim do que conhecer bem a outra pessoa.  0,41 
5. Gosto da companhia de pessoas sensuais.  0,37 
6. Gosto de ver filmes pornográficos.  0,48 
7. Tenho interesse em tentar novas experiências sexuais.  0,69 
8. Gosto de explorar a minha sexualidade.  0,73 
9. Gosto de ter experiências e sensações sexuais novas e excitantes.  0,77 
10. Prefiro a sensação de ter relações sexuais sem preservativo.  0,33 
Eigenvalue  3,20 
Variância  32% 

O passo seguinte consistiu em calcular a consistência interna através de alfa de Cronbach, a média das correlações inter‐itens e a amplitude de correlações item‐total corrigidas (ver tabela 2).

Tabela 2.

Alfa de Cronbach, média das correlações inter‐itens e amplitude das correlações item‐total corrigidas

  Alfa  MCII  ACITC 
SSSS  0,74  0,23  0,20‐0,60 

ACITC:amplitude das correlações item‐total corrigidas; Alfa:alfa de Cronbach; MCII:média das correlações inter‐itens; SSSS:Escala de Busca de Sensações Sexuais.

A validade convergente da SSSS com a NSSS demonstrou uma correlação positiva estatisticamente significativa, enquanto a validade divergente com a RSES demonstrou uma correlação negativa que não foi estatisticamente significativa. A validade concorrente com a variável número de parceiros sexuais demonstrou uma correlação positiva estatisticamente significativa (ver tabela 3).

Tabela 3.

Validade convergente com a NSSS, validade divergente com a RSES e validade concorrente com o número de parceiros sexuais

  NSSS  RSES  NPS 
SSSS  0,19*  –0,09ns  0,22** 

NPS: número de parceiros sexuais; NSSS:Nova Escala de Satisfação Sexual; RSES:Escala de Autoestima de Rosenberg; SSSS:Escala de Busca de Sensações Sexuais.

*

Significativo ao nível 0,05; ns:não significativo.

**

Significativo ao nível 0,01.

Discussão

O objetivo do presente estudo foi a validação para Portugal da SSSS de forma a fundamentar a sua utilização para efeitos de investigação e de prática clínica. A análise da estrutura fatorial da SSSS revelou uma medida unidimensional, tal como a evidenciada originalmente pelos autores da escala14,19. Não foi necessário excluir itens dado que todos obtiveram pesos fatoriais adequados29. A consistência interna calculada recorrendo ao alfa de Cronbach revelou um valor satisfatório acima do limite recomendado de 0,7029, o que evidencia a fiabilidade da SSSS. Em termos da média das correlações inter‐itens obteve‐se um valor adequado dentro do intervalo recomendado (i. e., 0,15‐0,50), o que evidencia homogeneidade adequada dos itens que constituem a SSSS30. Em termos das amplitudes de correlações item‐total corrigidas obtiveram‐se resultados adequados dado que estas estiveram sempre acima de 0,20, que é o valor mínimo considerado aceitável pela literatura31.

A validade convergente da SSSS com a NSSS revelou uma correlação positiva estatisticamente significativa, embora moderada‐baixa, que já seria expectável dada a sobreposição parcial existente entre os constructos de satisfação sexual e de busca de sensações sexuais29. Na validade divergente da SSSS com a RSES o resultado obtido evidenciou também o que era esperado dado ter‐se comprovado a correlação negativa e não‐significativa esperada devido aos constructos medidos serem conceptualmente diferentes e não sobreponíveis31. Na validade concorrente da SSSS com a variável número de parceiros sexuais verificou‐se a correlação positiva estatisticamente significativa e tendencialmente moderada a alta que eram esperada32, conhecida que é a relação entre a busca de sensações sexuais e o aumento de parceiros com os quais se vai manter as atividades sexuais.

É necessário referir algumas limitações ao nosso estudo. A utilização de uma amostra de conveniência com um nível alto de escolaridade terá causado alguns problemas a nível da representatividade face à população portuguesa geral. Em termos dos procedimentos psicométricos será necessário continuar o processo de validação efetuando novos estudos que complementem a presente investigação, como, por exemplo, avaliar a estabilidade temporal da SSSS (i. e., fiabilidade teste‐reteste) e utilizar métodos confirmatórios de análise fatorial32.

Conclusões

É possível concluir que o processo de validação da SSSS para a população portuguesa se revelou satisfatório dado que foi possível demonstrar a existência de propriedades psicométricas adequadas muito semelhantes às da escala original. Os investigadores e especialistas na área da sexualidade humana têm agora à sua disposição um instrumento de autorresposta breve devidamente validado para avaliar a busca de sensações sexuais em homens e mulheres portugueses.

Financiamento

A presente investigação foi parcialmente financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) de Portugal.

Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animais

Os autores declaram que os procedimentos seguidos estavam de acordo com os regulamentos estabelecidos pelos responsáveis da Comissão de Investigação Clínica e Ética e de acordo com os da Associação Médica Mundial e da Declaração de Helsinki.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram ter seguido os protocolos do seu centro de trabalho acerca da publicação dos dados de pacientes.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram ter recebido consentimento escrito dos pacientes e/ ou sujeitos mencionados no artigo. O autor para correspondência deve estar na posse deste documento.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

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