Introdução: A Disfunção Temporomandibular (DTM) abrange um conjunto de alterações clínicas que envolvem os músculos da mastigação, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas. Existem muitos fatores de risco para mioartropatias. Dos fatores anatómicos, a posição condilar retruída dentro da fossa glenóide, parece ser um fator de risco ao deslocamento anterior do disco, causando dor. Deve ser avaliada a sobrecarga ou compressão da região retro‐discal muito vascularizada e inervada. Esta compressão é particularmente nociva. O objectivo desta apresentação é dar a conhecer diferentes abordagens terapêuticas do paciente com dor.
Casos clínicos: Serão apresentados dois casos clínicos de pacientes adultos. O primeiro será do sexo feminino de 21 anos de idade que apresenta uma classe II, Div.2 esquelética com sobremordida. Tem sintomas de dor e tensão na região muscular do temporal e da ATM bilateralmente. Foi tratada com aparelho ortopédico funcional, um SN 1 (Simões Network 1). Serão apresentadas fotos intraorais e extraorais da paciente antes e após o tratamento. O segundo caso será também do sexo feminino com 53 anos de idade. A paciente apresenta uma mordida cruzada anterior com sobremordida e uma classe III esquelética. Referia dor na região da ATM direita e dos músculos da mastigação do mesmo lado. Foi tratada com o Aparelho Ortopédico Funcional, Pistas Indiretas Planas Especial. Serão apresentadas fotos intraorais e extraorais do caso antes e depois do tratamento.
Discussão e conclusões: Após revisão de artigos de relevância científica, observa‐se a característica multifatorial na etiologia das disfunções temporomandibulares, na qual diferentes estruturas e fatores podem estar envolvidos, reforçando a necessidade de uma análise multidisciplinar com ampla abordagem do paciente com dor e disfunção. Estudos recentes sugerem que a má‐oclusão, no mínimo, desempenhe um papel contribuinte para o desencadeamento ou manutenção da disfunção temporomandibular. Estudos com ressonância magnética indicam que o tratamento com estes aparelhos não prejudica a relação disco articular/côndilo mandibular, assim como não se apresenta como fator de risco para a DTM. Podemos afirmar que é seguro o tratamento com aparelhos ortopédicos funcionais. No primeiro caso clínico apresentado, foi preconizada uma mudança de postura terapêutica mandibular com translação e rotação anterior, de modo a aliviar a posição retruída típica da classe II esquelética. Corrigiu‐se a sobremordida e melhorou‐se a relação sagital. A paciente relatou uma melhoria quase total da dor. A paciente sentiu conforto no uso do aparelho, à exceção da dificuldade que sentiu na dicção. No segundo caso clínico apresentado, corrigiu‐se a mordida cruzada e em seguida enviou‐se para reabilitação oral para colocar dentes ausentes para manter a nova dimensão vertical conseguida com o tratamento. A paciente apresentou uma melhoria progressiva do seu quadro sintomatológico. O aspecto negativo está também relacionado com a dicção e com a falta de estética do arco de Eschler ou de Progenia. Os Aparelhos Ortopédicos Funcionais auxiliam na conquista do equilíbrio articular, muscular e oclusal, contribuindo para a melhoria dos sinais e sintomas da DTM. A mudança de postura mandibular preconizada pelo tratamento com estes aparelhos procura estabelecer a posição e postura mandibular e oclusal com o mínimo de tensão e pressão sobre as ATMs.