Introdução: A microdontia, uma das anomalias de forma mais frequentes, atinge aproximadamente 2% da população. É definida como uma condição na qual os dentes são dimensionalmente menores do que o normal, podendo envolver todos os dentes ou ser limitado a um único ou a um grupo de dentes. Aceita‐se que tanto os fatores genéticos como ambientais possam ser influentes no processo de formação e determinação do tamanho dentário. Os incisivos laterais maxilares (ILM) são os dentes mais afetados. Surgem, frequentemente, associados a diastemas que, ao comprometer a estética e a função, constituem o principal motivo de insatisfação dos pacientes. A harmonia entre o tamanho mesio‐distal dos dentes de ambas as arcadas é importante para atingir uma relação inter‐oclusal equilibrada, com adequada relação canina e sobremordidas vertical e sagital. Para a excelência no tratamento ortodôntico é primordial que os clínicos tenham conhecimento da existência de eventuais discrepâncias dentárias.
Caso clínico: Paciente do género masculino, 12 anos. Recorreu ao SOFMDUP, motivado pela insatisfação com a estética dentária, comprometida pela presença de diastemas e dentes pequenos. O estudo ortodôntico revelou que o paciente apresentava um perfil ortognático, Classe I molar bilateral, Classe canina indeterminada, DDM maxilar de +8mm e mandibular de +4mm, microdontia com ILM conóides. Para estudar o tamanho dentário recorreu‐se à análise de Bolton para os 6 dentes anteriores, que permitiu determinar a discrepância dento‐dentária (DDD). O paciente apresentava um excesso de material dentário na arcada inferior de 4,2mm. Foi proposto um tratamento interdisciplinar, com auxílio da Dentisteria Conservadora, para a realização de ameloplastias aditivas nos incisivos maxilares. Uma vez que a distribuição inicial dos diastemas permitiria realizar ameloplastias respeitando parâmetros estéticos, funcionais e periodontais, optou‐se por efetuar este procedimento antes do tratamento ortodôntico. O procedimento restaurador foi efetuado de modo a procurar manter esmalte livre na zona central das coroas, de modo a permitir a eficaz colagem dos brackets. As ameloplastias foram projetadas num enceramento de diagnóstico prévio e o procedimento de dentisteria baseou‐se numa técnica restauradora estratificada com resinas compostas nanohíbridas. Preconizou‐se que os espaços remanescentes em ambas as arcadas iriam ser encerrados recorrendo ao tratamento ortodôntico.
Discussão e conclusões: A presença de dentes microdônticos causa limitações estéticas e funcionais, constituindo um desafio clínico na reabilitação estética anterior. Quando esta anomalia está presente, a harmonia do sorriso encontra‐se comprometida, exigindo a realização de procedimentos ortodônticos e reabilitadores com recurso à Dentisteria Conservadora ou recorrendo a facetas estéticas. Através do estudo da proporção dentária é possível quantificar a discrepância presente e, de acordo com cânones estéticos e funcionais, redimensionar as coroas de forma a proporcionar uma relação inter‐oclusal de excelência no final da intervenção corretiva.