Introdução: O aparelho de Bimler é considerado um modelador elástico. Os dentes, intrínsecos na matriz óssea, são conduzidos durante a sua erupção pelas partes moles circundantes, com a ajuda da superfície oblíqua dos dentes até à sua oclusão definitiva. Se este processo é perturbado por hipotrofia ou hipoplasia da matriz óssea, por alteração na quantidade ou tamanho dos dentes, por coordenação deficiente entre a mandíbula e a maxila ou por alterações funcionais, aparecem numerosas anomalias de oclusão. Com a apresentação destes dois casos clínicos, temos como objetivo, dar a conhecer técnicas mais antigas, mas nem por isso menos eficazes. O autor destes aparelhos, Hans Peter Bimler (Alemanha) sempre teve como objetivo principal a obtenção de novos padrões funcionais para uma determinada má‐oclusão.
Casos clínicos: Serão apresentados dois casos clínicos. O primeiro, um paciente do sexo masculino de 9 anos de idade com falta de espaço no maxilar e com os incisivos laterais superiores ectópicos. Foi tratado com um aparelho de Bimler Tipo A. O segundo caso é um paciente do sexo masculino de 10 anos de idade com uma mordida cruzada anterior e tendência a classe III esquelética. Foi tratado com um aparelho Bimler C para mesioclusões (classe III). Este aparelho tem um arco de Eschler, também chamado Arco de Progenia e um acessório para ajudar a descruzar a mordida, um equiplan.
Discussão e conclusões: O Modelador Elástico de Bimler funciona como se fosse uma grande mola, obedecendo à lei da elipse. Quando a boca fecha sobre esta grande mola, os músculos, como se fossem cordões controlam as posições solicitadas. Os sistemas sensorial e motor induzem modificações ósseas e de posições dentárias. Assim, os sistemas são educados ou reeducados amadurecendo reflexos posturais e de movimentos, mantendo harmonia entre ATMs e arcadas dentárias. No primeiro caso apresentado, preconizou‐se um pequeno avanço e rotação da mandíbula, ocasionando forças dirigidas a dorsal sobre a maxila e forças recíprocas para ventral sobre a mandíbula. Transversalmente o aparelho dirige as forças musculares à parte anterior do maxilar induzindo expansão, tendo sido conseguido a inclusão completas dos incisivos laterais superiores na arcada. O aparelho apresenta como desvantagens a estética e a alteração na fala. No segundo caso apresentado, foi escolhido o Bimler C. Descruzámos a mordida e houve um controlo ou inibição do crescimento mandibular feita pelo aparelho através do arco de progenia. A estética e a dificuldade na dicção são o maior inconveniente do aparelho, embora as crianças tenham, geralmente, uma fácil adaptação. Em recente trabalho científico publicado na “Revista Española de Ortodoncia”, Ricketts cita 40 vantagens do “Tratamento precoce”, o que com sua autoridade científica reforça os objetivos do tratamento com aparelhos ortopédicos funcionais. Segundo Ricketts, a correção precoce das classes III reduz a necessidade de se realizar cirurgia mandibular em até 90% dos casos. A supervisão do desenvolvimento oral infantil permite que sejam prevenidas ou detetadas anormalidades assim que se instalem e possibilita atuar no momento mais propício, diminuindo desvios no crescimento, no que se refere a alterações dentárias e ósseas e funcionais. Os aparelhos funcionais de Bimler são opções válidas e úteis na intercepção precoce da má‐oclusão.