Objetivos: Determinar a relação entre o estado cognitivo e a presença de contactos dentários em idosos institucionalizados.
Materiais e métodos: O grupo de estudo é constituída por 506 pessoas, entre os 61‐102 anos (389 mulheres e 117 homens), institucionalizadas em residências geriátricas da Corunha, Vigo e Porto, com uma idade média de 83,85±7,11 anos. A todos os idosos, aplicou‐se o Mini Mental State Examination (MMSE) para avaliar o seu estado cognitivo. Os idosos foram divididos em dementes e não dementes. Efetuou‐se uma exploração oral, registando especialmente variáveis relacionadas com a capacidade mastigatória, como: número de dentes, número de pares de dentes com contacto, tipos de contactos (naturais, prótese, mistos) e a localização dos contactos (só anterior, unilateral, bilateral mas com menos de 14 pares de contactos, total com 14 pares de contactos). Os valores das variáveis odontológicas e do teste cognitivo compararam‐se estatisticamente para estabelecer correlações.
Resultados: Devido à distribuição não homogénea da idade entre homens e mulheres, ajustaram‐se os modelos, incluindo só pacientes com idade compreendida entre 70‐95 anos, para equilibrar ambos os grupos. Dos 471 idosos, 249 apresentavam declínio cognitivo. A probabilidade de apresentar demência é significativamente menor quanto maior é o número de contactos (independentemente do tipo de contacto), assim como a presença de oclusão, quer seja total ou bilateral. Nas mulheres, a variável com maior efeito sobre a redução da probabilidade de demência é a presença de uma oclusão bilateral; nos homens é a presença de oclusão total. Os valores de «odds ratio» menores que 1 indicam que, tanto o número de contactos, como a presença de oclusão total ou bilateral, podem ser considerados fatores de proteção frente à demência. Os efeitos são de maior magnitude nos homens do que nas mulheres e para a presença de oclusão (total ou bilateral) em relação ao número de contactos.
Conclusões: Em pacientes idosos institucionalizados, parece existir um efeito protetor da capacidade de mastigação sobre a deterioração cognitiva.