Introdução: Um tratamento ortodôntico‐cirúrgico deve ter como objetivo não só a obtenção de uma oclusão ideal num sistema estomatognático saudável, mas também a melhoria da estética facial do paciente, com estabilidade a longo prazo dos resultados alcançados. No tratamento ortodôntico‐cirúrgico da classe III esquelética e da endognatia maxilar, torna‐se crucial a colaboração entre o ortodontista e o cirurgião maxilofacial.
Descrição do caso clínico: Paciente do sexo masculino, 19 anos de idade, apresenta uma deformidade dentofacial de classe III. Na observação extraoral verifica‐se a presença de uma face longa, com assimetria do mento para a esquerda, perfil côncavo e ângulo nasolabial aumentado. Ao exame intraoral, apresenta‐se com uma endognatia maxilar, associada a mordida cruzada posterior bilateral e falta de espaço severa na arcada maxilar e mandibular. O plano de tratamento sugerido foi um tratamento combinado ortodôntico‐cirúrgico. A primeira fase consistiu na expansão maxilar cirurgicamente assistida, em que se adotou o protocolo de ativação do parafuso Hyrax, de 2 voltas de manhã e 2 voltas à noite, depois de um período de latência de 5 dias após as osteotomias. Efetuado o período de contenção necessário nestes casos de expansão esquelética, foi colocada aparatologia fixa maxilar e mandibular e realizada a exodontia de 4 pré‐molares. Posteriormente, foi realizada a segunda cirurgia ortognática, que envolveu o avanço maxilar, com recurso a osteotomia Le‐Fort I e a correção da assimetria mandibular, através da osteotomia sagital bilateral da mandíbula. Seguiu‐se a fase ortodôntica pós‐cirúrgica de finalização e a realização da contenção fixa inferior e removível superior com uma placa de Hawley. A correção da endognatia maxilar foi realizada numa primeira fase cirúrgica, através da expansão maxilar cirurgicamente assistida, pois a magnitude da discrepância transversal exigia o tratamento em 2 fases cirúrgicas. Na preparação ortodôntica pré‐cirúrgica foram eliminadas as compensações dentárias e as arcadas foram harmonizadas, tendo sido necessária a exodontia dos primeiros pré‐molares superiores e inferiores devido à existência de discrepância dentomaxilar severa em ambas as arcadas. Durante o tratamento ortodôntico, o paciente foi regularmente acompanhado pela periodontologia.
Discussão e conclusões: É de salientar a importância de uma equipa multidisciplinar no tratamento de casos mais complexos, de forma a culminar no resultado funcional e estético mais favorável para o paciente.