Objetivos: O uso crônico de etanol prejudica diretamente o processo biológico de reparo ósseo, principalmente pela inibição das células osteoblásticas. Os biomateriais sintéticos, como o betafosfato tricálcico, são biocompatíveis, biodegradáveis e osteocondutíveis, podendo auxiliar na formação de novo tecido ósseo. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da ingestão crônica de etanol no processo de reparo ósseo de defeitos cranianos tratados com betafosfato tricálcico.
Materiais e métodos: Foram utilizados 40 ratos machos, distribuídos aleatoriamente em 2 grupos: grupo água (os animais receberam água como dieta líquida) e grupo etanol (os animais receberam etanol a 25% como dieta líquida). O grupo etanol foi submetido inicialmente à adaptação gradativa por 3 semanas em doses crescentes até atingir 25%, assim permanecendo por 90 dias. Após esse período, todos os animais foram submetidos à cirurgia experimental. Nos ossos parietais de cada animal foram confecionadas 2 cavidades com 5,0mm de diâmetro ao lado da sutura sagital, sendo que o defeito no osso parietal direito foi preenchido com betafosfato tricálcico (Bionnovation®, São Paulo, Brasil) e o esquerdo preenchido por coágulo. Para as análises, os grupos foram subdivididos em: grupo coágulo água, grupo coágulo etanol, grupo biomaterial água e grupo biomaterial etanol. Os períodos de eutanásia foram 10, 20, 40 e 60 dias após a cirurgia.
Resultados: Na avaliação histomorfológica observou‐se, nos períodos iniciais, a presença de tecido conjuntivo fibroso preenchendo toda área central do defeito, em todos os grupos. Os defeitos preenchidos com biomaterial apresentaram tecido reacional com as partículas envolvidas por células inflamatórias. Aos 60 dias, em todos os grupos, ocorreu pequena neoformação óssea. Na análise histomorfométrica, observou‐se maior percentual de formação óssea nos grupos que consumiram água comparativamente aos que consumiram etanol, sendo estatisticamente significante nos períodos finais de 40 e 60 dias. Nos defeitos tratados com biomaterial, a formação óssea foi similar entre os animais alcoolizados e não alcoolizados durante todo o período experimental.
Conclusões: Conclui‐se que o betafosfato tricálcico não foi capaz de contribuir para melhorar o processo de regeneração óssea, apresentando desempenho inferior nos animais que consumiram álcool.