Objetivos: O objetivo deste estudo consistiu na caracterização da saúde oral em utentes da Associação Profissional de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental (APPACDM) com diversas patologias do foro mental.
Materiais e métodos: Realizámos um estudo‐piloto desenhado como sendo um estudo epidemiológico observacional transversal, onde avaliámos uma amostra de pacientes com diversas patologias mentais e com idades compreendidas entre os 12‐58 anos da APPACDM. Foram avaliados 138 utentes através de um exame clínico para análise do índice CPOD e índice de placa de Silness e Löe, sendo apenas incluídos 120 indivíduos. Foram distribuídos 40 questionários aos enfermeiros e auxiliares de ação direta desta associação para avaliação dos conhecimentos acerca de saúde oral, mas apenas foram recolhidas 18.
Resultados: Dos 120 indivíduos observados, 66,7% eram do género masculino e 33,3% do género feminino. A idade média foi de 31,4±10,97 anos. A amostra foi constituída por 8 (6,7%) pacientes com autismo, 11 (9,2%) com síndrome de Down, 57 (47,5%) com défice cognitivo e 44 (36,7%) com deficiência mental sem diagnóstico da patologia específica. Neste estudo observou‐se que a média de dentes cariados, perdidos e obturados foi de 8,70±6,28, em que 72 (60%) dos pacientes tinham um índice CPOD>=7. A média de dentes cariados foi de 3,70±3,79, de dentes perdidos 3,85±5,41 e de dentes obturados 1,17±1,81. Em relação ao índice de placa de Silness e Löe, 87 (72,5%) dos indivíduos observados tinham um registo de código 2 (placa visível no sulco gengival e superfície dentária).
Conclusões: Pacientes com deficiência mental necessitam maiores cuidados ao nível da saúde oral, muito devido pela sua incapacidade física para efetuar hábitos corretos de higiene oral e, na maioria dos casos, pela incompreensão intelectual absoluta do conceito em questão e do quão é importante para a sua saúde em geral. Foi possível observar, através do exame clínico realizado, um nível elevado de dentes cariados, perdidos e obturados e a presença de doença periodontal. É necessária uma maior adoção de medidas preventivas nestes pacientes desde o seu nascimento, de forma a se prevenir complicações futuras inevitáveis.