Objetivos: Interpretar a descrição microscópica de cada um dos relatórios anatomopatológicos referentes às leucoplasias diagnosticadas na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto e orientar o clínico para o potencial de transformação maligna da leucoplasia diagnosticada clinicamente.
Materiais e métodos: Foram analisados os relatórios anatomopatológicos de biópsias realizadas na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, entre 1985‐2015. Os relatórios em que as palavras «lesão leucoplásica» ou «leucoplasia» foram citadas incluíram‐se neste estudo. Obteve‐se um total de 45 casos de leucoplasias e recolheram‐se informações dos seguintes parâmetros: data de entrada, data de saída, número de exame, nome, sexo, idade, natureza da peça, informação clínica, exame requisitado, descrição macroscópica, descrição microscópica e diagnóstico.
Resultados: A prevalência de leucoplasias no período estudado foi de 4,4%. Esta lesão potencialmente maligna foi mais frequente no género masculino. A média de idades de aparecimento foi de 57 anos, no entanto, no sexo masculino foi diagnosticada mais precocemente. O local mais afetado foi a mucosa jugal. Para o diagnóstico clínico de leucoplasia vários diagnósticos histológicos foram identificados. O diagnóstico histológico de leucoqueratose foi o mais frequente (24,5%) e os de displasia moderada, displasia grave, papiloma escamoso e líquen escleroso os menos frequentes. Acantose, hiperqueratose e leucoqueratose foram as alterações mais comuns presentes nas descrições microscópicas destas lesões.
Conclusões: As descrições histológicas de leucoplasias, clinicamente semelhantes, incluem diferentes termos que se revestem de duplicidade. São usados termos histológicos diferentes, com um significado semelhante, nos relatórios anatomopatológicos, o que confunde o clínico. No caso de lesões potencialmente malignas, a comunicação entre o médico patologista e o médico dentista é essencial. A correta valorização clínica das caraterísticas histológicas das lesões potencialmente malignas passa necessariamente por uma linguagem clara, simples e padronizada.